Capítulo 15

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Andando em círculos pela biblioteca enquanto fazia um inventário de cada objeto na sala que poderia ser transformado em arma, Nestha Archeron vigiava Feyre e Amren com olhos atentos. Aquele era um passo avançado da Mente Silenciosa, a técnica para acalmar o corpo e focar na mente. Ela vinha aperfeiçoando aquilo desde que haviam saído do Rito de Sangue, foi o último estágio que Gwyn lhes ensinou antes de começar a faltar aos treinos e evitar as amigas completamente.

A saudade da amiga a atingiu como uma onda que encontra o litoral, causando uma pontada dolorosa em seu peito. Aquele sentimento poderia consumi-la, ela sabia, então fez o que havia aprendido: reconheceu a presença daquele pensamento, a dor que vinha com ele, e o deixou ir.

Eu sou a rocha contra a qual as ondas quebram”, repetiu para si mesma.

Então Feyre mexeu o dedo mindinho. Foi um movimento ínfimo, pequeno e contido, mas o suficiente para o olhar atento da mais velha das Archeron. Em seguida, Amren suspirou audivelmente e se ajeitou na poltrona que ocupava.

— Lembro de ter dito explicitamente que queria privacidade — resmungou a anciã enquanto buscava uma posição confortável.

— Rhys disse que você arrancaria as bolas dele se tentasse entrar — deu de ombros, pegando o bule de chá e servindo uma xícara para as duas fêmeas. — Respondi que, se ele ficasse no meu caminho, você não precisaria sujar as mãos.

Amren deu um de seus sorrisos selvagens, gostando da resposta, e aceitou a xícara fumegante que Nestha estendeu para ela.

— Não encontraram nada, não é? — indagou, notando a quietude de sua irmã mais nova.

O semblante da imediata ficou sério, as sobrancelhas franzidas de frustração ao dizer:

— Vasculhamos todas as memórias que possuo sobre alfabetos rúnicos. Nenhum deles se assemelha às que Azriel encontrou na fonte.

Rhysand materializou-se ao lado de Feyre, a mão indo para o ombro da esposa enquanto Cassian, que surgiu agarrado ao antebraço dele, deu três passos largos para se colocar ao lado de sua parceira.

— O que faremos agora? — o general perguntou, acariciando a lombar de Nestha com o polegar.

— Com sorte, vamos encontrar essa informação em livros antigos — disse Feyre, a voz trêmula de quem fazia esforço para controlar as emoções, tentando soar como a fêmea centrada que uma Grã-Senhora precisava ser. — Vamos mandar uma carta para Helion.

— É melhor vasculhar primeiro em nossas próprias bibliotecas. — aconselhou Rhys e, por causa do olhar interrogativo de sua cunhada, explicou: — Confio em Helion, mas não podemos ter certeza de que a notícia do sumiço de Elain ficará contida uma vez que saia de Velaris. Falarei com Clotho sobre isso e pedirei que coloque suas melhores sacerdotisas na busca — assegurou com os olhos cheios de determinação pulsante.

Ele sempre havia gostado de Elain, lembrou-se Nestha, e estava fazendo tudo que podia. Não era o inimigo e a responsabilidade pelo desaparecimento da irmã dela não lhe pertencia.

— Gwyn poderia ajudar — sugeriu Cassian cautelosamente, sentindo o corpo da parceira enrijecer.

Uma nova pontada atingiu o coração de Nestha à menção da amiga. Cassian estava certo, Gwyn era uma das melhores sacerdotisas daquela biblioteca, mas ela não tinha ideia de como poderia pedir algo para a amiga que não via há meses. Ela se forçou a controlar a respiração, inspirando e expirando lenta e profundamente, até acalmar seu coração galopante.

— Se ela receber a ordem... — Amren enrolava uma mecha de cabelo no dedo fino e cheio de anéis, encarando a prateleira abarrotada de livros às costas de Nestha — não creio que dirá não.

— Ninguém vai ordenar nada — Nestha mostrou os dentes, olhando de forma desafiadora para todos eles. Cassian tirou a mão de sua coluna e colocou o braço sobre os ombros dela, sem dúvidas para lembrá-la de se conter. Ela tentou relaxar sob o toque dele. — Gwyn nem mesmo tem comparecido aos treinos, não creio que ela vá aceitar se envolver com algo tão... complicado.

— Se seu Grão-Senhor e Grã-Senhora precisam da ajuda dela, é seu dever como cidadã da Corte Noturna ajudar — a anciã retrucou, não dando importância para o descontentamento de Nestha. — Mesmo porque, estamos à beira de um conflito desconhecido e perigoso. Isso afetará a vida de todos, incluindo a ela e àquelas que vivem sob a proteção de Rhys e Feyre na biblioteca sob a Casa do Vento.

— Eu falarei com ela — a voz de Azriel soou alta e límpida às costas de Nestha.

Ela nem mesmo tinha notado a chegada do Encantador de Sombras. De fato, um espião perfeito.

— Há muitas sacerdotisas naquela biblioteca — disse Feyre, os olhos cautelosamente avaliando a irmã mais velha, como se Nestha fosse saltar na garganta de qualquer um que tentasse a contrariar. — Certamente, a ajuda de Gwyneth seria muito bem vinda, mas não vamos forçá-la a nada. Entendido? — olhou para todos ali, o aviso claro em seus olhos azuis. — Fale com ela, — assentiu para Azriel — mas se disser não, pediremos a Clotho que procure outra pessoa.

Amren bufou, mas não contrariou a ordem. Ninguém ousou contestar, nem mesmo Nestha e seu desespero por respostas. Aquela era a palavra final e seria seguida.

Como estão?

Minhas aulas voltam no próximo mês, então a frequência de postagem vai diminuir. Estou tentando deixar o máximo de capítulos prontos para não afetar tanto assim a história, mas ando enfrentando um bloqueio de merda que está me atrapalhando muuuito.

Curtam e comentem o que acharam, ok?

Beijos,

- Anny Fireheart

Corte de Melodia e Luz Escarlate - ACOTAROpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz