120 - Nascer do Sol

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Já se passaram seis meses desde que chegaram ao Local Seguro

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Já se passaram seis meses desde que chegaram ao Local Seguro. As coisas estavam caminhando bem, e, no fim, o sistema que criaram para sobreviver não era muito diferente do que utilizavam na Clareira. Todos tinham suas funções, coisas simples, a maioria dos Imunes que viviam no Labirinto voltaram a assumir os antigos postos, a não ser pelos Corredores, que precisaram encontrar uma nova área para trabalhar.

Era de se esperar que Nick comandasse a plantação, e, às vezes, seu jeito de tomar conta de tudo lembrava os amigos de Newt. Recentemente, ele comentara com Scarllet sobre uma garota que fazia parte do Grupo B, Rachel. Gally e Scarllet tiveram a chance de cantar para ele uma velha música.

"Nick está apaixonado. Nick está apaixonado."

A forma em que suas bochechas se avermelharam quase que instantaneamente era algo que Scarllet não esqueceria tão facilmente. O envelope que ele deixara para ela, quando foi levado para o Palácio dos Cranks, nunca foi aberto. E, sinceramente, Scarllet não queria saber o que havia nele, por isso, junto de Nick, o jogou na fogueira que costumavam a fazer a noite, durante o jantar.

Dias sombrios precisavam ser deixados para trás.

Gally, por sua vez, estava adorando voltar a função de comandar novas construções. E, principalmente, adorava dar aulas no Curso de Construtor que ele inventara para fazer com que as crianças do Local Seguro pudessem passar o tempo. Ele ansiava pelos únicos dois dias da semana onde o pequeno grupo com três garotos e duas garotas, todos entre dez e quatorze anos, passavam a tarde juntos, construindo. E, mesmo que pareça estranho, Gally era um professor paciente, e era muito bom no que fazia.

O relacionamento de Thomas e Brenda havia avançado bastante nos últimos meses. Era nítido que recentemente eles deixaram de ser apenas amigos. A garota assumira uma posição na área médica, e Thomas cuidava de qualquer coisa relacionada a estoque, porquê ele era muito, muito bom em matemática. E, desde que os dois passaram a disfarçar menos o "namoro" que se iniciava, Jorge costumava a lançar olhares ameaçadores para o garoto toda vez que o via, além de que, uma certa vez, ele chegara a ameaçar Thomas, típico do estilo "pai protetor".

Minho, assim como Gally, também assumira uma posição no Local Seguro no qual ele adorava. Era eles quem dava aulas de defesa e ataque pessoal aos adultos e crianças, certificando-se de que todos estarão prontos para lutar caso sejam atacados por Cranks, pessoas, ou até mesmo um reencontro com o CRUEL.

Por fim, Scarllet, A Primeira. A líder. Ela não poderia deixar sua função de lado, não conseguiria, nem mesmo se quisesse, porquê entre todas as pessoas ali ela era a que estava mais preparada. Mas, no primeiro dia, foi Minho quem organizara tudo, exercendo um incrível papel de braço direito da garota, como ele sempre fizera, desde o seu primeiro dia na Clareira. Desde antes da Clareira.

Ela estava no alto de um penhasco, observando o oceano, os pés pendendo no vazio. O Sol já quase emergira no horizonte, que parecia arder em chamas. Era uma das visões mais fantásticas que tivera. Esperava que, onde quer que estivessem, ficassem isolados e seguros enquanto o resto do mundo descobria como lidar com o Fulgor, com ou sem cura. Sabia que o processo seria longo, difícil e desagradável, e tinha cem porcento de certeza de que não queria fazer parte daquilo.

Já havia feito tudo que podia.

- Ei, você aí!

Scarllet se virou e viu Minho se aproximar. Ela sorriu, feliz em vê-lo, mesmo sabendo que ele não demoraria muito para chegar. Ver o nascer do Sol juntos se tornara um tipo de tradição para eles. Era como se fizessem isso a anos... e faziam.

Ele sentou-se ao seu lado, selando seus lábios com os dela. As mãos tocaram sua cintura, puxando o corpo da garota para perto. Scarllet enganchou os braços no pescoço do garoto, sorrindo em meio ao beijo quando Minho a ergueu com facilidade e a colocou em seu colo. Continuaram o beijo, a mão do garoto subindo por sua cintura lentamente, como se elas estivessem gravando cada detalhe dele, e estavam. A mão de Minho arrastou-se pelos braços da garota, ainda subindo, fazendo os pelos do corpo dela arrepiarem com o toque áspero da palma dele.

Chegaram ao seu rosto e ele pôs fim ao beijo com um selinho demorado. Afastou o rosto alguns centímetros do dela, os olhos pequenos passaram a analisar cada detalhe da garota. Não seria estranho se ele soubesse responder quantas sardas ela tinha espalhadas por sua bochecha, já que os últimos meses vendo o nascer do Sol juntos lhe proporcionou momentos tão calmos que ele pôde passar as contando.

Encaixou a mão esquerda entre o maxilar e a orelha da garota, o indicador jogando o fio de cabelo que caía sobre seus olhso castanhos para trás e o prendendo atrás da orelha. Minho aproximou mais o rosto do dela e lhe deu outro selinho, afastando-se novamente apenas para analisar o sorriso tímido no rosto de Scar que sempre fazia seu coração acelerar.

Os olhos dos dois brilhavam ao se encontrarem, transmitindo, um para o outro, o mesmo sentimento apaixonado. Minho se ajeitou, esticando as pernas e abrindo espaço para que Scarllet coubesse em meio a elas. A garota arrumou o corpo, virando-se em direção ao Sol, as costas apoiadas no peito de Minho, que a envolveu com os braços, as mãos pousando em sua coxa e a apertando, atraindo o olhar de Scarllet. Seu rosto virou-se para ele, lhe dando a oportunidade de distribuir selinhos pelo o seu rosto antes que ela voltasse a olhar para frente, a cabeça deitando encostando em seu peito.

- Me lembrei de uma coisa. - ele anunciou em um sussurro próximo de seu ouvido. - Sobre o passado.

Scarllet franziu as sobrancelhas, pensativa. Ela sabia que havia recuperado suas memórias quando Hans retirou o implante em seu cérebro, mas até então não tivera tempo para pensar nelas. Estavam ali, em algum lugar, talvez chegasse a hora de recuperá-las.

- Do que se lembrou?

- De nós. Todos nós. Eu, você, Alby, Newt, Nick, Teresa, até mesmo Chuck. Erámos crianças, e estávamos sempre nos vendo à noite, as escondidas, tentando não ser pegos pelo CRUEL.

Ela tentou visualizar a cena em sua cabeça, mas as coisas ainda estavam um pouco turvas.

- Me lembro que, às vezes, eu buscava você em seu quarto, durante a madrugada, então nós caminhávamos as escondidas até o terraço e assistíamos o nascer do sol juntos. - ele sorriu, os olhos fechando-se automaticamente, algo pelo qual Scarllet era apaixonada. - Isso era uma tradição. Desde que éramos pequenos.

Ela retribuiu o sorriso.

- Recuperar as memórias não é tão ruim quanto você pensava, não é?

- É. - ele deu de ombros. - Há coisas ruins, mas valeu à pena. É bom saber de algumas coisas, no fim das contas.

- Eu não me lembro de muita coisa ainda. Vai. Me conte algo.

Alguns minutos se passaram em silêncio, enquanto observavam a luz da noite desaparecer, o Sol e a água, antes com reflexos alaranjados, tornando-se azul claro.

- Até mesmo lá, naquela época, eu era apaixonado por você.

   Scarllet sorriu, sentindo-se a pessoa mais amada do mundo naquele instante. Então, olhou nos olhos dele e sussurrou:

— Eu te amo, Minho.

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A Primeira - Maze RunnerWhere stories live. Discover now