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ALICIA

Eu não sei nem o que eu fui fazer naquele bar. Quando Phelipe meteu o pé, nós ficamos mais meia horinha e fomos pra casa, só Jade que ficou por lá com o ex dela.

Recusei um filmezinho com Duda e Matheus, tomei um banho e fui pro meu quarto pensar um pouco. Eu precisava retomar a Alicia que antes eu era, acabei absorvendo problemas demais dos outros, coisa que eu nunca tinha feito.

Também decidi que amanhã colocaria uns pingos nos i's, como pedir desculpas pela emoção com Patrick e voltar com minha atenção voltada a ele apenas como um chefe, sem querer saber de nada a mais, e quem sabe, poder continuar normalmente pegando Daniel sem me envolver com sua vida pessoal, se ele é ou não revoltado e etc.

Nunca me importei com nada a não ser minha felicidade, só curtia, então eu precisava voltar a isso.

— Ali!? — Matheus bateu no quarto e abriu uma brecha da porta.

— Oii, entra aí. — mandei sentando na cama pra dar espaço pra ele sentar. — Duda dormiu?

Ele assentiu. — To com saudade de conversar com você, imaginei sua vinda pra cá totalmente diferente do que tá sendo.

— Como assim? — franzi a sobrancelha.

— Ah, sei lá, parece que a gente se afastou. — ele disse chateado.

— Para, Matheus! — dei um chute no joelho dele. — Nos afastamos nada, é que as coisas foram acontecendo rápido, fui conhecendo novas pessoas, mas você vai ser sempre meu melhor amigo.

— Sim, eu sei. Eu entendo bem como é se mudar pro Rio de Janeiro. — ele riu fraco. — É engraçado que São Paulo sempre foi agitado também, mas éramos diferentes.

— Bem diferentes... — balancei a cabeça positivamente. — Como tá você e a Duda?

— Você sabe, nada como antes. Eu sei que ela tá tentando demais, mas eu tô meio abalado com tudo, acho que caí na real que eu estraguei a porra toda e agora não tem mais jeito.

— Tem jeito sim. — falei séria. — Se ela tá tentando mesmo com você tendo cagado tudo, por que você não pode tentar? — coloquei a perna em cima dele.

Só agia na intimidade assim com o Matheus porque sabia que a Duda não se importava e entendia o quanto éramos melhores amigos, mas se ela não entendesse, óbvio que eu respeitaria.

— Eu to tentando, Ali, mas é foda. — ele fez careta. — Enfim, chega de falar disso, e você? Como tá indo com Daniel... ou sei lá, Patrick? — ele fez cosquinha no meu pé.

Comecei a gargalhar e puxei o pé de volta retomando o fôlego. — Tá tudo bem, ok seu chato? Continuo ficando com Daniel e o Patrick é meu chefe.

— Só chefe? — ele me olhou desconfiado.

— Só chefe. — afirmei.

— Então tá bom dona Alicia, vou dormir que eu tô cansado. — ele bateu na minha perna tirando ela de cima dele, deu um beijo na minha bochecha e foi até a porta.

— Te amo, Theu. — falei com meu melhor sorriso.

— Te amo, Ali. — ele sorriu de volta abrindo a porta. — Vê se não se afasta de mim, viu?

— Jamais, garoto. — taquei uma almofada na porta.

Fiquei pensando na nossa conversa, na relação dele com a Duda, no "só chefe", na Jade com esse ex que surgiu do nada, no Phelipe diferente e no Daniel, mas depois percebi que eu não tenho vocação pra ser assim, me preocupando e me chateando com os problemas dos outros.

Era uma vez, AliWhere stories live. Discover now