Era uma vez, Ali

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ALICIA

Se eu estava em choque, imagina os dois. A mulher não dava um pio, permanecia calada olhando para os dois enquanto Daniel estava pálido e Patrick sério como eu nunca vi antes. E olha que ele era sério o tempo todo na vida dele.

— Você.. você tá viva? — Daniel gaguejou se levantando da cadeira e parando na frente dela. Ele colocou a mão em seu cabelo a admirando.

Me veio até um pouco de lágrima nos olhos pelo momento, até porque eu era super sensível.

— Ali!? — Sarah sussurrou estendendo a mão pra mim e eu entendi que era pra deixar eles a sós.

Balancei a cabeça positivamente entendendo, segurei na mão dela e me levantei saindo com ela do escritório.

Nós duas estávamos super ansiosas, eu encostada na parede batucando a perna e ela andando de um lado pro outro. E com isso fiquei a observando.

Sarah parecia ser uma mulher tão maravilhosa, e realmente era. Eu sempre achei incrível mesmo não expondo, a relação que ela e Patrick tinham e levavam como amigos e pais da mesma filha.

Ela o apoiando, o incentivando, o acalmando, me fazia pensar que o amor ainda tinha salvação. Porque eles até poderiam me dizer que só existia amizade entre os dois, mas eu acreditava que era amor, amor de amigo, mas amor.

Se eu não quisesse ele pra mim, eu até poderia querer com todas as minhas forças eles juntos. Sabia que Sarah - mesmo sem nunca ter visto - o acalmaria como ninguém e que Patrick amaria a Sarah como talvez nem o marido dela a ame.

— Aí, tô nervosa! — ela disse parando e roendo as unhas.

Eu sorri pra ela e a abracei. Por não ter retribuído de início, eu sabia que ela estava surpresa, mas depois soltou um suspiro e envolveu com seus braços o meu corpo.

A porta se abriu com Laura e a mãe dos dois saindo, a mulher estava séria e Laura se virou com uma careta pra Sarah que já ficou nervosa.

Não deu nem dois segundos e quando eu ia entrar, Patrick saiu bufando e vermelho de raiva da sala.

— O que aconteceu? Você tá bem? — fui atrás dele preocupada.

— Agora não, Alicia! — ele se virou pra mim nervoso.

Eu fiquei o encarando tentando entender o porquê dele estar me tratando assim e também um pouco furiosa. Eu estava ali pra apoiar ele e não pra ser recebida assim.

Ele deu de ombros pra minha cara e saiu andando de volta pra parte das lutas. Só sabia fazer isso.

— Desculpa! — Sarah sussurrou pra mim e foi correndo atrás dele.

Eu estava com raiva, não triste, e sim com raiva. Bufei e me virei pra ir até o escritório pegar minha bolsa no sofá e ir embora.

Dei de cara com Daniel chorando, assim que ele me viu, ele me abraçou com uma força anormal. Quis até sinalizar ele que ele tava me apertando demais, mas os soluços soando no meu ouvido e sua cabeça enterrada no meu ombro não me deixou interrompê-lo.

Era assim que Patrick deveria ser ou que pelo menos eu queria que ele fosse. Daniel me tratava tão bem, mesmo depois de eu ter sido babaca com ele, ele ainda "cuidava" de mim com carinho.

— Eu não sabia, eu não sabia. — ele gaguejou em meio aos soluços quando se afastou de mim. — Eu não sabia que ele maltratava ela, que ele fazia isso tudo, que ele era um cara ruim. Eu achava que era só meu pai, Alicia, eu não queria ficar do lado errado.

— Calma, se acalma! — pedi segurando os braços dele. — A culpa não é sua, você não sabia e tá tudo bem, ok? Eu tenho certeza que se soubesse você não ficaria perto dele.