Anos após a fracassada Revolução Surda, a filha de Lúcio é trazida ao Palácio para assumir seu lugar como Sacerdote, numa tentativa de conter a violenta guerra civil entre Surdos e Reformadores.
O problema é que mulheres não podem ser Sacerdotes, e...
- Estamos todos prontos? – Bruno prende sua máscara, liderando o grupo – Se quiserem se despedir, a hora é agora. Provavelmente não voltaremos todos vivos.
- Quem está mexendo com explosivos são vocês. – ecoa a voz distorcida de Malphas – Não me admiraria se os imbecis derrubassem o teto em cima das próprias cabeças.
- Se tudo der certo, estaremos bem longe quando aquela espelunca cair.
- Tomem cuidado, vocês três. – Lúcio também posiciona sua máscara – Camilo é perigoso, ele não vai se entregar fácil. Não esperem ele começar a atirar, sejam mais rápidas que ele.
- Pode deixar, pai.
- Eu sei que é você, Helena. Ainda não inventaram um dispositivo para disfarçar mau-caratismo.
- Só estou tentando descontrair um pouco antes de morrer!
- Aproveite que vai morrer e já se acostume a ficar calada.
- Essa eu aposto que veio de você, impostora.
- Acertou em cheio.
- Vocês duas podem se concentrar?!
Há um momento de silêncio.
- Ótimo. Estamos nos dividindo. Quando tudo acabar, vamos nos reunir sobre os cadáveres de nossos inimigos. Até a última gota de sangue!
O grito de guerra explode na máscara que deve pertencer a Malphas, seu punho esquerdo erguido em direção ao céu poente, no símbolo antigo dos Surdos.
Bruno também levanta o punho, seguido de Lúcio, Helena e Pandora, todos indistinguíveis em seus trajes Surdos. Na noite derradeira, a Ordem estava novamente formada, todos os seus membros ressoando em uníssono como um único ser, uma única força, uma única vontade indomável e inextinguível como o fogo. Estavam todos ali, Vero e Iago e seus pais, e os pais de Malphas, e os pais de Bruno, e todos os rebeldes que haviam dado a vida pela liberdade que estava mais uma vez sob ameaça.
Na última noite dos Surdos, os vivos e os mortos se reúnem para entoar o uivo bestial de suas máscaras na escuridão da madrugada:
- Até a última gota de sangue!
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