16- O Primeiro Dia.

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Lembranças... Part 1
   
A mistura de tontura e tremedeira a impediam de ter equilíbrio. Tudo que conseguia era continuar sentada, com a cabeça encostada na grade de metal que oscilava constantemente. Esperou seus olhos se acostumarem com a escuridão e torceu para não ficar ali por muito mais tempo. Um choro baixo e fino chamou sua atenção. Ela correu os olhos pelo cubículo, pousando ao ver um pano sobre um tipo de caixa. Se arrastou pelo chão, puxando o tecido que revelou uma gaiola, dentro dela, um cachorro que a garota não conseguiu enxergar muito bem.
   
O elevador oscilou para trás. Suas costas se chocaram contra a rígida parede metálica e ela resmungou com a dor que sentiu. Encolheu as pernas, quase as tocando no próprio peito. Teve vontade de chorar, mas não permitiu que as lágrimas viessem. Fechou os olhos com força, sua mente vagava em uma interminável sala branca, onde não existia nada. Não sabia onde estava. Não tinha nenhuma informação do que aconteceu antes de chegar ali, nem uma mísera imagem ou frase que a fizesse entender. Por algum motivo, não tinha as informações que queria, mas de vez em quando a sua mente parava em uma cena que parecia real. A neve caindo sobre a estrada, o gosto de um bolo de chocolate, um parque cheio de pessoas, algumas delas com seus cachorros. Não sabia de onde essas memórias vinham e em todas as que apareciam alguém, ela não conseguia ver seu rosto, todas transformavam-se automaticamente em um borrão.
  
De repente, o elevador parou com um baque que a fez perder o equilíbrio mesmo estando sentada. Os barulhos dos metais rangendo chegaram ao fim e a única coisa que coisa que continuava presente era a escuridão. Um latido dado pelo cachorro engaiolado ecoou pela caixa, lhe dando um susto. A unha de suas patas arrastou pelo metal, produzindo um som irritante. As portas acima de sua cabeça se abriram com um rangido alto. Uma luz clara engoliu toda a escuridão. Semicerrou os olhos, cobrindo o rosto com as mãos. Ela analisou o elevador e mais uma vez, o cachorro latiu.
  
Um minuto, dois...cinco. Cansada de esperar algo acontecer, empurrou a grade acima de sua cabeça, imaginando que fosse a única forma de sair. O metal subiu alguns centímetros, ela aumentou a força, flexionando as pernas e dando um pulo alto o suficiente para abri-lo por completo. Colocou os braços do lado de fora, tomando um certo impulso para sair. Conseguiu. Estava do lado de fora. Ela rodou devagar, observando cada canto do lugar. Teve vontade de gritar, de chorar, de correr.
  
Estava em um vasto campo, cercado por enormes muros cinzentos, cobertos por uma hera espessa que se espalhava em manchas desiguais. As paredes pareciam ter mais de cem metros de altura e formavam um quadrado perfeito ao redor daquele espaço. Todos eles continham uma abertura no meio e até onde ela conseguiu enxergar, levava a corredores longos e parcialmente escuros. Não havia nenhum tipo de construção. Era um gigantesco quadrado vazio, a não ser por uma parte cheia de árvores. O cachorro latiu mais uma vez, parecendo irritado. A garota voltou para dentro do elevador, agachando em frente a gaiola onde o animal se encontrava.
 
Um labrador preto e gordo, ansioso para ser solto. Ela encontrou sua mão na grade e rapidamente o cachorro a cheirou e a lambeu em seguida. A garota abriu a fechadura com cuidado, com medo de ser atacada. O labrador saiu correndo, pulando em suas pernas com o rabo abanando. Ela abriu um sorriso, contente. Ouviram então outro barulho, dessa vez um berro vindo do lado de fora. Ela colocou o cachorro do lado de fora, saindo em seguida. Havia uma cabra ao lado deles, comendo o gramado. O labrador não fez questão de se aproximar, estava ocupado conhecendo o lugar.
   
A garota colocou todas as caixas mandadas junto dela para o lado de fora e enquanto ela abria cada uma para verificar o que havia dentro, o elevador de onde veio se fechou sozinho, descendo muito mais rápido do que quando subiu, despencando. Só agora ela percebeu, estava sozinha, completamente só e uma fazenda gigante e desconhecida, cercada por muros maiores ainda. Levou as mãos ao peito, sentindo o coração acelerar assim como sua respiração. Seus joelhos tocaram o chão e ela se sentou, tentando recuperar o folego. O cachorro deitou-se ao seu lado, colocando a língua para fora e a observando.

A Primeira - Maze RunnerWhere stories live. Discover now