Capítulo 4.5

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— Você não vai levar a minha filha para lugar nenhum! — rugiu o macho, a mão indo para o cabo da espada que pendia de sua cintura.

Ele era alto e musculoso, mas isso não intimidou a fêmea.

— Sua filha deveria estar sendo treinada há meses. Você desobedeceu ordens expressas do general, do Grão-Senhor e da Grã-Senhora — havia aço na voz da fêmea, ela não se dobraria ou cederia. — Sugiro que saia do meu caminho.

A cabana era simples, feita para suprir as necessidades básicas da família: servir de abrigo, proteger do clima gélido das montanhas e fornecer alguma privacidade. Não havia qualquer tipo de decoração, ninguém em Illyria perderia tempo com algo considerado banal. Se não possuía fins bélicos, era considerado dispensável.

O macho, maldito fosse, riu com escárnio para ela.

— Ela não vai treinar. Não até que as asas sejam cortadas — cruzou os braços, plantando os pés na melhor pose de autoridade que conseguiu, a voz cheia da arrogância de alguém que está acostumado a conseguir o que quer.

Emerie rosnou, os dentes à mostra conforme disse:

— Se você ousar chegar perto das asas dela, ou de qualquer outra fêmea, cortarei as suas mãos — foi a vez dela segurar o cabo da espada. — Já que gosta tanto de leis e tradições illyrianas, lembre-se dessa: eu sou carynthian, estou acima de você na hierarquia, assim como o Grão-Senhor Rhysand, a Grã-Senhora Feyre e o General Cassian. Se você, ou qualquer outro, desobedecer às ordens sobre o treinamento ou as asas das fêmeas, a punição vai ser severa. Talvez Nestha — o nome fez o macho recuar um passo, estremecendo — venha pessoalmente puni-los. Talvez a senhora Amren. Talvez todos eles.

Com isso ela usou o ombro para empurrar o homem para fora de seu caminho, deixando que a filha dele, uma illyriana de treze anos, passasse sem precisar encarar o progenitor.

O desgraçado as seguiu porta a fora, mas não fez menção de se aproximar.

— Seu pai sentiria vergonha se soubesse as coisas com as quais a filha anda se metendo — cuspiu as palavras.

Aquele desgraçado conhecia seu pai, sabia o que ele tinha feito para a filha e que tipo de macho desprezível era.

Ela cerrou os punhos, rangendo os dentes. Foi preciso todo o seu autocontrole para conter a vontade de avançar nele, de socar e mostrar o porquê havia vencido, com as amigas, o maldito Rito de Sangue deles.

Rindo amargamente, sem se dar ao trabalho de virar para o encarar, Emerie respondeu com fúria gélida:

— Ele pode queimar no inferno, pelo que me importo. Assim como você e qualquer outro macho miserável que pense da mesma forma.

A alguns metros da cabana, nove garotas esperavam pacientemente. Todas elas na faixa dos quinze, todas com as asas ainda intocadas.

Emerie as estava reunindo, em toda Illyria, acampamento após acampamento. Quando juntava um número considerável, chamava alguém do Círculo Íntimo para atravessá-las até a Casa do Vento, que havia se tornado a base provisória das Valquírias.

Assim, o pequeno exército delas crescia, formado por fêmeas de todas as idades que buscavam liberdade e a força para conquistá-la pelas próprias mãos.

Corte de Melodia e Luz Escarlate - ACOTARحيث تعيش القصص. اكتشف الآن