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Acabei adormecendo no sofá junto a Daniel depois do terceiro filme assistido e quando acordei estava na cama dele, mas sem ele.

Poderia até me arrepender e ficar preocupada pela situação de dormir na casa deles, mas não ficaria, afinal, era normal. Daniel era meu amigo/ficante e não tinha problema nenhum nisso.

Dei uma espreguiçada boa, procurei meu celular pela cama e estava debaixo do meu travesseiro. Mandei aquela famosa mensagem pro Daniel de "onde você tá?" pra não ter que dar de cara com o indivíduo e em segundos ele abriu a porta.

— Meio-dia já hein, dorme muito. — ele riu.

— Pensei que já soubesse disso. — falei esfregando o olho.

— E já sei. Quer tomar um banho? Bora almoçar na rua. — ele disse sentando na ponta da cama.

— Banho sim, almoçar na rua não sei, tô ficando rica pra comer na rua toda hora não. — disse rindo de nervoso.

— Relaxa, por minha conta! — ele falou indo até o armário e jogando uma toalha pra mim. — Vai lá e a gente sai.

— Mas... — olhei de soslaio pra porta.

— Não, ele já saiu de casa pra trabalhar. — disse.

— Ok então.

Me levantei da cama e fui pro banheiro. Tomei meu banho lindo e plena, coloquei a mesma roupa e quando cheguei no quarto tinha uma blusa e uma calça em cima da cama.

— Que isso? — gritei pra ele que tava na sala.

— Roupa pra você vestir, ué. Quer não? — perguntou.

— Ah, pode ser. — ri.

A roupa era maneira mesmo, uma calça jeans que em mim ficou um bujão, mas até que estiloso. Coloquei a blusa com um pedaço pra dentro e o resto pra fora. Fui até a sala, parei na frente dele e dei uma voltinha pra me exibir.

— Porra, serviu bem em você, se quiser pode até ficar com ela. — ele disse balançando a cabeça positivamente.

— Jura? Eu amei! — olhei pra mim mesma.

— Sério, agora bora que eu tô mortinho de fome. — ele disse saltando do sofá e eu assenti.

Dei a toalha pra ele pendurar, tomei uma água e saímos de casa.

Comemos em um self-service perto do apê deles, só que um self-service diferenciado, bem chique. Fiz um pratão de comida caseira e depois engatei num macarrão ao molho branco, a bichinha aqui é cheia de fome mesmo.

— Vou ter que trabalhar hoje. — disse desanimada.

— Pensei que gostasse de lá. — ele disse enchendo o copo dele de mais coca.

— Eu gosto, mas cê sabe... tem pessoas lá que eu não quero ver. — disse. Eu tava me sentindo bem aberta pra falar com ele sobre isso.

— Você gosta mesmo dele? — perguntou com uma cara de cachorrinho sem dono.

— Não sei Dan, eu sinto algo. Quando o vejo meu coração acelera, fico nervosa e quando estamos bem é uma sensação gostosa. — disse sorrindo ao lembrar.

— Ah, então gosta. — ele fez careta. — É foda pra mim, gosto de tu pra caralho pra te perder assim pro babaca do meu irmão.

— Você não me perdeu, eu não quero nada com ele. — disse brava.

— Quem dera, mas acho que não. Acho que você ainda vai escolhê-lo. — ele disse.

— Vamo trocar de assunto? É melhor pra mim. — pedi. Realmente não queria ocupar minha mente com isso.

Ele assentiu e nós começamos a falar sobre os filmes que tínhamos visto na noite passada. Um de comédia romântica que deu no que deu, um de ação e um de terror que eu dormi no meio.

Ficamos fazendo hora no restaurante até dar o horário de irmos ao shopping. Ele tinha uma entrevista de emprego e como não estava na hora do meu trabalho, eu o acompanhei pra fazer hora.

Dei aquela avisada pra Eduarda de que eu estava com Daniel e depois iria trabalhar pra ela não ficar preocupada e saímos pra entrevista. De lá foi tranquilo, depois que terminou ele me contou como foi e demos uma volta no shopping.

— Vou pedir um uber pra você. — ele disse olhando no relógio.

— Tá doido, isso eu pago. — ri pegando o celular do meu bolso.

— Não carai, tô com um grana boa que meu pai depositou depois que falei com ele hoje no telefone, dica sua ainda. — insistiu.

— Ele te deu grana? — estranhei.

— Deu, isso tudo é pra eu ficar do lado dele, pra me bajular, daí aceitei né, sei lá o que vai acontecer com ele, vai que ele vai preso... já garanti minha grana. — ele falou e eu ri.

Então ele pediu o uber e nós ficamos esperando na porta do shopping o mesmo.

— Tô torcendo muito pra gente continuar como foi ontem e hoje, tu é muito especial, Ali. — ele disse encostando na pilastra.

— Mas nós vamos, apesar de tudo você é meu amigo. — disse sincera.

— O que você não entende é que eu sou apaixonado por você, pra caralho, não dá pra ser só amigo. — disse direto.

Seria tão mais fácil se eu correspondesse esse sentimento, só que meu coração queria o mais complicado, sempre.

Passei pra frente dele, levei minha mão encaixando em sua bochecha, me aproximei e selei nossos lábios. Não era como se eu não sentisse nada por ele, até porque o toque de nossos lábios me fazia arrepiar e eu gostava, mas não era do mesmo jeito.

Foi apenas um selinho demorado que eu sabia que envolvia sentimento, da parte dele e um carinho gigantesco da minha parte. Nos afastamos e ele me olhou com os olhos brilhando e um sorriso surpreso no rosto.

— Seu uber chegou. — ele me avisou acarinhando minha mão.

Eu assenti me virando pra entrar nele e ele segurou minha mão me puxando de volta.

Nossos corpos ficaram mais perto ainda e ele juntos nossos lábios pedindo passagem com a língua, eu simplesmente cedi.

O uber buzinou e nós nos afastamos com uma risadinha em meio ao selinho. Acenei pra ele e entrei no carro colocando o dedo na boca, sentindo de volta o toque dos nossos lábios e tentando entender o momento.

Era uma vez, AliWhere stories live. Discover now