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DANIEL

Acordei eram quase 13h da tarde, apesar de ter melhorado antes de voltar pra casa, acordei com uma puta ressaca braba. Dor de cabeça pra caralho e até vontade de vomitar.

Já fui logo me tacando num banho pra dar aquele levante, ainda mais que a gata ainda tava em casa e dormindo a beça, precisava acordar a margarida pelo menos bem.

— Destruído? — Patrick riu me gastando enquanto eu saia do banheiro com a toalha enrolada na cintura.

— Tá louco. — menti, já sabia que se falasse viria sermão.

Mesmo Patrick sendo da mesma idade que eu, ele se acha no direito de se sentir o mais velho de nós dois, querendo sempre dar bronca e se achar o politicamente correto, mas de correto mesmo não tem absolutamente nada.

Não odeio o cara, a gente se dá bem em raras as vezes, mas ele sempre foi daquele tipo de irmão que te comparam. O estranho é que no caso por muito tempo eu fiz tudo certinho, estudava pra caralho, entrei pro direito, nunca fiquei de vagabundagem e ele totalmente o contrário. E mesmo assim, da-lhe comparação!

O cara vivia pro fumo, bebidas, tatuagens, porradaria pela rua, festas, mulheres, ou seja, que lógica é essa? Onde quando minha mãe era viva ele era o queridinho. Não sei. Só sei que tudo eu perdi pra ele.

— Aí, já falou com teu pai sobre aquela parada? — ele me chamou a atenção ainda no corredor eu prestes a entrar no quarto.

Franzi a sobrancelha. — Que parada?

— Porra Daniel, ele quer tirar tudo da gente e tu tá dando de mongoloide? — ele cruzou os braços. — Tu não gosta do cara? Ele ainda não é teu pai? Então po, resolve essa porra.

— Tá putinho porque vai perder a academia, é? — desgrudei da porta indo pra sala. Não precisava que Alicia escutasse drama familiar.

— Aham, e você acha que não vai perder nada não? — ele riu sarcástico me seguindo. — Filho, quem banca tudo nesse apartamento sou eu, com meu suor, você não trabalha, não faz porra nenhuma. Tá achando que só porque isso aqui é comprado que não dá despesa não? Depois tu se pergunta porque eu sempre fui mais respeitado com a família da mãe, tu sempre se fez de criança. Tu é criança.

Quis encarar ele, de tanto ódio que me dava a forma que ele falava comigo, mas eu nunca ia conseguir nada enfrentando ele.

— Jae. — ignorei tudo e voltei pro quarto. Ele que não viesse atrás de mim.

Fechei a porta atrás de mim e suspirei. Quanta dor de cabeça que me dava tocar nesses assuntos!

— Tá tudo bem!? — escutei a voz sonolenta de Alicia me chamando da cama.

Me virei estampando um sorriso. — Tá sim, relaxa. Dormiu bem?

— Dormi sim. — ela retribuiu o sorriso. — Foi mal acordar tão tarde assim.

— Que isso, tem nada não, acordei agora também. Até queria preparar um café daora pra você na cama, mas tava morgadão.

— Ah, é? — ela contraiu os olhos com um sorriso malicioso de lado. — Na cama?

— Você não merece menos que isso. — andei por cima dela na cama a enchendo de beijo no pescoço.

A verdade é que eu já era meio bobão com parada de mulher, Alicia veio pra deixar tudo pior. Ou melhor. Eu só sei que já estava começando a sentir coisas a mais pela mina, e nem sei se isso é bom pra mim.

Apesar dela ser legal pra caralho, uma mina super gente boa e alto astral, não sei se ela quer a mesma coisa que eu.

— Tô gostando desse carinho todo não, quer o que? — ela disse acariciando meu cabelo enquanto eu cheirava o pescoço dela.

— Que isso, não gosta de carinho? — olhei pra ela o encarando.

— Tanto assim vindo de homem é de se estranhar. — ela falou séria.

— Que ex filho da puta foi esse na tua vida? — me joguei pra deitar ao lado dela.

Eu ainda tava de toalha, todo a vontade.

— Foi filho da puta demais, pode acreditar. — ela riu fraco virando pra mim.

— Fica retraída assim comigo não cara, jamais vou ser babaca com você. Papo sério mesmo.

— Eu sei, é que...

— É que nada, fica tranquila. — selei os lábios dela.

Começamos um beijo lento e eu voltei a subir por cima dela. Ela parecia só querer confiar em alguém, e isso era fácil de ter de mim.

— Ó, vou pedir uma quentinha pra gente, ta? — separei do beijo.

Por mais que eu quisesse mais, bem mais, eu não queria assustar ela, ainda mais depois disso.

Ela assentiu e se sentou na cama pra mexer no celular. Peguei uma roupa e fui me trocar no banheiro, pra minha sorte o Patrick não estava mais em casa.

Alicia tomou um banho enquanto a quentinha não chegava, comemos juntos, nos pegamos um pouco e depois ela foi embora.

Hoje eu tinha que conversar com meu pai, dar um rolê com Vinicius que ele tinha me chamado e ela disse que ficaria com a amiga um pouco.

— Fala aí. — cumprimentei meu pai assim que cheguei no escritório dele.

— Oi filho, como estão as coisas? — perguntou se ajeitando na cadeira.

— Tudo indo bem mal. Qual foi da tua cara? — puxei a cadeira pra eu sentar.

— Isso são maneiras de falar, Daniel? — ele levantou a voz e eu revirei os olhos.

— Por que você quer tirar tudo da gente, pai? Fiquei do teu lado esse tempo todo pra você me decepcionar desse jeito? — ignorei o esporro.

— Da gente não, do Patrick. Você ainda acha que teu irmão merece alguma coisa?

— Pai, mas é nosso. Meus avós deixaram isso pra gente, minha mãe. — falei mais baixo. Eu odiava tocar nesse assunto.

— Tua mãe? Aquela que te abandonou? — ele riu debochado. — A ingrata? Que largou todos nós? Eu me casei com ela, Daniel. — ele bateu na mesa.
Sempre surtava ao falar desse assunto e eu nunca entendi, aliás, quem deveria surtar mais era eu e meu irmão, que perdemos a mãe. — Tudo aquilo é meu também. Meu. Teus avós não valem nada, nunca valeram, assim como teu irmão, agora eu vou tirar dele.

— E não tem motivo pros meus avós não gostarem de você? Porque eu não entendo. — se eu não fosse o que tem calma na conversa, viraria uma guerra assim como o Patrick.

— Ahh, tô cansado de tocar nesse assunto com você. As vezes teu irmão parece mais sábio, sabia? É até difícil de acreditar que você que seguiu meu caminho. — ele revirou os olhos e eu engoli a seco. — Seus avós sempre foram podres de rico, nunca aceitaram alguém com mais poder que eles, sempre ganharam dinheiro fácil, herança, daí tua mãe me conheceu, um cara estudado, que correu atrás da carreira, advogado conhecido... — e parou pra fungar. — Eles não aguentaram.

— Hum, e por isso você vai arrancar o que é nosso por direito? — tornei a perguntar.

— Daniel! — ele bateu na mesa e se levantou contornando ela e vindo na minha direção. Me acanhei na cadeira. — Eu não vou tirar nada seu, vou pegar o que é meu. — me puxou pela nuca.

Olhei no fundo do olho dele com medo. Eu me perguntava se ele era mesmo o monstro que o resto falava, só que me recusava a acreditar. Ele continuava fungando enquanto eu o olhava.

Me soltei dele e sai andando. Eu não queria mais discutir esse assunto, que o Patrick resolvesse. Precisava de uma droga boa com Vinicius pra esquecer tanta merda da minha vida.

Era uma vez, AliWhere stories live. Discover now