Capítulo 10

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Voltem imediatamente para Velaris”, ordenou o Grão-Senhor, falando diretamente na mente de Amren e Morrigan.

Posso saber por que, Rhysand, você está interrompendo as minhas férias?”, havia irritação preguiçosa no tom da imediata, como um tigre raivoso ao ser acordado.

Elain foi sequestrada, é o que tudo indica”, foi sua resposta, “Feyre quer todos em casa imediatamente”.

Estou um pouco ocupada”, disse Mor, “mas vou dar um jeito”.

Ele encerrou a conversa mental. Azriel estava agachado ao lado da fonte despedaçada, o cenho franzido em concentração. Rhysand massageou as têmporas, estressado com toda aquela situação. Além do sumiço de Elain, ainda tinha que lidar com aquela obsessão cega de Az, que ele simplesmente não conseguia entender.

— Honestamente, Azriel, não sei o que dizer — começou.

O Encantador não fez sinal de que ouvia, mas Rhys sabia que ele estava atento a cada palavra e ruído. Era um instinto dele que havia sido polido ao longo dos séculos, principalmente devido à sua função de Mestre Espião.

— Depois de tantos meses, você continua agindo como se ela fosse a única fêmea em toda a Prithyan — murmurou. — Mas agora passou de todos os limites. Atacar Lucien, principalmente em tal situação, foi extremamente perigoso e inconsequente.

— Eu poderia dilacerá-lo com uma das mãos amarrada às costas — grunhiu com violência, claramente fora de si.

— E isso geraria uma guerra! — Rhys arregalou os olhos, surpreso com o excesso de confiança do irmão e indignado pela falta de racionalidade dele. Entre todos os seus amigos, Azriel era o mais propenso a não se meter em brigas desnecessárias. Amren e Mor, quando provocadas, se transformavam em verdadeiras bestas sanguinárias e o sobrenome de Cassian poderia, facilmente, ser confusão e pancadaria.

— Contra quem? Beron, o canalha, não começaria uma guerra que pode perder, principalmente não pelo filho que sempre desprezou. A bem da verdade, — riu com escárnio — não acho que ele começaria uma guerra por qualquer um de seus filhos, mesmo o querido Eris.

— Beron está atrás de quaisquer desculpas que possa utilizar para entrar em guerra — pontuou. — E você, entre todas as pessoas, deveria saber disso. Por favor, Az, por favor, esqueça Elain.

— Eu não posso! — elevou o tom de voz — Acha que não tentei? Acha que eu gosto de desobedecer uma ordem sua, por mais estúpida que seja?

Então, ele se virou para Rhys, as narinas dilatadas e as mãos cerradas ao lado do corpo. Os sifões brilhavam levemente e sombras se acumulavam por trás das asas enormes, que ele manteve bem fechadas. Rhysand, cauteloso, começou a reunir poder, preparando-se para abafar uma possível explosão do irmão.

— Por meses eu tentei ficar longe dela. Fracassei — praticamente cuspiu a palavra. — Dia após dia, tudo em que conseguia pensar era nela. Antes mesmo de desejá-la, Rhys, Elain era minha amiga. Uma semelhante. Alguém que tinha um poder incomum, que entendia a solidão de ser diferente e o que isso faz com alguém.

— Você não está sozinho — murmurou Rhys.

— Você tem Feyre e, agora, Nyx. Cassian tem Nestha. E eu? Não mereço uma parceira?

E ali estava: o ressentimento por continuar sozinho, por não ter uma igual, alguém com quem passar a eternidade.

Azriel amava os irmãos, estava feliz por eles, era amigo de suas parceiras e faria qualquer coisa para vê-las sorrir e garantir que estivessem protegidas. Exatamente por isso ele se sentia tão solitário. Vendo os irmãos tão realizados, construindo a vida que sempre sonharam, começou a perceber quão solitária e infeliz era a sua existência, fadado a apenas assistir a felicidade alheia. O Caldeirão, aparentemente, não o achava digno de uma parceira.

É isso que me tornei?”, pensou o illyriano, “Um macho desprezível e sozinho, que se ressente pela felicidade dos próprios irmãos? Quando eu acho que não posso ser pior...

— É claro que você merece — respondeu solenemente o irmão, as palavras tirando Azriel da espiral de pensamentos. — O problema é que ela não é sua, Az. Nunca foi. Elain tem um parceiro, alguém que foi destinado a ela.

— Alguém que ela nunca quis — retrucou. Ele sabia que suas ações, os flertes e todo o resto, eram errados de muitas formas, por mais retrógrados que considerasse aqueles costumes estúpidos.

— Certamente a sua insistência em se mostrar como uma opção não deve ter facilitado — semicerrou os olhos para ele, acusatório. — Você merece alguém certa para você. Alguém que não esteja atada a outro macho, mas que seja irrevogavelmente sua. Para que possam viver livres e felizes e, acima de tudo, sem ter que se preocupar que outra pessoa apareça para se meter no meio de vocês.

— Ele não seria louco o suficiente... — ameaça em cada palavra, o suficiente para Rhys saber que Azriel precisava ser parado ou haveria sangue entre ele e o ruivo.

Basta — era o Grão-Senhor quem falava, ordem e autoridade em sua postura e voz. Rhysand não gostava disso, de falar e agir assim com a família, mas era necessário. — Você vai ficar longe de Elain Archeron, não vai sequer chegar perto dela sem minha permissão ou a de Feyre.

Azriel enrijeceu, atento a cada palavra, procurando alguma brecha pela qual se esgueirar, para contornar a ordem. Aquilo era absurdo, o cúmulo do ridículo. Não lhe surpreendia que Rhys tomasse o lado de Lucien, não quando ele já havia estado naquela posição, sendo o parceiro ignorado em favor de outro macho.

— Não peço para que seja amigo de Lucien, por mais que ele não tenha feito nada para instigá-lo à inimizade. No entanto, você vai respeitá-lo e, até que Elain tenha rejeitado o laço oficialmente — frisou a palavra —, não se aproximará dela ou perturbará Lucien. E não ouse pensar em incentivá-la a repudiar o laço de parceria, isso deve ser uma decisão dela.

Rhys suspirou, cansado e triste por ter que fazer aquilo com o Encantador, mas disse:

— Se desobedecer, Mestre Espião, serei forçado a puni-lo.

Trincando a mandíbula, Az deixou que as palavras se assentassem. Apenas uma vez Rhys tinha punido alguém do Círculo Íntimo, séculos atrás, e ninguém ousou contestar. O Encantador sabia que se continuasse insistindo, nem mesmo Cassian ficaria ao seu lado.

— Ao menos deixe-me trabalhar para encontrá-la — pediu.

— Essa decisão caberá a Feyre.

Azriel mordeu a própria língua, o suficiente para sentir o gosto ferruginoso do sangue. Não era o melhor momento para contestar uma decisão de Rhys, ele sabia que a paciência do irmão estava por um fio muito, muito, fino.

— Vamos encontrar os outros, então. Antes que Nestha venha nos arrastar pelas asas — suspirou, indicando a porta com o queixo. Estendeu um pedaço de mármore para o irmão, dizendo: — Veja o que encontrei.

Rhys pegou o mármore, franzindo o cenho ao analisá-lo. Não disse nada ao seguir para dentro da casa, sem se virar para ver se Azriel o seguia ou tinha ido para outro lugar, para evitar o filho de Beron.

Olá, como estão?

Caramba, acho que esse foi um dos capítulos mais longos que já escrevi. Mais de mil palavras! Falando em mil, já viram que a fanfic atingiu mil vizualizações? MIL!

Estou muito feliz, sério. Muito obrigada a todos/as/es que estão acompanhando.

Vou tentar lançar um novo capítulo no fim de semana, vai depender do meu ritmo de escrita. Estou tendo tantas ideias para a história, vocês não tem noção do que está por vir!

Curtam e comentem o que estão achando, ok? O feedback de vocês me ajuda muito e me incentiva a continuar postando. Pra quem quiser me acompanhar mais de perto, meu user no twitter é @anny_fireheart =)

- Anny Fireheart

Corte de Melodia e Luz Escarlate - ACOTARWhere stories live. Discover now