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esse capítulo terá participação de outra história chamada "coincidências", corre no perfil e leia já!

— Quando eu era criança ele era daqueles pais de filme, que colocava o filho na cama e que contava histórias de ninar e quando não eram histórias, era carinho, um beijo na testa ou até uma musiquinha. Sempre me achei a menina mais sortuda do meu bairro, eu não era tão ambiciosa pra pensar que eu era a menina mais sortuda do mundo, mas sinceramente? Eu era. Além disso, ele e a minha mãe era o típico casal perfeito na minha visão, os dois se ajudavam em tudo, ela sempre trabalhou muito como enfermeira e ele cuidava de mim e quando ela estava livre, nós saíamos os três juntos por aí. Que criança feliz eu era, Patrick! — suspirei com um sorriso no rosto.

— Por isso você é tão maravilhosa. — ele acariciou minha bochecha.

— Ele me dizia pra ser sempre feliz, valorizar a vida e o que ela me dá e por isso eu sou assim. — disse grata. — Eu sei que foi diferente pra você e eu espero poder te proporcionar o mínimo de felicidade me proporcionaram.

— Os poucos dias que eu passei contigo já me proporcionaram isso. — ele balançou a cabeça positivamente. — Espero que do meu jeito ou de um jeito melhorado eu te traga isso também. — ele disse com um sorriso desastrado.

— Já traz. — sorri pra ele.

— Ele teve câncer, né? — perguntou envergonhado.

Podia ser pesado pra se perguntar, mas eu entendia a curiosidade dele de querer saber até porque eu mesma fiz muita questão de entender a história de vida dele.

— Sim. — assenti. — Eu fiquei revoltada na época, ele sempre se cuidou muito, muito. Meu tio era o maior fumante da face da terra e meu pai brigava muito com ele por isso, e do nada, pum, um câncer de pulmão.

— Ele era? — perguntou curioso.

— Quando meu pai faleceu ele parou. — expliquei. — Enfim, eu achei a vida uma farsa, culpei o mundo todo por isso, afinal, meu pai que se cuidava tanto foi logo o que apareceu com câncer? E no pulmão? Foi um choque, mas ele me ensinou a perseverar.

Ele assentiu pensativo olhando pro nada. Não tinha mais o que eu falar, então ficamos no silêncio.

— E por isso você odeia tanto o cigarro, essas coisas, certo? — perguntou. Eu balancei a cabeça positivamente.

Ele assentiu de novo, me olhou, levantou e foi até o quarto. Fiquei com a sobrancelha franzida até ele voltar com mil maços de cigarro na mão.

— Que isso? — perguntei assustada.

— Tô me sentindo um babaca com isso, vou jogar tudo fora. — ele disse indo até a porta de casa.

— Não, pera. — levantei rindo. — Você não precisa fazer isso, são escolhas, eu que passei por isso.

— Então, eu tô escolhendo isso, sua história me fez escolher. — ele disse decidido e foi até o corredor no lixo.

Eu fiquei rindo sozinha desse menino, era cada uma. Mas eu fiquei feliz e te falar, aliviada. Eu morria de medo que isso acontecesse com alguém próximo a mim de novo.

Ele voltou do corredor e me abraçou de volta, me apertando da mesma forma como antes, parecia estar mais sentido do que eu mesma com a história.

Acordei no domingo com o barulho do Patrick saindo da cama, dei aquela espreguiçada confusa e olhei pra ele sentado na cama calçando o tênis.

— Não queria te acordar. — ele disse fazendo carinho na minha bunda por cima da coberta.

Era uma vez, AliOnde as histórias ganham vida. Descobre agora