101

1.7K 277 229
                                    

MARATONA 4/4

Hoje finalmente era o dia do espetáculo e não tinha nada pra me tirar do sério. Tomei café da manhã com Daniel e Laura, sai pro ensaio geral e depois fui pra casa pra descansar e depois me arrumar.

Como meus amigos estavam no trabalho, pude colocar um som - alto o bastante pra poder fazer meu próprio show mas nem tão alto pra não levar multa de um apê que nem é meu direito - pra dançar enquanto me arrumo.

Como tinham diversos figurinos, coloquei tudo dentro de uma malinha e no corpo uma roupa confortável, mas estilosa pra chegar. Peguei um uber pro teatro onde aconteceria e lá já estavam inúmeras professoras e o pessoal da produção.

— Oi amor! — abracei Patrick. — Veio com quem?

— Sarah. — ele disse e eu assenti. — Sophia já está no camarim se arrumando, tem que ver, tô apaixonado.

— Já? — olhei no relógio. Tinha chegado cedo pra ajudar o pessoal a marcar o palco, ajudar na separação das cadeiras para as famílias.

— Disse Sarah que ela estava ansiosa demais pra esperar, aí como eu tinha que vir antes, Sarah aproveitou. — ele contou.

— Ah simm, que fofinha. Daqui a pouco vou lá ver ela. — sorri. — Nem te vi ontem nem hoje de manhã.

— Claro, cheguei e vocês duas estavam dormindo que nem dois anjinhos, não quis acordar e hoje você fugiu cedo de casa.

— Até parece, eu tomei café da manhã com seu irmão e Laura, que aliás, eles virão, né!? — perguntei e ele assentiu. — Então... você acorda tarde e como você tava dormindo que nem anjo eu não quis te acordar.

— Espertinha pra caralho, hein. — ele mordeu o lábio rindo de eu argumentar com o argumento dele.

Eu balancei a cabeça positivamente.

— Vou passar lá no figurino pra falar com elas e vou ajudar o pessoal. — avisei

— Vai lá, tenho que trocar ideia com Alana também sobre um problema financeiro que tá dando com o pessoal da iluminação.

— Que problema, Patrick? — cruzei os braços preocupada.

— Nada garota, vai lá que eu vou resolver. — ele disse.

Fiz cara de brava, mas depois mandei um beijo no ar, peguei minha mala e subi pras salas onde iria rolar as trocas de roupa, maquiagem, fotos... enfim.

— Oi oi oi, já chegaram? — dei três batidinhas não porta e Sophia já foi logo abrindo o sorriso no rosto. Como eu amava.

— Ih menina, essa daqui aguenta de ansiedade? — Sarah disse balançando a cabeça negativamente.

— Aguenta nada, né!? — ri parando do lado delas onde Sarah a maquiava. — E o Henrique? Ficou com quem? Tá tão bebezinho, ele tá lindo, Sarah.

— Deixei com o pai, tirei leite e ele que cuide, mais tarde eles vão vir. — ela contou dando de ombros.

— Vai vir a família toda? — perguntei.

— Vai sim, já viu eu sem aquela cambada, Ali? É difícil, são amigos/irmãos, complicado. — ela falou rindo de nervoso.

— Realmente... mas assim que é bom. — falei e ela assentiu. — Então tá, vou pros meus deveres.

— Titia, você vai dançar comigo? — Sophia perguntou.

— Lembra que eu te falei que duas meninas mais velhas vão ficar no canto e na frente de vocês dançando pra vocês não se perderem? — ela assentiu. — Vai ser isso, mas vou estar te olhando da coxia.

— Tá bom, titia. — ela disse sorrindo.

Eu dei um beijo na testa dela e sai.

O tema do espetáculo escolhido por Sophia foi "um mundo mais colorido" sim, era clichê, mas vê se eu não amei? Amei tanto que meus amigos duvidaram muito que não tinha sido eu mesma que escolhi, só Sophia que me salvou contando.

Estava tudo maravilhoso. Patrick investiu um dinheiro bom com a dona da outra academia e contrataram tudo do bom e do melhor. O teatro estava super colorido, o telão que ficaria atrás das meninas dançando só passava coisa legal e eu estava muito feliz.

Eu queria muito mais muito que Duda, Matheus e minha mãe tivessem aqui, mas cada um tinha sua vida, cada um tinha seus afazeres, eles com a lua de mel e minha mãe presa como enfermeira, era complicado demais.

As famílias começaram a chegar, cada canto do lugar estava cheio, a cantina onde uns aguardavam dar o horário pra começar, outros já estavam sentados no teatro, as meninas pelos camarins e eu e Alana organizando na sala atrás do palco as meninas de acordo com a ordem de cada dança.

Deu o horário do espetáculo, vigiei e todos os nossos amigos e a família da Sarah estavam lá, nas primeiras fileiras: José, Bené, Livia, Jade, Phelipe, Daniel, Laura e Luís.

As primeiras danças foram um sucesso, as da Sophia era gritaria, assobio, palmas, uma loucura, até porque Sophia chamava a atenção mesmo de tão fofa e porque mandava bem na dança mesmo pequenina.

Meu coração começou a acelerar e minha barriga revirar quando foi chegando a hora da minha dança com o Patrick. Ninguém sabia que ele dançaria, seria surpresa e o medo de gastarem, ele se emputecer e sair do palco tava grande.

— Parabéns Sophia, você tava linda! — eu disse quando a dança dela acabou e ela correu pra coxia me abraçar.

— Sério? — ela perguntou animada.

— Claro, você não viu a plateia?

— Sim. — ela riu e saiu correndo atrás das amiguinhas pra sala atrás do palco.

A próxima dança era nossa. O palco se apagou, as cortinas se fecharam. Eu tirei a saia que tampava meu figurino ali na coxia mesmo e dei pra Alana. Olhei no relógio e nada do Patrick. Faltavam dois minutos.

— Meu Deus amiga, eu acho que ele não vai vir. — disse preocupada pra Alana.

— Vai sim, Ali. Ele não faria isso. — ela disse tentando me acalmar.

— Foi eu que forcei demais, não devia. — balancei a cabeça negativamente.

— Calma, se ele não chegar, eu danço com você e fim. Ninguém sabia, então ninguém vai desconfiar. — ela disse e eu assenti.

A luz se tornou morna, do jeito que era nossa dançar. As cortinas se abriram e o cara da música me fez um sinal.

Respirei fundo, nada do Patrick na coxia do outro lado do palco.

— É, você vai ter que entrar comigo. — olhei pra Alana.

— Tem certeza? — ela apontou com a cabeça pro outro lado com um sorriso de canto.

Eu franzi a sobrancelha, me virei e lá estava Patrick. Dei aquela suspirada de alívio e sinalizei pro cara que podia soltar o som "thinking out loud" do Ed Sheeran.

Entrei no palco caminhando assim como ele, nós encostamos um perto do outro e viramos pra plateia, a plateia foi a loucura. Eu queria rir de verdade, mas não podia tirar o sorriso do rosto.

— Vai papai! — Sophia gritou.

Nós dançávamos completamente em sincronia com o ritmo da música, ele não tirava o olho de mim, assim como disse pra ele fazer se ficasse com muita vergonha.

Mas eu sabia que não era por isso, eu via brilho em seu olhar assim como eu tinha certeza que havia no meu olhando pra ele. Eu nunca tinha gostado tanto assim de uma pessoa, de um jeito que parecia que poderia cair o mundo, mas eu permaneceria feliz de ter alguém tão especial comigo.

Era uma vez, AliWhere stories live. Discover now