Corte de Melodia e Luz Escarlate - ACOTAR

Capítulo 29

Dois dias depois, todo o Círculo Íntimo estava reunido na Casa do Rio para discutir quem de fato acompanharia Lucien para a Corte Diurna.

Nestha estava sentada ao lado de Cassian e ladeada pelas suas amigas valquírias, que seguravam os ombros da Archeron de modo gentil, mas firme. Rhysand estava sentado confortavelmente em uma poltrona, com Feyre em seu colo e Nyx exibindo os três dentinhos em um sorriso nos braços da mãe, o bebê completamente alheio ao clima pesado da sala. Morrigan e Amren dividiam um sofá espaçoso, meio deitadas e com os pés encolhidos, enquanto Azriel estava de pé próximo à janela, ficando o mais distante possível do filho de Beron.

O ruivo estava de pé, com as mãos nos bolsos da calça marrom e os olhos atentos avaliando cada um dos presentes, esperando pelo início do que prometia ser uma longa discussão. Ninguém havia falado uma única palavra até o momento, o silêncio tenso reinando no ambiente.

— O natural seria enviar você, Mor... — começou Rhysand, tão logo as gêmeas espectro se retiraram após deixar um bule fumegante de chá e uma prato de biscoitos na mesinha de centro, a voz dele soava clara em meio à quietude que havia se instalado.

— Mas? — perguntou a loira, sabendo que havia um “porém”.

Ela usava um suéter vermelho e leggin, com brincos, anéis e um colar dourado como adorno. Esse era o mais próximo que Lucien já havia visto dela vestida de forma casual, mesmo com todas as joias que usava.

— Mas precisamos que volte para Vallahan — continuou o Grão-Senhor, o semblante sério diante da ideia de ter que enviar a prima para longe em meio àquela confusão toda.

A única coisa que havia ficado clara durante aquele período foi que Velaris não era tão segura quanto pensavam. Afinal, a cidade havia sido invadida três vezes em cerca de um ano e meio. Nunca antes aquilo tinha acontecido, suas muralhas não eram penetradas há pelo menos cinco mil anos, até que foram traídos em uma tentativa de conseguir aliados para a guerra. Precisavam fazer algo a respeito, mas ainda não tinham descoberto como o sequestrador conseguiu passar pelas proteções sem soar o alarme ou desfazer os feitiços que guardavam a cidade.

— Achei que ficaríamos em casa até que essa confusão terminasse — foi a vez de Cassian falar, também desgostoso da perspectiva de ter a amiga longe e cercada de inimigos em potencial, ainda que sua estadia em Vallahan viesse com um acordo de proteção.

Não se podia confiar plenamente neles, pois haviam mostrado interesses pela causa de Hybern e se recusavam a assinar o novo tratado, o que não era nenhum sinal de boa fé.

— É o que queríamos — prosseguiu Feyre, enquanto Nyx mastigava uma mecha de seu cabelo castanho dourado. Ela gentilmente afastou o bebê de seu cabelo —, mas as fontes de Az dizem que a realeza de Vallahan está agitada com a súbita ausência de Mor. Eles começaram a se questionar se algo poderia ter acontecido, se talvez nos cansamos de esperar que assinem o tratado e ordenamos que ela voltasse para poder atacar sem que tenham uma refém.

— Isso é ridículo — grunhiu Cassian, já calculando quantas tropas tinham à disposição caso Vallahan decidisse fazer o primeiro movimento.

Os illyrianos estavam desgostosos por causa do recrutamento das fêmeas para treinar com as Valquírias, mas eles lutariam se precisasse. O general se asseguraria disso.

— Isso é política pós-guerra. Algo insuportável e delicado, que pode literalmente começar um novo conflito se tudo não for cuidadosamente manejado — afirmou Lucien, atraindo a atenção de todos para si. Ele tinha notado que Gwyneth o observava minuciosamente desde que ela havia entrado naquela sala, sem dúvida ainda estava sopesando a proposta dele e o modo como se comportava e interagia com os demais. — Então, Grão-Senhor, quem designará para me acompanhar?