CAPITULO VINTE E SETE

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  Ao me ver caminhando em direção ao carro Mierra assoviou fazendo uma piadinha tola.
  - Se eu não fosse hetero te pegava, Sam!
  - Cale a boca, Mierra. Não sei onde eu tava com a cabeça de ter aceitado comprar um pedaço de pano desses! - Reclamei sentando no banco do carona. Puxei a barra do vestido que havia subido muito ao me sentar.
  - Não resmungue, garota! Você está linda! Onde estava escondida tanta beleza, hein?
  Do outro lado da rua o homem de terno acenou para nós duas no carro. Mierra me olhou confusa.
  - Conhece esse maluco?
  - São seguranças. - respondi.
  - Seguranças de quem? - Mierra já pisava na ignição após ligar o carro.
  - Caleb os contratou para vigiar a minha casa.
  - Ah, tá falando sério? Vigiar a casa ou os seus passos? Saber o que você anda fazendo? Eu tô te dizendo que esse Caleb não é de confiança.
  - Para de ideia, Mierra. Eu sofri um atentado essa semana. Se esqueceu?
  - Não, não me esqueci. O que não entendo é esse Caleb rondando você e a sua casa.
  O carro já andava e o vento balançava as mechas soltas no rosto.
  - Caleb sumiu por esses dias. Não o vi mais.
  - Tá vendo!!!!! Ele esconde algo. Se fosse você me asfaltaria desse indivíduo. Quando falo algo é batata!
  - Ok, Mierra. Apenas dirija. Depois falamos disso.
 

  A entrada da festa no hotel era suntuosa. Havia uma larga fila de fotógrafos espalhando flashes e barulhos de cliques pela escadaria de acesso à porta. Os hotéis Monroe sempre chamavam a atenção da imprensa da região devido a sua importância.
  Um manobrista gentilmente se ofereceu para estacionar o carro e Mierra e eu fomos em direção a pequena fila para entrar.
  Eu não frequentava um evento daqueles há muitos anos. Nem sabia como me portar. Ao menos dei graças a Deus por ainda me lembrar de como manter o equilíbrio em cima daqueles saltos.
  Mas sentia que faltava pano no meu vestido. Alguns homens passavam reparando meu corpo de baixo a cima, chegava ao ponto de me sentir nua.
  - Estou tão empolgada com isso aqui. Olha o som da música!! -Mierra inventava um passinho de dança qualquer totalmente eufórica.
  - É. Parece divertido. - forcei um certo ânimo.
  - Samantha?
  Eu conhecia aquela voz rouca.
  - Roger? oi!
  Se tivesse me programado para encontrá-lo talvez não tivesse dado certo. Ele estava só vestindo uma camiseta polo e uma calça jeans escura.
  Roger analisou meu corpo completamente, parecia que nunca havia me visto. Não estava acompanhado de sua atual esposa.
  Quando pensei em apresentar Roger a Mierra ela havia sumido. Maldita!!!
  - Nunca imaginaria encontrá-la aqui! - Roger sorriu sem jeito, meio que em choque com relação a algo.
  - Ah, vim acompanhar uma amiga. Mas ela sumiu - procurava por Mierra na multidão, mas sem sucesso - Você sabe que não gosto de festa. Roger!
  Roger estava logo atrás de mim na fila, mais próximo do que eu gostaria.
  - Bem, lembro de muitas coisas sobre quando éramos casados. Mas com certeza não teria me esquecido de ter te visto tão...
  A pausa dele para me reparar me gerou um certo desconforto.
  - Tão o quê?
  - Tão bonita. - parecia um suspiro.
  Acho que Roger havia se esquecido que a atual esposa dele estava grávida e que ele era comprometido.
  - Ah, obrigada. - olhava para mim mesma fingindo que estava tudo bem .
  - Está realmente muito bonita. Não poderia deixar de dizer. Que coisa, Sam!
  Talvez eu tivesse gostado de ouvir aquele elogio alguns meses antes. Mas no momento desejava apenas me afastar daquele homem.
  - Bom, acho que vou procurar a minha amiga. Divirta-se, Roger. Até mais!
  Ele me segurou pelo braço bem no momento em que ia entregar meu ingresso ao segurança da entrada.
  - Espera. Está acompanhada de algum homem?
  Olhei para a mão dele me prendendo e isso me irritou profundamente.
  - Não, por quê?
  Roger hesitou por alguns segundos desprendendo a mão do meu braço.
  - Por nada... por nada. Boa festa pra você também. Toma cuidado com esses caras, tá bem?
  E por um breve momento podia jurar que meu ex-marido estava arrependido de ter me deixado. Era visível o encanto com que ele me olhava. Mas talvez não fosse para mim sua atenção, e sim para aquela Samantha com uma roupa sexy apelativa e cheia de curvas. Ele nunca gostou de mim de verdade.
 

  Fui caminhando para o interior da festa me sentindo completamente deslocada. Esbarrava a todo instante em uma e outra pessoa. Sorria e pedia desculpa um pouco tímida.
  Finalmente havia encontrado Mierra tão perdida quanto eu na multidão.
  - Graças a Deus. Toma! - Disse Mierra me entregando uma taça de champanhe.
  - Menina, você sumiu. Onde estava?
  - Fui ao banheiro. Estava apertada demais. Desculpa, Sam!
  - Ah, tudo bem. Acabei de encontrar meu ex-marido na porta. - dei um gole no champanhe.
  - Jura?????? E aí?
  - Ah, o cumprimentei. Nada demais. Vida que segue.
  - Isso mesmo, Sam. Não dê mole pra macho não. A maioria não vale meia pataca.
  O som da música já me fazia falar um pouco mais alto para ser ouvida. E estava realmente animada aquela festa.
  A taça de champanhe que Mierra me trouxera logo se tornou uma segunda, terceira ou quarta até eu não conseguir contá-las mais. Porém , misteriosamente, ainda era capaz de me manter ereta em cima daqueles saltos apesar de todo aquele alcool.
  - Me liga - disse um estranho bem perto do meu ouvido ao passar por mim.
  O olhei e ele sorria em minha direção; me questionava se o conhecia de algum lugar, mas pelo visto não.
  - Eita, Sam. Parece que metade dos homens dessa festa te querem. Bendito vestido de alça, hein! - disse Mierra me fazendo dar um giro. Dessa vez quase caí.
  - Homens são uns cretinos!!! - Gritei eufórica.
  Bom, nesse momento não era a Samantha pura que falava. O álcool já samambava na minha corrente sanguínea.
  - São sim, amiga. Morte aos machos!!!!!!! Morte ao penis!!!!!
  - Morte ao penis! - repeti gritando e tomando mais um gole em minha taça.
 

  - Mierra, vou ao banheiro rapidinho. Acho que esse álcool fez minha bexiga encher muito rápido.
  - De novo!????? Não vá dizer que terei de acompanhar você novamente.
  - Não precisa. Toma, segura minha bebida.
  Mierra já estava um pouco alterada também.
  Eu fui devagar ao banheiro para evitar me desequilibrar. A sensação do álcool no organismo me deixava leve feito uma pluma. O som parecia mais nítido e minha pele mais sensível que o normal.
  Cerrei os olhos para decidir qual lado entrar. Era um corredor que bifurcava entre banheiro masculino e feminino. Ao mesmo tempo que me localizava tentava me manter equilibrada sobre aqueles sapatos.
  - Posso ajudar você?
  Roger estava escorado na parede do lado masculino dos toaletes e me observava de uma maneira bem esquisita.
  - Não, eu apenas vou ao banheiro.
  - Eu cuido de você, está completamente bêbada. Vem comigo.
  Roger me puxou pelo pulso, mas eu resisti.
  - Me solta. Eu não vou a lugar algum, Roger!
  Eu não queria mais nenhum contato com meu ex-marido. Desejava que ele ficasse bem longe de mim. Porém a força que ele usava para segurar  meu braço me dizia que eu estava bem encrencada naquele instante.

NOTA: Aí que saudade do meu ex. Sqn

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now