PARTE II - CAPÍTULO 16

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Após mais de uma hora e com imensa dificuldade — meu tornozelo estava o dobro do tamanho — chegamos a beira da pista. Rebeca estava a frente, olhando para os lados, verificando se era uma situação segura. Acho que ela estava bem mais acostumada a fugir e se camuflar que eu.

O pequeno recuo repleto de arbustos no acostamento camuflava parcialmente o carro dela. A placa da frente estava tapada com fita isolante.

— Aperte bem o cinto, Samantha. Se formos seguidos eu não pensarei duas vezes em pisar no acelerador.

Obedeci ao comando dela.

Ainda era tomada por uma imensa curiosidade. O que eu tinha a ver com toda aquela história?

— Mas qual foi seu plano, Rebecca??? Pelo visto deu certo — Supunha.

Rebecca estava muita atenta à direção. Parecia pronta para qualquer imprevisto.

— Bom, eu usei a rixa entre as duas agências de assassinos de aluguel para criar o enredo da minha falsa morte. E além disso, envolvi o irmão de Conrado na história. O tal de Caleb. Eu nunca soube porque não se gostavam, porém, se Conrado acreditasse que o irmão havia me matado a mando da X-rent, isso ganharia uma proporção pessoal...

Ela ainda não explicava o que eu tinha a ver com toda aquela situação. Como fui parar no alto daquela colina? O máximo que lembrava era do saguão do hotel e da coronhada que Raquel me desferiu.

— Então... Quando ainda estava presa na mansão, costumava ter pesadelos com esse homem parecido com Caleb  — Mencionei quebrando o breve silêncio — só que ele tinha olhos azuis, como disse antes. Quase  sempre sonhava com ele... Esse Caleb , o verdadeiro... Ele eu temos algo em comum?

Rebecca riu de mim.

— Não lembra de nada, não é?

Assenti com pesar. Desejava muito recobrar minhas memórias. Me sentia tão vulnerável e manipulável sem elas!

— Olha, Samantha... — Começava — Nesses meses que me finjo de morta andei pesquisando muita coisa. Conrado tornou-se  meu inimigo número um assim que fugi. Claro que ele acreditaria por um tempo naquela história de falsa morte, mas algo dentro de mim dizia que uma hora ou outra ele descobriria verdade — Rebecca tossiu levemente — E sabe aquele ditado que diz: "mantenha os amigos por perto, e os inimigos ainda mais"?

Assenti outra vez, concordando com ela.

— Foi o que fiz. Eu usava essas roupas para me camuflar e vigiar o que acontecia na mansão. Sondar cada passo de Conrado. Aí, um belo dia percebi uma movimentação diferente na casa e vi você na varanda do quarto.
"Inicialmente super acreditei que meu ex-marido havia seguido em frente  e casado de novo. Porém, por acaso, lembrei de algo que Conrado comentara uma vez com uns amigos... Que um irmão havia se apaixonado por um dos alvos. Na época eu não sabia que ele era assassino — ou o que significa "alvo" — e deixei isso para lá. Porém, ao vê-la aqui tudo fez sentido.

— Como assim??? Para mim ainda não fez sentido algum! Ser alvo significa o que exatamente? — Disse frustrada.

Quando a faixa de praia sumiu avistei uma placa onde dizia "linha amarela". Era uma pista de asfalto longa que passava por entre algumas comunidades cariocas.

— Samantha, você e o irmão de Conrado tinham uma relação. Porém, antes disso, o irmão de Conrado fora contratado para te ma*tar. Mas Parece que ele acabou se apaixonando  perdidamente por você durante o serviço que deveria ser feito!— Me respondera ela finalmente.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now