Capítulo 5

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O macho andava de um lado para o outro, inquieto.

Mais uma vez aquele sonho maldito: correntes, sangue, uma cela imunda e o choro incessante. Ele não entendia. Mesmo depois de tanto tempo, quando achou que tudo finalmente se acertaria, aqueles malditos sonhos voltaram.

Rugindo, ele arremessou uma xícara na parede, poder ondulando pela mansão. Respirando fundo, tentou se acalmar.

Era um macho racional, ou pelo menos pretendia ser. Não podia ter chiliques daquele jeito por causa de um sonho.

Mas não era qualquer sonho.

O cheiro... medo puro, tangível, misturado ao odor ferruginoso do sangue e ao salgado das lágrimas. Cada poro de seu corpo se arrepiava diante da lembrança. Uma fêmea cujo rosto ele não conseguia ver, tentando permanecer forte enquanto seu corpo e alma eram quebrados.

Por favor”, implorou com a voz trêmula, “não me machuque mais”.

Então, mais lembranças atravessavam sua mente.

Outra fêmea quebrada, implorando por liberdade. Lutando para conquistá-la. E ele não ajudou.

Deveria ter feito mais. Deveria ter lutado por ela, ao invés de assisti-la tentar nadar naquele mar de escuridão.

Escuridão. Aquilo era um mau sinal. A cela estava escura.

Não confie na escuridão, caminhe sempre sob a luz”, dizia sua mãe.

Morta. Infeliz. Quebrada. Por causa de seu pai, que era um bruto.

Bruto. Incontrolável. Poderoso. Grão-Senhor.

Como ele poderia ser diferente daquele macho desprezível?

— Senhor? — ele não ouviu os passos se aproximando, muito distraído com a corrente fluida e confusa de pensamentos, mas se recompôs com facilidade.

Pôs a máscara do Grão-Senhor. Força e estabilidade era quem precisava ser.

— Fale — não havia emoção na voz. Não havia nada.

Quebrado. Se montando. Sendo moldado.

Pare de pensar!”, ordenou aquela voz em sua cabeça, a quem ele chamava de “razão” ou “consciência”.

— Alguém se aproxima da mansão.

— Quem? — grunhiu.

Ameaça. Poder. Precisava conquistar o respeito e aprovação de todos, sem parecer fraco ou incapaz.

— Lucien Vanserra.

— Deixe que venha — ordenou Tamlin, indo para o único cômodo decente daquele lugar.

O quarto de sua mãe, onde tinha alguma paz.

O que acharam? Eu sei que esperavam a resposta sobre o poder que a Nestha sentiu vindo do Sidra, mas esse capítulo com o ponto de vista do Tamlin vai ser essencial mais pra frente, principalmente porque ele abre portas para a chegada oficial do Lucien (também chamado de Sabre de Luz) na fanfic.

Não se esqueçam de comentar e curtir, ok?

- Anny Fireheart

Corte de Melodia e Luz Escarlate - ACOTAROnde histórias criam vida. Descubra agora