Capítulo 23 - Vai ficar tudo bem!

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Lutessa Lena Luthor  |  Point of View


Eu nem aguentava meu peso. Estava cansada de procurar um emprego de meio expediente que complementaria meu outro. Eu vendi meu carro e abri uma poupança.

Kara cobrava muito quando era garota de programa, mas ela economizou para construir aquela casa e agora não tem muita coisa. Ela só mantém a faculdade e ajuda os pais, e meu sogro conseguiu um emprego na oficina do irmão do pai de Winn.

Parece que todos estão se acertando... Menos eu. Droga! Porque aqueles escrotos não me esquecem. Minha mãe tinha deixado a casa que alugo com cara de casa. Aproveitei o dinheiro do carro e deixei vários meses de aluguel pagos. Eu não consigo levar minha família pra casa de Kara, é muito humilhante e super explorador.

— Lena... Você está me ouvindo?

— Sim, Kah, é sobre os enjôos.

— São horríveis, amor. – Eu deitei minha cabeça na barriga dela.

— Mas é pelo nosso pequeno príncipe.

— Você não sabe se é homem.

— É sim, e terá um pau enorme como o meu. Arrasará corações e se casará com a segunda mulher mais linda da face da terra, pois a primeira eu pequei pra mim.

— Até sendo idiota você consegue ser fofa. – Ela afagou meus cabelos.

— Você já pensou em um nome?

— Não... Se for menina eu escolho. Se for nosso príncipe você escolhe.

— Que tal Luan? Um nome charmoso para esse pequeno sedutor.

— É um nome bonito. Mas ele não vai ser um sedutor.

— Vai sim.

— Você está pensando mesmo que vou deixar nosso filho andar por aí, partindo corações?

— Ele não os partirá. Ele só não será a vítima. Vai ser o galã, amor... Esse menino vai ser um Deus grego. Olha pra nós duas... Qualquer uma que ele puxar, não importa, ele vai ser lindo.

— Ainda bem que você é muito modesta.

— Sou realista. – Beijei a barriga dela. — O que importa é que eu já amo ele ou ela de uma forma que nunca imaginei amar alguém além de você. – Ela acariciou meus cabelos novamente.

— Eu entendo, Lee. É maravilhoso saber que estou com uma vidinha dentro de mim.

— Eu consegui outro emprego hoje. Acho que agora vai, amor.

— Não precisa tanto, amor. Você vai se cansar.

— Eu só quero o melhor pra vocês.

— Posso largar a faculdade.

— Não, isso está fora de cogitação.

— Você é orgulhosa demais, amor.

— Não é orgulho, Kara. Só estou cuidando de quem eu amo. – Ela me abraçou forte e acabamos pegando no sono.

[•••]

Após três meses, Kara já tinha uma barriguinha e era devidamente mimada por mim... E por todos.

Eu estava no fim do meu expediente do trabalho da tarde. Kara estava me esperando, pois iríamos a uma festa que
um doador anônimo deu para as turmas de artes da universidade dela.

Peguei minha bicicleta e pedalei até a casa dela. Ela me esperava com minha roupa sobre a cama.

— Me atrasei?

— Não, temos tempo. – Eu assenti e entrei no banho.

Logo eu estava com uma calça jeans justa que apertava minhas partes, uma camisa azul marinho de mangas largas e uma gravata cinza clara. Um colete da cor da gravata e meus cabelos presos em um coque muito bem feito. Eu estava mais gostosa que de costume, mas foi Kara que me arrumou, tudo que ela bota a mão fica perfeito.

— Você está uma deusa. – Eu me virei e Kara portava um vestido azul marinho longo, com uma fenda até sua coxa. Cabelos lisos e uma maquiagem leve, apenas realçando os olhos com um lápis preto e um batom vermelho nos lábios.

— Uau... Porra!... Você... Minha nossa.

— Gostou?

— Você está deslumbrante. Essa calça aperta meu saco, ainda mais agora que estou de pau duro, acho que não vou conseguir caminhar.

— Era esse o efeito que eu desejava.

— Linda, Kara.

— Você também, amor. Agora vamos. – Assenti.

Chegamos a festa, Nia, Winn, Imra e Gayle estavam lá. Ficamos dançando, mas Kara ficou um pouco tonta e fomos tomar uma água, comemos uns salgadinhos também.

— Luan está me enjoando muito hoje. – Ela disse escorando a cabeça no meu ombro.

— São as mulheres do ambiente. Ele já ficou alvoroçado. – Ela riu e bateu no meu braço.

— Preciso vomitar.

— Eu vou com você.

— Não, eu vou... Você não pode entrar no banheiro feminino. – Nia disse.

— Ninguém notaria...

— Lee... Acho que ela quer me contar alguma coisa, por isso precisa ficar sozinha comigo.

— Ah... Papo calcinha. Tá bom, te vejo logo. – Selei nossos lábios e ela saiu com Nia.

O assunto virou o DJ da festa que era amigo de Imra. Ela contou das baladas dele em Madri. Kara estava demorando.

— Vou até o banheiro ver as meninas.

— Que grude, Luthor. Deixe a Kara respirar um pouco.

— Elas estão demorando.

De repente, um estrondo ecoou no salão fazendo tudo ficar mudo. Até a música parou. Ouvimos um grito, meu coração acelerou, senti um aperto no peito e várias pessoas começaram a correr para a saída. Corri para o banheiro, acompanhada por nossos amigos e Kara estava caída. Nia estava chorando e ligando para, quem deduzi, ser uma ambulância.

— Kara... – Eu me ajoelhei e senti meus joelhos molharem. — Kara fala comigo amor... Amor... O que houve?

— Atiraram nela... Atiraram... Eu não vi quem... Só sei que atiraram... – Kara estava inconsciente e Nia em estado de choque.

— Chamou uma ambulância? – Ela assentiu e eu coloquei minha mão, estancando o rasgo do vestido. – Aguenta, amor... Eu preciso de você... Agora não... – Beijei os lábios dela... Ela estava branca, mas abriu os olhos.

— Lee...

— Não fala... A ambulância está chegando, você vai sair dessa...

— Eu amo... Você... Única...

— Não se despede de mim, Kara. A ambulância está chegando e você vai ficar boa.

— Luan... – Ela disse e então fui notar que o tiro era bem na barriga dela.

— Vai ficar tudo bem... Que droga! E essa ambulância que não chega nunca.

Depois de uns minutos, eles chegaram e fomos para o hospital. Dei todas as informações e ameacei um de morte se
me deixassem muito tempo sem notícias. Depois o desespero tomou conta de mim... E fui amparada por Imra.

TRAP - Adaptação KarlenaWhere stories live. Discover now