CAPÍTULO CINCO

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  A conversa entre Mierra e Marcos parecia que não terminaria cedo. Olhava pela vidraça dentro da cafeteria e Mierra já não estava com tanta paciência. Pelos gestos que fazia ela tentava explicar algo a Marcos. Eles não estavam se entendendo.
  A noite já surgia com sua lua esplendorosa. O vento bagunçava meu cabelo e eu senti um desejo de passear pelas ruas da cidade, coisa que há muito tempo eu não fazia.
  Talvez aproveitasse para comprar linha e agulha. Ia fazer reparos em algumas roupas que tinha em casa. O armarinho da senhora Constância era ótimo pra isso.
  Ela ficou feliz em me ver. Perguntou por mamãe e mandou abraços para o Roger. Paguei a compra e sai antes que ela me fizesse perguntas sobre o casamento ou em que momento Roger e eu teríamos filhos.
  Do outro lado da rua havia um carrinho de sorvete. A casquinha de baunilha era perfeita. Comprei uma e continuei a caminhada pelo centro.
  Estava imersa em meus pensamentos. Cada lambida no sorvete era uma ideia nova que seguia. Pensava sobre o que faria dali em diante. Eu era esposa até então. Não tinha profissão. Como faria para me manter? Por sorte Roger me deixara a casa. Se não fosse isso estaria em situação ainda pior.
  Eu deveria voltar a costurar . Era o que sabia fazer. Ou cursar algo. Ir pra faculdade? Talvez eu estivesse velha demais para os estudos.
  Sem me preocupar, adentrei uma viela não tão estreita. Já tomava o caminho de casa quando peguei o celular para avisar Mierra que tinha ido embora.
  A luz do poste falhava algumas vezes até finalmente se apagar, em seguida os outros logo à frente tambem piscaram suas luzes até deixarem de funcionar.
  A bateria fraca do celular me impedia de ligar a lanterna. E como estava no meio do caminho, o melhor seria continuar até sair dali e voltar para o caminho de casa.
  - Spencer? Está armado? - Uma voz grave em meio a escuridão ecoou pela viela.
  Me mantive em silêncio. Como assim? Quem estaria armado? Algo me dizia que não era bom.
  - Não quer falar, não é? Tudo bem, faz parte. Eu trouxe a mala com o dinheiro. Espero que pague o agente e me livre daquele inspetor - continuava a voz do estranho.
  Já suava frio. Segurava minha respiração ao máximo. O homem pensava que eu era aquele tal de Spencer. Mas eu não passava de uma distraida que estava no lugar errado e na hora errada.
  - Eu deixarei a mala próximo ao poste. As luzes vão se acender e caso haja algum erro me mande um e-mail, mas um único apenas. Não podemos ser rastreados
  Pude ouvi-lo colocando a mala no chão.
  - Tem alguém aí! - Uma outra voz veio do lado oposto.
  - Spencer? - indagou o primeiro homem.
  - Sim. Me atrasei.
  - Spencer, achei que estivesse falando com você. - comentou em meio a escuridão.
  - Como assim? Há mais alguém aqui?
  Ninguém podia ser visto naquela viela escura.
  - Droga, Spencer. Tem alguém nos ouvindo. Escutou tudo o que eu disse.
  - Peça para acenderem as luzes. - sugeriu o outro estranho que chegou atrasado.
  - Não posso. Há câmeras aqui. Merda! - houve uma pausa - Spencer, vá se aproximando. Seja quem for está ente mim e você. Precisamos pegar essa pessoa.
  Onde eu havia me metido? Há pouco tempo bebia um chá gelado com uma amiga e naquele instante estava prestes a ser pega por dois supostos bandidos..
  - Ei - gritou - acho melhor aparecer. Será pior se tivermos que correr atrás de você - ameaçava.
  Se eles me pegassem eu estaria perdida. Era mais que óbvio que o que eu ouvira ali os comprometia. Jamais me deixariam sair viva, mesmo que eu prometesse ficar calada.
  Era tudo ou nada. Correr ou morrer.  Não desejava terminar morta numa vala.
  Tomei ar nos pulmões e deixei o suor escorrer pela testa. O coração estava disparado e eu pensava na merda que estava acontecendo.
  Esperei os passos dos homens se aproximarem e finalmente explodi numa corrida de olhos fechados. Se eu alcançasse a luz estaria segura. Os homens não sairiam do breu por conta das câmeras.
  Senti de leve a mão de um deles tocar meu braço e eu gritei aflita com a possibilidade de ser capturada.
  - É uma mulher. Vamos atrás dela, Spencer.
  Eu corri o mais rápido que pude. Apenas queria alcançar a rua iluminada.
  - Não podemos sair daqui agora. Que merda!!!! Ela está indo para fora da viela.
  Aparentemente eles haviam desistido de me perseguir no meio do caminho. Mas não me detive e só parei de correr quando cheguei a rua iluminada.
  Desesperada trombei com um casal de velhinhos e apenas tive tempo de chorar de desespero com a possibilidade de ser morta

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now