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DANIEL

Noite passada realmente mexeu comigo. Patrick sentou pra conversar na moral e eu decidi escutar, na verdade, não consegui evitar.

Laura tinha razão quando disse que talvez a maior das minhas questões fosse ele. Tanto que dei abertura a ele, mas não a Alicia. Eu podia gostar muito da pessoa dela, porém ela me magoou demais e ela eu conseguia evitar.

Decidi chamar Laura pra conversar depois da faculdade, tava um solzão e como ela me encontrou numa praia a noite, nada mais justo do que pegar uma prainha durante o dia.

Ela me buscou na facul e fomos direto pegar aquele sol e mar brabo.

— O Rio de Janeiro é maravilhoso, dá não, olha essa vista! — ela disse colocando os chinelos na mão e olhando em volta.

— Vem morar pra cá, po. — incentivei.

— Se minha vida não fosse inteirinha em Sampa eu até que cederia a essa ideia. — ela disse.

Eu assenti. Paramos perto do mar mesmo, não tinha quase ninguém, eu até estranhei pela lua que tava, mas era melhor assim.

Ela tirou uma canga da bolsa e esticou na areia. Eu tirei a camisa e sentei em cima pra não voar e Laura tirou a roupa deitando ao meu lado.

A mulher era absurda de gata, mesmo que eu tivesse com a cabeça em outro lugar, era impossível de não notar.

— Tá mais tranquilo? — perguntou colocando uma blusa no rosto.

— Ontem conversei com meu irmão, me senti melhor, mas daqui a pouco a mente atormenta de novo. — disse.

— Tô achando que é você que não quer ficar bem, todo mundo se mobilizando pra te fazer melhor e você nessa. — ela jogou na minha cara e eu engoli a seco.

— 'Né' não cara, é muita energia negativa mesmo. — balancei a cabeça negativamente.

— Ah garoto, então vai dar um mergulho pra tirar essa energia. — ela disse irritada, mas rindo.

— Tá certa! — disse rindo e levantei.

Cheguei na beira, molhei a mão passando na testa, na nuca e no pulso porque eu tava quente pra caralho, dei aquela corrida e mergulhei.

Sempre fui da praia, surfava direto depois parei, mas me fazia um bem gigantesco. Fiquei cortando as ondas pensando nos problemas e tentando me livrar deles.

Sai do mar chacoalhando o cabelo pra secar um pouco e voltei pra Laura.

— Porra, pique de férias com ex hein. — ela disse levantando a blusa do rosto e me olhando.

— Com um mulherão desse perto, só pode ser assim. — falei sentando de volta.

— Obrigada lindo, sou demais mesmo. — ela sentou apoiando as mãos atrás. — Segunda feira eu vou embora, qual vai ser do finde? Meus amigos daqui são tudo pais, quero rolê de solteiro.

— Ih, então vou ver algo pra gente, só não posso sexta que já tenho parada marcada. — falei.

— Então tá bom, vou ficar esperando. — ela disse pra mim. — Queria tanto dar um mergulho, mas não quero molhar o cabelo.

— Cê tá de sacanagem? — levantei com as mãos na cintura. — Se você não mergulhar comigo não vai ter rolê.

— Ameaça? Eu sei lidar bem com elas. — ela fez cara de metida e eu ri.

— Então não vou mais ameaçar, vou só fazer. — disse.

Ela me olhou confusa, eu dei aquela risadinha maligna e peguei ela no colo. Só faltou ela arrancar minha pele fora de tão nervosa que estava.

— Não Daniel, não, eu juro que vou andando, eu não gosto disso, me coloca no chão. — ela disse batendo nas minhas costas.

— Não acredito em você, sei que você sabe manipular. — disse e entrei com ela no mar.

Não a mergulhei porque eu sabia que ela tinha que se acostumar com a água gelada e porque o corpo dela estava quente demais. Ela fez aquela careta de quem sente o choque da água gelada no corpo e eu ri da cara de raiva dela pra mim.

— Eu vou te matar! — ela disse rangendo os dentes tentando sair da água

— Ah qual foi Laurinha!? Já está aqui, dá um mergulho, aproveita a praia. — a incentivei.

Ela resmungou, mas mergulhou de vez. De cabelo molhado ficava mais gata ainda, pelo amor de Deus. Fomos nadando mais pro fundo, cortando as ondas e rindo assim que subíamos nela.

— Valeu Iemanjá! — ela gritou abrindo os braços e eu ri da felicidade da paulista.

Ficamos mais um pouco ali e depois saímos. Sentamos na canga, ela tirou um creme e um pente da bolsa e começou a pentear o cabelo.

Um cara passou vendendo mate, comprei pra mim e pra ela, não tinha nada melhor que isso.

— E como é a tua vida lá em SP? — puxei assunto. — Tem um problema que nem eu? Se bem que o meu tá mais pra problemão. — ri de nervoso.

— Problema que você quer dizer a Alicia? — eu assenti. — Não mais, eu tinha um amigo, nome dele é Vitor e a gente ficava sempre, vivíamos um na casa do outro, e a gente se gostava no fundo, mas ele começou a namorar e eu esqueci.

— Parece que você se fodeu assim como eu, né!? — ri.

— Parece que sim. — ela assentiu. — Mas fiquei bem, tô bem, pronta pra próxima.

— Hum, assim que é bom. Espero superar assim também. — disse.

— Vai superar assim, as vezes seu sentimento é bem menor do que você faz parecer. — ela falou e eu fiquei pensativo com isso.

De fato não era aquela dor no peito que esmagava, eu já me apaixonei outras vezes, já amei uma ex de verdade que foi horrível pra esquecer, e agora, com Alicia, o sentimento era mais de decepção e mágoa.

Não gostei de ter visto os dois juntos, porque senti que tinha perdido pra ele, mas foi muito mais por esse motivo do que por qualquer outro.

Depois ficamos falando sobre vários assuntos, sobre direito, ela me contando sobre alguns casos, eu compartilhei algumas opiniões e depois fomos comer no mc.

Era uma vez, AliWhere stories live. Discover now