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Despertei com meu corpo sendo balançado e ao abrir os olhos lentamente vi as duas bonitas me acordando sem dó nem piedade.

— O que vocês querem? — resmunguei coçando o olho. — Que horas são?

— Quase uma da tarde, levanta e vai se arrumar. — Eduarda disse batendo na minha perna.

— Me arrumar pra que? — franzi a sobrancelha cheia do sono.

— Vamos almoçar na rua, ué. Só nós três. — Jade falou.

— Ain, eu tô com sono. — reclamei me espreguiçando.

— Não interessa. — Eduarda pegou meu braço me puxando pra levantar.

— Tá, tá, eu vou. — me apressei em me render e sentei na cama acordada de vez.

Elas sorriram contentes com o trabalho cumprido, me deram um prazo de trinta minutos pra eu me arrumar e saíram do quarto.

Embora eu quisesse ficar na minha cama por mais alguns dias seguidos, eu reconhecia a melhor das intenções das duas e pra um domingo tava bom ficar com as minhas duas melhores amigas.

Levantei da cama, peguei minha toalha e fui pro banho. Meu olho estava inchado de tanto que chorei a noite, então dei aquela boa lavada no rosto pra levantar o astral.

Coloquei um macacão pantacourt larguinho mostarda, um all star preto e peguei qualquer bolsa que eu vi na minha frente. Penteei meu cabelo molhado e apenas passei um corretivo naquele horror de olheira e estava pronta.

— Vamos com o carro do Phelipe, ele deixou comigo. — Jade avisou levantando a chave no ar.

— Ui, tá poderosa. — ri.

Ela mandou um beijo no ar e descemos. Fomos pro barra shopping na proposta de comer em um restaurante caro de massas lá que elas inventaram e estavam doidas pra conhecer.

Pedi um fettuccine com camarão mais um suco de laranja com morango e nós ficamos conversando.

— A gente nem conversou muito sobre o trabalho de vocês, a vida ficou corrida. — falei.

— É verdade. — Eduarda concordou. — Lá no meu trabalho é bem tranquilo, eu e Matheus trabalhamos como assistentes mesmo, eu com um carinha e ele com outro, damos ideias, oferecemos opiniões, enfim... coisas do tipo. Mas é só no começo pra pegar experiência, depois arquitetos em ação. — ela beijou o ombro.

Eu ri.

— E no meu também é tranquilo, é também basicamente ajudar a roteirista, mas ela tá super de olho no livro que eu escrevi baseado no Leandro, disse que tem um amigo que ajudaria bem. — Jade contou.

— Phelipe deve morrer de ciúme, né? — perguntei curiosa.

— Ele tem sim, mas entende. — eu assenti. — Prometi que escreveria um sobre ele ou que ele esteja, então resolvido.

— Aí, eu quero também. — Eduarda falou.

— Eu também. — disse.

— Então vou ter que escrever a nossa história. — ela falou rindo e nós assentimos. — Mas e você? Como foi a noite de ontem pra vocês?

— Horrível. — falei. — Você não tá sabendo?

— Não, cheguei hoje de manhã com o Phelipe e eu e Duda só falamos sobre almoçar. Que que aconteceu? — ela franziu a sobrancelha.

— Patrick apareceu lá bêbado e ainda caiu na porrada com um carinha. — Eduarda contou.

Nós ficamos falando sobre o assunto, as duas tentando me aconselhar e eu só escutando. Pra falar a verdade, nenhuma delas concordava com eu ter terminado com ele "do nada" dito por elas.

Mas eu conhecia os meus motivos mais do que ninguém, então pra mim estava bom. O assunto acabou quando os nossos pratos chegaram e começamos a nos deliciar com aquela comida caríssima, mas que com certeza valia a pena.

Eu amava camarão, sempre amei, mas foi só colocar o quarto pedaço na boca que me veio um enjoo fora do comum. Larguei a comida no prato e coloquei pra dentro aquele suco pra tentar afastar aquele enjoo.

— Tá tudo bem? — Eduarda perguntou preocupada.

— Por que? — perguntei.

— Você tá soando. — ela apontou pro meu rosto.

Quando percebi as sensações, meu corpo realmente não estava dos melhores. Eu soava frio, o enjoo era forte, uma dor de cabeça estonteante.

— Não, eu tô bem. — menti.

— Vamos pedir sobremesa? — Jade perguntou animada.

— Eu não quero não, tô cheia. — disse colocando a mão na boca.

— É, acho que tô satisfeita também. — Eduarda retrucou.

— Chatas! — ela fez careta. — Então vou comer um sorvete no shopping mesmo, vamos dar uma volta?

Nós assentimos e pagamos. Tentei prestar atenção nas conversas pra esquecer das sensações no corpo, até que passou.

Nós estávamos rindo muito relembrando alguns roles bêbadas e Jade tava contando sobre alguns perrengues que ela já passou na vida. Estava dando uma distraída legal.

As duas inventaram de pegar um cine e lá fomos nós. Assistimos um filme de comédia, o que fez eu me animar mais ainda e até sentir gratidão por aquele momento.

— Que bom que a menina foi escrota comigo na outra faculdade e eu me transferi, porque senão não tinha conhecido vocês e eu amo demais nossa amizade. — Jade disse nos puxando pra um abraço uma em cada lado enquanto andávamos pro estacionamento.

— E eu? Melhor presente da vida! — disse feliz. Como eu amava aquelas meninas.

— Pra mim foi Deus, porque tudo se interliga. Eu namorar com Matheus trouxe Alicia pra perto e você se transferir conheceu ela e me conheceu. — Eduarda disse abrindo a porta do carro.

— Realmente. — rimos.

A tarde foi maravilhosa, isso realmente me distraiu e me fez ver que eu precisava fazer mais esse tipo de coisa pra esquecer dos problemas e consequentemente lembrar de quem eu sou de verdade.

Jade deixou Duda em casa, passou pra buscar Phelipe na casa do irmão e fomos pra casa.

Eles insistiram pra que eu assistisse filme com eles, mas eu os convenci de que estava muito cansada e precisava descansar, mas o motivo era outro.

Entrei no meu quarto, liguei o ar condicionado, apoiei minha bolsa em cima da cama, respirei fundo e tirei um teste de gravidez de dentro dela, que no caso eu comprei em uma das vezes que as meninas entraram pra ver roupa e eu fugi escondido pra farmácia.

Comprei apenas por desencargo de consciência, já que eu estava passando mal sem motivo, mas não achava que daria positivo. Fui no banheiro, fiz xixi no palito, coloquei a roupa de volta e fechei os olhos.

Eu não queria acreditar nisso, não é que eu ficaria triste, eu sempre sonhei em ser mãe e nunca recusaria um filho, mas sob essas circunstâncias era melhor que desse negativo.

Abri os olhos, tirei o dedo de onde mostrava o resultado e simplesmente desabei no chão desacreditada.

Era uma vez, AliOnde as histórias ganham vida. Descobre agora