88

1.4K 256 150
                                    

Durante o caminho fui deixando todo mundo que interessava a par da situação. Patrick me avisou que não poderia ter muita gente no hospital, então só iríamos nós mesmo.

Laura não dava um pio, só dirigia com atenção completa no trânsito e parecia estar muito tensa. Eu por outro lado estava segurando muito pra não abrir o berreiro, era inevitável não sentir culpa.

Eu não fazia ideia de como e porquê ele tinha feito isso, se eu fui burra de idealizar ele de outro jeito, porque o Daniel que eu imaginava jamais faria algo desse tipo.

Chegamos no hospital e Laura foi direto na recepção falar e eu corri pro abraço do Patrick que se levantou ao me ver chegar.

— O médico falou alguma coisa? — perguntei.

— Não, só correu com ele pra emergência. — ele disse. Seu rosto estava vermelho de tanto chorar. — Alicia, ele vai morrer?

Eu segurei o rosto dele com força prendendo o choro. — Não, o Daniel é mais forte do que isso.

— Ele não fazia isso, Ali, não fazia. — ele disse deixando mais lágrimas escorrerem.

— Eu sei. — puxei ele pra um abraço que começou a chorar no meu ombro.

Foi incontrolável e eu comecei a chorar junto. Lembrar dele naquele estado jogado no chão era aterrorizante, tentei me tranquilizar pensando em cenas piores que aquela em caso de overdose, mas não era justo comparar.

— Quem foi que deu isso a ele? — Laura voltou da recepção.

Nós nos afastamos, eu funguei tentando desentupir meu nariz e ele limpou o choro.

— Foi um babaca aí, que ódio. Eu vou matar esse cara. — ele disse rangendo os dentes.

— E eu vou junto. — ela disse. — Eu sei que vocês devem estar estranhando, mas eu e Daniel estávamos nos dando muito bem e eu sentia que ele tava começando a agir melhor com tudo que aconteceu com vocês.

Eu arqueei minha sobrancelha.

— É, ele me contou. Enfim, isso foi uma surpresa muito grande pra mim. — desabafou.

— Gente, o que importa agora é que ele fique bem e ele vai ficar. — disse confiante. — Obrigada Laura por estar aqui, com certeza é de pessoas assim que ele precisa do lado dele, não do Vinicius.

— Por isso que eu vou matar ele. — Patrick dizia ainda com sangue nos olhos.

Eu não concordava com essas palavras, mas ele tinha licença poética pra dizê-las pela forma como Daniel estava e eu não ia importunar a mente dele com sermões nesse momento.

Puxei ele pra sentar do meu lado e ficamos esperando com as mãos dadas passando força um pro outro. Laura não saia do celular.

— Sarah tá doida pra vir pra cá, tá muito preocupada. — ela contou pra gente.

— Deixa ela vir, é família. Não tem como eles expulsarem. — Patrick falou.

Ela assentiu colocando o telefone no ouvido e comecei a rezar, tudo que eu queria era uma boa notícia, que o médico viesse e dissesse que tudo correu bem e foi isso que pedi ao meu pai, que o abençoasse lá de cima.

A porta da ala da emergência se abriu com um médico e nós ficamos sentados pra ver se era o que a gente esperava ou se era de outra pessoa.

Era uma vez, AliOnde as histórias ganham vida. Descobre agora