Capítulo 27 - Não sou suficiente

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Lutessa Lena Luthor | Point of View



Eu estava muito nervosa... Como se fosse desabar e eu não tinha ninguém. Nem meus pais... Nem meus amigos... E eu não tinha tanta proximidade pra chorar as minhas mágoas com a Eliza. Eu não culpo minha mãe, Katie é muito pequena e precisa de mais atenção mesmo. Imra está em um relacionamento e eu não vou ligar essa hora para incomoda-la.

Sinto falta do meu avô. Ele era incrível e sempre me entendia, eu nem precisava falar.

- Quer uma água, Lena?

- Não, Sra. Danvers, obrigada.

- Não precisamos de formalidade, me chame de Eliza. - Eu assenti... Eu estava pouco me ferrando se era Eliza ou Elisabeth... Eu só queria conversar com Kara.

- Sra. Danvers? - Um enfermeiro a chamou e Eliza caminhou até ele. - A Srta. Danvers deseja vê-la.

- Ela está bem? - Eu perguntei e ele olhou para Eliza.

- É a namorada dela. - Ela disse e ele concordou.

- Sim, ela está um pouco fraca ainda, mas o soro vai ajudar. - Assenti e me sentei, um pouco aliviada.

Demorou exatamente uma hora... E nada. Nada... Nada... Quando Eliza saiu do quarto, eu levantei.

- Ela não quer ver você agora, Lena. Eu levo você pra casa... - "Ela não quer ver você"? Eu fiquei formulando essa frase em minha cabeça, imaginando que doeria menos se eu encontrasse outro sentido para ela, mas quando meu coração apertou. Vi que não tinha outro significado... Ela não me queria mais. Ela desistiu mesmo de nós. - Lena? - Ela perguntou... E eu a encarei... - Você está bem?

- Eu pego um táxi.

- Eu levo você...

- Eu vou de táxi...

Eu me soltei dela e caminhei até a frente do hospital. Me lembrei do dia em que quase a perdi e perdi meu filho. Agora eu a perdi... O que mais Deus vai tirar de mim? Acho que nada, pois eu já perdi tudo.

Eu pedi ao táxi para me deixar em frente a antiga casa de meus pais. Havia uma luz acesa... E eu o paguei... Nem lembrava de ter pego minha carteira e desci. Caminhei até a porta e bati. Logo ele a abriu, estava com uma cara péssima e parecia estar chorando. Sentei-me no sofá, de frente pra poltrona dele.

Logo ele estava a minha frente... Ele acendeu um cigarro e o tragou.

- Porque não atirou em mim? - Eu perguntei e ele me encarou por um bom tempo.

- Não tive coragem. - Ele respondeu e largou o cigarro no cinzeiro. - Não consegui, mas eu tinha avisado que não
conseguiria, então... Me ofereceram metade do valor para acertar o bebê.

- Você matou seu neto?

- Você disse que eu não era seu pai. Então... Ele não era meu neto.

- Estava chorando por quê então? - Ele me analisou por um bom tempo...

- Eu sou milionário agora, tenho minha casa e todos os meus bens novamente. Mas...

- Não consegue parar de pensar no que fez.

- Não, não consigo.

- Você sabe que destruiu minha vida? Eu... Estava feliz. Kara... É a mulher mais incrível do universo. Ela é inteligente... Linda e dizia que me amava oito vezes por dia no mínimo. Eu fiquei tão apavorada quando descobri que ela estava grávida, eu não tinha onde cair morta, o idiota do pai da Andrea conseguiu achar todas as minhas contas desviadas daquela porcaria de empresa e... Como eu ia sustentar uma vida nova? Eu nem consegui arrumar a minha.

- Kara havia quitado a casa dela e a dos pais, sobrou dinheiro, mas era dela e ela tinha que pagar a faculdade... Eu nunca a privaria de desfrutar dele como ela bem entendesse, pois sabia o que ela tinha passado para conseguir... Quando a barriga dela cresceu um pouquinho... Eu me esqueci de tudo. Eu nunca me senti tão feliz, eu trabalharia em dez empregos se fosse preciso, mas eu não me abalaria. Eu só queria ter visto ele, pai. Eu sentia que era um garotão e ele seria um namorador... Como nós Luthor's sempre fomos. Mas eu não pude, pois você me tirou o direito disso.

- Você está sentado na pilha de sangue que seu neto virou. Agora estou sem meu filho e Kara não me quer mais... Mas não fique feliz, pensando que tem chances, ela desistiu de tudo... De mim e da vida, mas no fundo eu sabia que ela não ficaria bem comigo... Eu nunca vali a pena mesmo, só sou boa na cama e isso nunca vai bastar pra uma mulher como ela. Eu me odeio tanto... Eu não devia ter a engravidado... Eu devia ter ido pra bem longe e ter deixado a vida dela como estava quando descobri que a amava.

- Você não tem ninguém pra conversar?

- Não... Eu não sou importante pra ninguém. Eu só levo problemas e só sou a causa deles... Você tinha que ter atirado em mim... Você me devia isso... Você me deve isso... - Ele estava chorando e eu não sentia meu rosto ou qualquer outra parte do meu corpo. - Você ainda tem a arma?

- Tenho... Está no meu cofre.

- Eu quero ver ela. - Ele me analisou por longos minutos. Subiu as escadas e depois as desceu com a pistola na mão.

- Eu devia ter feito há muito mais tempo... Andrea mantém um detetive atrás de você desde o dia que você saiu daquela casa. Ela é psicótica e poderosa. Ela é obcecada por você e surtou quando descobriu da gravidez, afinal, vocês tinham ficado tanto tempo juntas e ela nunca engravidou.

- Eu nunca aceitaria isso. Nunca teria um filho com aquela vadia.

- Ela achou que você voltaria pra ela... Eu não entendi e disse que não ia rolar, pois o amor de vocês parecia muito concreto. Ela me pediu para matar você... Atirar bem na sua testa... Eu tentei... Dia após dia eu mirava e não conseguia. Eu tremia e até derrubava a arma e não deu... Ela então disse pra atirar no bebê... Assim, tudo desmoronaria, vocês não se reergueriam e você voltaria com ela, pois era assim que acontecia sempre.

- Eu nunca voltaria pra ela... Meu amor por Kara é verdadeiro e se eu não ficar com ela... Não quero mais nada.

- Eu me sinto péssimo... Não durmo desde aquele dia. Minha comida está nesse cinzeiro.

- Você matou seu neto... É pouco pra você.

- Achei que me bateria quando descobrisse.

- Eu achei que te mataria quando descobrisse, mas estou tão... Perdida. Não sei o que fazer... - Ele atirou a arma no meu colo.

- Atire em mim. - Ele disse e eu peguei a arma. - Está carregada. - Eu o analisei por um tempo...

- Eu me sentira pior se fizesse isso, mas... Eu posso fazer a dor parar... - Eu disse e apontei a arma pra minha própria cabeça. - Acho que só fiz estrago por aqui mesmo. - Então eu fechei os olhos e comecei a contar... 1... 2...

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TRAP - Adaptação KarlenaWhere stories live. Discover now