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JADE

Nossa vida estava muito esquisita com apenas três dias sem Alicia. Óbvio que nós nos falávamos, mas ninguém sabia o motivo pelo qual ela viajou, exceto Matheus que não contava de jeito nenhum pra nenhum de nós.

Mas a vida seguia e eu pelo menos estava cada vez mais realizada no meu trabalho. Sônia, minha chefe, me ensinava muito sobre dramaturgia e ainda tava fazendo um puta de um esforço pra realizar meu sonho de publicar um livro.

— Vem cá, Jade! — ela me chamou do estúdio. Ao lado dela tinha um cara alto, loiro, forte, com uma puta cara de empresário. — Esse aqui é o Marcelo, dono daquela editora UFA que eu te falei.

Abri a boca surpresa, larguei as pastas que estavam no meu colo de lado e estiquei minha mão ansiosamente pra ele.

— Prazer, Marcelo! Me chamo Jade. — disse com meu melhor sorriso.

— Prazer, Jade! — ele apertou minha mão sorrindo de volta. — Eu li seu livro.

— Já? — eu arregalei os olhos olhando pra Sônia que me mandou uma piscadela. Ela era demais. — E o que... e o que você achou?

— Hum... — ele fez suspense com a feição neutra. O nervosismo tava grande. — Excelente.

— Ufa! — suspirei aliviada e eles riram com a referência a editora. — Sério mesmo?

— Com certeza. Ótima visão, interpretação de mundo, excelente carisma demonstrado em letras e obviamente, uma maravilhosa escrita. — ele disse.

— Que maravilhoso! — ri animada.

— Viu, Jade? Eu não disse que você era boa? — Sônia me abraçou de lado.

— Tão boa que eu quero trabalhar com você pra ontem, precisamos agir na publicação do seu livro. — ele falou e eu arregalei os olhos novamente.

— Que? Mentira? — disse surpresa.

— Ah não Marcelo, você já quer tirar minha menina de mim? — Sônia cruzou os braços.

— É por uma boa causa, minha amiga. — ele pegou na mão dela. — Mas assim Jade, nós viajamos amanhã.

— Amanhã? — fiz careta.

— É que eu acredito que seu livro vai ser coisa grande e requer mais preparo, a UFA fica em Nova York e de lá acredito que será melhor.

— Nova York? — repeti assustada. Ele assentiu sério.

Interrompendo o momento, outro aspecto além da minha carreira que também estava funcionando muito bem era meu relacionamento. Pela primeira vez na vida, eu gostar de alguém deu certo.

Nós estávamos cada vez mais próximos, íntimos, nos divertíamos juntos a todo custo e era especial demais pra mim estar com ele, mas eu não podia desperdiçar a chance da minha vida.

— Algum problema pra você? — perguntou.

— Não, não, eu topo. — respondi impulsivamente.

— Perfeito! — falou entusiasmado. — Minha assistente irá entrar em contato com você por questões burocráticas e te explicar tudo.

Assenti. — Mas também só topo se não for prejudicar a Sônia.

— Claro que não minha querida, não te ajudei atoa, seu pai ficará muito orgulhoso de você. — sorriu pra mim acariciando meu cabelo. — Voa!

Sônia acertou comigo documentos de demissão e depois me liberou mais cedo pois não era mais preciso da minha pessoa, claro, e também tinha assuntos a tratar com Marcelo.

Agora essa era a parte chata, o que eu faria com o meu relacionamento e qual seria a reação de Phelipe?

Cheguei em casa no medo e aflição, ele não estava de plantão, então assim que cheguei dei de cara com ele no sofá mexendo no celular.

— Chegou cedo hoje? — perguntou sorrindo deixando o celular de lado. — Ainda bem, tava com saudade de você.

Eu ri fraco e sentei ao lado dele. — Já saudades?

— Claro, quando eu tô de plantão inclusive fico cheio de saudade. — ele disse e me agarrou me enchendo de beijos.

— Preciso te contar uma coisa. — disse em meio aos beijos.

Ele me soltou, se ajeitou no sofá, desmanchou o sorriso animado e me deu atenção.

— Recebi uma proposta para publicar o meu livro. — contei em partes.

— Que ótimo, amor! — ele me abraçou de volta e beijou meu pescoço.

— Em Nova York! — ele se afastou de novo e me olhou franzindo a sobrancelha. — E eu aceitei.

— Peraí, como assim Jade? — ele ajeitou a postura sério. — Quando isso?

— Amanhã. — falei fechando os olhos e fazendo careta. Eu não queria nem ver a reação dele.

— Que isso Jade, e a gente? — ele se levantou puto.

— Ué amor, a gente vai continuar juntos. — disse tentando acalma-lo.

— Como se eu não posso ir junto? Eu tô no emprego dos meus sonhos. — ele disse.

— E eu vou pro meu. — continuei sentada. Era muito óbvio que independente da reação dele eu iria, só dependeria dele querer ficar comigo ou não.

— E você nem pensou em nós dois, né? No nosso relacionamento..

— Na verdade, não. — ele riu sarcástico. — Mas porque eu achei que não afetaria em nada.

— Ah não? E o que você sugere? — ele cruzou os braços.

— Eu quero continuar com você, Phelipe. — levantei parando na frente dele. — E também quero realizar esse sonho. Eu espero que você queira fazer parte dessa loucura comigo, mesmo que signifique que fiquemos um tempo longe, e se você não quiser... infelizmente eu não posso abrir mão do que eu sempre sonhei.

— E por quanto tempo você vai ficar lá?

— Ainda não sei, a mulher vai entrar em contato comigo daqui a pouco, eu não perguntei muito.

Ele assentiu pensativo e respirando profundamente.

— Eu só sei que você é muito importante pra mim, mais do que você imagina, e que eu quero que você se arrisque comigo nesse relacionamento, mas que saiba que eu entendo se não quiser. — disse segurando as mãos dele.

— Eu preciso pensar! — ele falou se afastando. — De verdade, isso não me deixou bem, eu preciso pensar, tá?

Eu assenti. Ele pegou o celular no braço do sofá e foi pro quarto.

Infelizmente isso não era comigo. Claro que tava me doendo muito ter que deixar pra trás o que a gente viveu dependendo da escolha dele, mas pra mim era muito claro a escolha que eu deveria fazer, ainda mais que por muito tempo da minha vida priorizei relacionamentos que no fim não deram certo e eu acabei perdendo a mim mesma.

Ele não era esse caso e por isso era doloroso, só que mesmo assim, eu precisava pensar em mim.

Era uma vez, AliDove le storie prendono vita. Scoprilo ora