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Fechei o livro com um sorriso sereno e olhei pra ela. Tina estava com o rostinho todo vermelho, era difícil ver criança chorar ainda mais de um jeito tão adulto, onde você não fala nada, só deixa as lágrimas escorrerem.

Coloquei de lado na mesa e a puxei pra um abraço. Senti aquelas mãozinhas dela me fazer carinho nas costas e suspirei aliviado por Alicia ter me deixado os maiores presentes da minha vida.

— Eu tenho saudade dela. — ela se afastou e me olhou com beicinho.

— Eu também tenho, meu amor. — suspirei.

Como prometido eu nunca deixei nenhuma das duas esquecerem da mãe que tiveram. Tina dizia que se lembrava do toque dela, pra mim era confuso isso, mas vai entender como as crianças são.

Já Scarlet era mais fria, gostava quando eu falava da mãe, mas não sentia muito. Dá pra se entender também, ela não teve o mesmo contato.

— Como você sentiu que gostava dela? — ela me perguntou levando o prato até a pia da cozinha. Eu virei o banco pra lá.

Ela só tinha dez anos, mas eu sabia que absorvia tudo e entendia também. E eu me sentia tão bem ao conversar com ela, porque ela me lembrava tanto da mãe e isso me deixava muito confortável.

— No início achei que estava doente, nunca tinha gostado de alguém, então pensei "será que esses arrepios e o coração acelerado é sinal de alguma doença?" e depois que a beijei percebi que era algo que vinha quando estava com ela. — contei relembrando.

— Ela devia ser perfeita, né? Todo mundo gostava dela, até meu tio Daniel. — ela disse limpando o prato e riu.

— Com certeza ela era! — ri também balançando a cabeça positivamente.

— E como ela era comigo? — ela perguntou guardando um banquinho que ela subia pra alcançar a pia debaixo do armário da cozinha e voltou a se sentar comigo.

— Nossa senhora, ela te amava muito e ama ainda, né?! Quase nem me deixava ficar com você sozinho, além disse se orgulhava super de você ser apaixonada por mpb com meses de vida. — sorri pra ela.

— E eu ainda amo! — ela balançou as perninhas animada. — Será que ela se orgulharia de mim no ballet?

— Claro e ficaria surpresa que eu realmente consegui uma filha pra arte da luta. — disse.

— A Scar! — nós dissemos juntinhos e rimos.

Scarlet odiava ballet, odiava fazer, mas amava assistir a irmã dançar. O que ela gostava mesmo era lutar, eu era professor dela na academia, mas ela preferia aprender com o tio Leandro que pegava mais pesado com ela.

— Eu queria que ela não tivesse ido, mas eu também fiquei feliz de ver você sendo o que prometeu a ela. — ela disse e eu franzi a sobrancelha. — Você realmente se tornou a Alicia masculina, pai. Se você não tivesse me contado, eu nunca saberia que o senhor era bravo.

— E ô se era! — ri. — Mas é, eu não mudei só por ela, foi por mim e principalmente por vocês.

— Legal! Quero encontrar um namorado igual a você. — ela assentiu.

— Pra que se você não vai namorar? — cruzei os braços.

— Corta esse papo, papai. — ela desceu da cadeira. — E como tia Jade escreveu momentos que ela não estava?

Era uma vez, AliDär berättelser lever. Upptäck nu