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PATRICK

— Cara, se não fosse por Livia tampando minha boca eu tinha começado a gargalhar, sem sacanagem nenhuma. — Luís contou.

Depois do espetáculo, o teatro estava uma bagunça, mães tirando foto com os filhos pra lá e pra cá, arrumando bolsa em camarim, famílias relembrando a dança, parabenizando as crianças.

Eu me reuni com o pessoal na cantina enquanto Alicia terminava de ajudar Sarah com Sophia, já que Sophia também tinha o pequeno pra cuidar. Então estavam lá, Jade, Phelipe e Alicia ajudando a família deles a tirar foto.

— Já não basta eu estar morrendo de vergonha lá em cima, tu ia me fazer pagar esse mico? — perguntei.

— Filho, não dava pra segurar. — ele falou.

— Quando vocês se viraram e a gente viu que era você, foi um choque. — Livia disse.

— Quando que Patrick ia dançar ballet em um espetáculo, gente? — José riu.

— Pra tu ver como mulher muda o homem. — Bené disse.

— Essa mulher tem nome e sobrenome: Alicia Ferraz. — Livia falou. — Ela tem poderes!

— É mermo, que até tu se apaixonou quando ela chegou lá na academia. — Luís disse pra ela.

— Os únicos que não, foi eu, você e Bené. — José falou.

— Nem eu. — Daniel deu de ombros.

— Ahhh não!? — Laura cruzou os braços pra ele. — Tu foi caidinho pela Alicia e não foi pouco não, bebê. Até eu sei.

— Realmente não pega bem você mentir assim na cara dura, irmão. — ri. — Mas vamos falar da minha mina que isso não é papo.

— Foi só falar na peça...

Quando me virei, Alicia vinha com a malinha dela e Jade e Phelipe ao lado.

Eu estava sentado numa mesa com os pés no banco, ela me abraçou de lado e encostou a mala na mesa.

— E aí? Gostaram de ver meu mozão dançar? — ela disse rindo beijando minha bochecha.

— Estávamos falando disso agora. — Livia contou.

— De que ele foi perfeito? — ela perguntou.

— Não, de que ele pagou muito mico. — José disse.

— Ahhh qual é? — falei.

— Coitado, até que você dançou mais ou menos bem. — Jade disse.

— Mais pra menos. — Phelipe brincou.

— Vocês são fodas! — eu ri.

— Pra mim ele foi incrível. Vamos mais vezes? — Alicia perguntou me olhando e acariciando meu cabelo.

Dei aquela assentida básica com um fundo forte de
mentira e um sorriso bem falso e ela se animou.

Pra falar a verdade, eu odiei dançar. Eu odiei a sensação de estar num palco movimentando meu corpo ao som de uma música romântica na frente de um plateia cheia de mãe de alunos da minha academia e amigos.

Mas eu amei ver tão de perto Alicia se libertar por meio da dança. Não que ela não fosse livre, isso ela era e muito, mas foi de um jeito diferente. Mesmo que o sorriso dela fosse lindo de qualquer jeito, ali, dançando, era ainda mais. Dava pra sentir o amor dela de fazer aquilo ali, de se ligar com o corpo, de se mostrar e de interagir com a música.

O pessoal continuou a conversa, mas eu só conseguia prestar atenção nela enquanto ela ainda mexia no meu cabelo. No seu falar, no olhar, nos mil sorrisos que ela dava durante a conversar. Maluco, eu era muito apaixonado!

— Vamos!? — ela falou mais alto me olhando. Eu sai do transe.

— Ah, vamos, vamos. — eu ri voltando pro mundo real.

— Tá distraído. — ela riu.

— Pensando na vergonha que passou hoje. — Daniel disse.

— Vocês só me humilham. — balancei a cabeça negativamente.

— Que nada, você foi perfeito. Tava igual uma pena em cima do palco. — Bené disse com a voz afetada e eu mandei dedo do meio. 

Desci da mesa e fomos nos ajeitando pra partir. Só iríamos eu, Phelipe, Jade e Ali comer alguma coisa e tomar um chopp no outback enquanto o resto dos bonitos iriam pra balada em plena quarta como despedida pro Daniel que voltaria pra Sampa.

Cheguei no restaurante com aquela fome grotesca pedindo aquela costela top com barbecue e as meninas pediram hambúrguer + chopp.

— Amiga, sério, você tá de parabéns, ficou tudo muito lindo e mágico. — Jade disse pra ela.

— Não ficou!? Eu amei demais, na dança de encerramento eu me emocionei inclusive. — ela falou.

— Porra, Sophia é muito fofa, maluco. Dança tão direitinho, pra mim ela era a principal de todas as danças. — Phelipe falou.

— Filha de quem né, meu irmão? — me gabei.

— Sua que não deveria ser. — ele brincou.

— Aí, queria que Duda e Matheus tivessem visto. — Alicia fez beicinho.

— Em falar neles, viu o fotão no mar que eles postaram? Foda demais. — falei.

— Nem vi, fiquei o dia todo ocupada. Vou ver agora. — ela pegou o celular.

Peguei o meu também, rolei o feed e encontrei a foto pra mostrar pra eles.

Ficamos conversando sobre a beleza de Fernando de Noronha que a gente via pelos story's dos dois e depois os dois inventaram de ir ao banheiro.

— Nem disfarçar sabem. — Alicia riu.

Franzi a sobrancelha.

— Eles tem uma historinha que inventam de transar em todos os restaurantes que vão, no banheiro lógico. — ela contou.

— Bem a cara mesmo. — ri.

Ela assentiu e começou a mexer no celular. Fiquei a observando, meu Deus, como eu merecia alguém tão perfeita assim?

— Que foi? — ela perguntou ao perceber que eu estava a encarando.

— Não posso te olhar? — arqueei a sobrancelha.

— Poder pode meu amor, mas por que tá me olhando assim sorrindo? — ela riu sem graça largando o telefone na mesa.

— Porque eu te amo. — falei.

— Também te amo demais. — ela entrelaçou os braços no meu pescoço e selou meus lábios.

— Nem sei como eu consegui fazer com que você gostasse de mim, tu toda maneira, feliz e eu chato pra caralho. — disse.

— Ihhh, não vem com esse complexo de inferioridade pra mim não. — ela falou se afastando. — Eu te amei exatamente porque você é um chato do cacete, fazer o que?

— Babaquinha. — ri dando um beijo no nariz dela.

Era uma vez, AliWhere stories live. Discover now