Capítulo 28 - O que fazer?

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Lutessa Lena Luthor  |  Point of View



Senti uma pancada forte e logo estávamos no chão, a arma ao meu lado e meu pai com todo peso do corpo sobre o meu.

— Eu não aguentei fazer e ver você fazer... Eu sinto muito, Lena... Eu não queria... Eu só queria minha família de volta...

— Você já fez. Você me matou...

— Não fala isso...

— Você conseguiu... Eu perdi a Kara... Você conseguiu... Ela me detesta... Deve ser doloroso olhar pra mim. E a culpa foi minha. Minha ex e meu pai... Se eu fosse uma pessoa melhor, nada disso teria acontecido. Você acertou um tiro em três pessoas... Você é bom... – Eu o senti me abraçar e chorar compulsivamente. Eu o empurrei de cima de meu corpo e fechei meu roupão... Liguei para um táxi, coloquei a arma na mão dele e sussurrei em seu ouvido. — Luan... Luan seria o nome do neto que você matou. Caso faça algo... Lembre-se de deixar uma carta... Pra você não pagar sozinho...

Limpei as lágrimas de meu rosto e fui para frente da mansão. Nos flashes de minha memória, eu me vi ali, brincando na grama, brincando com Katie, com minha primeira namorada e sendo arrastada para meu casamento com aquela bruaca.

O táxi levaria meia hora pra chegar... Quando meu relógio marcou quinze minutos de espera, ouvi um disparo e fechei meus olhos. Esperei algum vizinho sair, mas nada aconteceu. Logo o táxi estava em minha frente.

— Vai entrar, moça?

— Sim.

Entrei no táxi e fiquei pensando... Como ele foi capaz? Quando cheguei em casa, me ajoelhei no jardim e comecei a chorar. Não me lembro de muita coisa... Só senti minha cabeça doer muito e caí no chão.

Senti meu tronco ser erguido e meus cabelos foram colocados atras da minha orelha. Desejei com todas as forças que tudo de ruim fosse um pesadelo e que Kara havia me pego do chão do nosso quarto, como sempre faz quando temos uma noite de amor ardente. Eu sorri...

— Filha... – Não! Minha mãe não! — Acorda, filha, você está bem?

— Estou.

— Porque está no gramado? Está toda molhada de sereno.

— Eu estou bem. – Disse me levantando e a ajudando a levantar. — Vou tomar banho e ver a Lauren.

— Como ela está?

— Não sei.

— Eu disse e ela estranhou minha resposta. Logo eu estava tomando um café bem forte e minha cabeça ainda latejava. Creio que quando Kara aceitar me receber... Irei escutar coisas que me arrasarão mais.

[•••]

— Eliza estava na sala de espera.

— Bom dia, Lena. Como foi a noite?

— Como está Kara? – Ela estranhou meu tom.

— Está melhor.

— Bom... Ela vai me receber hoje? – Eliza colocou o copo de café no lixo e entrou no corredor fechado.

Depois de uns minutos, ela saiu e estava sorrindo. Isso me irritava profundamente... Sorrisos... Eu nem lembro quando foi a última vez que sorri... Foi no coquetel... Kara estava dançando com Gayle e não desgrudava os olhos dos meus... Eu sorria, pois a mulher mais linda daquele salão estava comigo e estava radiante...

— Lena? – Eliza tocou meu braço e eu recuei. Ela lançou o mesmo olhar desconfiado. — Pode entrar, o quarto é o 14.

— Valeu. – Eu disse e caminhei até o quarto.

Kara estava sentada... Com o controle da TV na mão e com a testa escorada na outra. Eu me escorei na porta e fiquei olhando ela... Eu não sabia se a abraçava e chorava, agradecendo a Deus por não ter me tirado ela... Ou só chorava aqui, por tudo que está acontecendo ser culpa minha.

— Lee... Eu sinto muito.

— Você deixou bem claro o quanto está sentindo.

— Eu não aguentava mais lembrar... – Ela começou a chorar.

— Sabe... – Eu ri meio forçado e caminhei até a janela. — Eu achei que estava te ajudando...

— Você está...

— Não estava. Eu achei que te mimando e ficando sempre com você, eu ajudaria, mas a verdade é que você só lembrava mais do que aconteceu. Eu... A culpa é minha, Kara.

— Não, Lee... Eu estava bêbada e me descontrolei. Você não tem culpa... Eu só queria fazer a dor parar...

— E a minha dor? Você acha que porque não estava na minha barriga, eu o amava menos? Que eu não sinto nada?

— Não é isso... Só estou sem saber o que fazer.

— Desistir pareceu certo? Sabe como eu fiquei? Nossa... Acabei de perder meu filho e de brinde perco minha mulher? A única mulher que eu amei... Que valeu a pena.

— Eu amo você, Lee, mas você tem que entender... Que eu tinha uma conexão maior com ele...

— Acho que você está sendo injusta comigo. Você não o conseguiu em um banco de esperma. Nós nos amamos muito para concebê-lo. Eu o amava mais que tudo e me senti devastada.

— Eu não quis dizer isso... – Eu comecei a chorar. — Não chora, amor... Vai ficar tudo bem...

— Não vai... foi culpa minha. Nosso filho... Você... Eu sou tóxica.

— Não foi culpa sua...

— Foi... Foi meu pai que atirou em você... Ele matou o próprio neto a mando da Andrea. A culpa é minha... Eu devia ter respeitado a sua decisão e nunca mais ter te procurado quando começamos. Nada disso estaria acontecendo... Mas eu fui egoísta... Como sempre fui...

— Ele disse que tinha que atirar em mim. Porque ele não fez isso? Seria tão melhor que ninguém pagasse pelos meus erros. Eu morreria por vocês, Kara. Por você e por nosso filho, por mais que eu não o estivesse carregando... Eu faria qualquer coisa por ele.

— Seu pai? – Ela levou as mãos à boca...

— É... Meu pai matou meu filho. Eu sinto muito, Kara, eu sinto tanto... – Eu me ajoelhei no sofá perto da janela e
comecei a chorar. — Kara... Eu vou aceitar qualquer coisa que você decidir. Eu mudo de país se você não se sentir confortável com minha presença, mas eu não posso perder você. Prefiro não ficar com você, mas não tente fazer isso de novo... Eu morreria também. Diga-me... O que tenho que fazer?

 O que tenho que fazer?

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TRAP - Adaptação KarlenaWhere stories live. Discover now