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MARATONA 1/4

EDUARDA

O dia que quando eu tinha cinco anos eu mais abominava na minha vida e dizia que nunca vivenceria chegou: o dia do meu casamento.

Não havia nada no mundo que me estressaria nesse dia, eu estava com um sorriso de orelha a orelha pra todo lado.

O casamento aconteceria no hotel de luxo que o marido da minha prima era dono, era quase um Copacabana Palace e eu estava me achando muito e mesmo assim muito grata pela minha família que se não fosse por ela isso seria impossível, afinal, eu e Matheus em si somos meros fodidos.

E com a ajuda da cambada da família tínhamos conseguido o lugar, os trajes perfeitos, a melhor viagem de lua de mel e o melhor buffet da vida e ainda sem gastar um centavo, vou te contar hein... isso não é pra qualquer um não.

— Meu Deus, você é a noiva mais bonita da face da terra. — Alicia disse tocando com delicadeza os meus ombros e me olhando pelo espelho.

— Você acha? Eu tô nervosa demais! — disse enrugando o rosto com uma careta super nervosa.

— Pelo amor de Deus, não vai fazer que nem no meu casamento que eu fugi. — Mari levantou agitada da cama e veio pro meu lado. — E eu tava exatamente assim sentada na penteadeira, bora, levanta! — ela ordenou puxando a cadeira pra trás.

— Essa minha prima jamais me faria passar esse perrengue de novo, ainda mais no meu pós parto. — Malu disse balançando a cabeça negativamente.

— Nem a cunhada, né? Estamos nas mesmas condições. — Sarah deu um hi-5 com Malu.

— Não faria isso nem com vocês, nem com o Matheus e nem comigo. — falei me levantando assim como Mari mandou.

— Até porque se você fizesse isso com meu irmão eu te matava. — Karine disse mandando uma piscadela.

— Bom incentivo! — ri. — Faltam quantos minutos?

— Cinco, amiga. — Jade disse olhando no celular. — Tudo certo? Tudo pronto? As madrinhas tem que descer!

— Ok, só me deem um abraço, por favor! — pedi pra todas elas.

— NÃO! — Mari entrou na minha frente. — Não ousem amassar o meu vestido maravilhoso, quero dizer, da Duda.

— Caraca, tem como com Mariana não. — Karine bufou.

— Deixa ela, vamos dar um desconto já que ela não é madrinha e eu preciso me redimir. — disse rindo.

— É, quem mandou conhecer essas duas? Aí teria espaço pra mim também. — Mariana disse olhando pra Jade e Alicia que riram. — Tô brincando, meninas.

— Tá, tá, tá. Chega de conversa! — Malu disse séria. — Hora de entrarmos!

As outras assentiram pegando as florzinhas separadas para as madrinhas em cima da cama e saíram porta a fora.

Me assustei com o som da porta batendo com a última menina. Eu estava tão nervosa mais tão nervosa que me assustava e me tremia com tudo, mas o que importava é que eu estava feliz.

Alicia entrou pela porta correndo e fazendo sinal de silêncio olhando pra trás e parou na minha frente segurando as minhas mãos.

— Dei uma fugidinha pra dizer que você não poderia estar mais perfeita, pra você ficar tranquila que esse casamento vai ser um sucesso e que eu tô feliz demais de ser você a mulher que vai casar com meu melhor amigo. Ele merece muito e você também. — ela disse cheia de lágrimas nos olhos e eu também. — Não chora, não borra essa maquiagem, deixa pra borrar só depois de tanto que a gente vai beber, ok?

— Ok. — suspirei olhando pro teto pra segurar as lágrimas. — Eu te amo.

— Eu também te amo. — ele sorriu assentindo.

— Alicia, sua louca, vem! — Jade apareceu na frecha da porta e Alicia saiu correndo. — Conta cinco minutos e desce. Te amamos!

Mandei um beijo pra Jade e elas foram de vez. Sentei na ponta da cama e fiquei me olhando no espelho. Que dia! Que momento! Quando que eu pensei que viveria esse dia um dia? Nunca, isso nunca se passou na minha cabeça nem mesmo depois de já começar a namorar.

Olhava o horário no telefone de cinco em cinco segundos impaciente e ansiosa. Eu queria tanto entrar naquela sala, ver a decoração do jeitinho que planejei, ver todos os meus amigos ali pra celebrar nossa união e ainda ver o homem da minha vida me esperando pra casarmos.

Mil anos depois se passaram cinco minutos, levantei da cama, ajeitei meu vestido, respirei fundo e abri a porta que dava na escada por onde eu desceria igual princesa e todos me veriam.

— Preparada, filha? — meu pai perguntou dando o braço pra mim.

— Não, mas vou estar. — disse segurando as lágrimas e sorrindo.

— Em pensar que um dia encrenquei com essa história de vocês e agora estão aqui... se casando, eu fico muito emocionado. — ele disse com os lábios tremendo e os olhos vermelhos.

— Pai, não chora... — pedi. Se ele não parasse, seria eu quem começaria a chorar.

Ele se virou, limpou as lágrimas e estampou um sorriso se virando de volta. — Vamos?

Eu ri assentindo.

A música que eu sonhei depois que me acendeu essa vontade de um casamento perfeito começou a tocar. Era clichê, mas meu Deus, parecia que era um sonho de muitos anos casar com essa música "A thousand years".

Nós demos os primeiros passos onde todos no andar debaixo olhou pra cima, inclusive meu futuro marido. Que sensação era essa? Uma sensação maravilhosa a cada degrau que eu pisava.

Uma sensação onde parecia que uma chama percorria pelo meu corpo juntamente a aquelas malditas borboletas na barriga de início de relacionamento.

Eu já sabia que ele estava chorando, eu conhecia Matheus quando queria chorar, mas não podia. Ele dava o seu melhor sorriso tentando disfarçar, mas a bochecha tremendo e os olhos piscando não mentiam pra mim.

Pisei no último degrau e depois em cima daquelas pétalas rosas espalhada pelo chão do salão, onde comecei a caminhar tentando segurar aquela água toda que eu sinceramente não sabia que existia dentro de mim.

De um lado eu vi minha mãe, minha tia, meu tio com madrasta do Matheus e toda a criançada da minha família. E do outro eu vi os poucos amigos que eu tinha, incluindo Daniel que eu fiz de questão de convidar, João, Mari e Patrick.

Olhei pra frente e na esquerda eu conseguia enxergar as pessoas que eu mais queria perto de mim na vida: Alicia, Jade, Karine, Sarah e Malu e do lado direito os homens que me davam vontade matar na maioria das vezes, mas ainda sim eu amava: Phelipe, Pedro, Luan, Bruno e o tio Rafael.

E quando eu olhei na minha direção, um pouco antes de meu pai beijar minha cabeça, eu consegui ver o homem que eu queria passar o resto da minha vida ao lado, e quem sabe, ter nossos filhos.

Meu pai lançou aquele olhar de pai brabo pro Matheus que fez ele de vez chorar e rir ao mesmo tempo e me entregou. Segurei na mão do Matheus e senti o que eu nunca senti tão presente em toda minha vida: o amor.

— Te amo. — sussurrei pra ele que não parava de deixar lágrimas rolarem.

— Muito. — ele sussurrou com dificuldade por causa do choro de volta.

Era uma vez, AliWhere stories live. Discover now