PARTE II - CAPITULO 21

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*Samantha*

Os dias iam passando o tempo para me fazia acostumar com  as feridas e ressignificar o alguns meados — mas não fazê-los desaparecer. As vezes eu queria muito voltar para casa — no interior de São Paulo — Mas Rebecca me convencia a esperar mais um tempo. E ela tinha razão.

Com o tempo também tomei  mais coragem
Para finalmente fazer um passeio pela cidade histórica de Petrópolis. Eu quase não saia se casa, Rebecca era a única que ia ao mercado para fazer compras e buscar coisas. A única vez que me afastei do chalé desde que chegara fora para o hospital municipal, quando soube que havia abortado o bebê.

— Hoje podemos fazer um tour pela cidade. Acho que vai gostar muito de ir ao palácio imperial, à casa de Santos Dummont e ao hotel
Quitandinha. — Rebecca vestia um par de brincos em frente ao espelho.

— É uma boa ideia! Parece interessante mesmo! — Esboçava algum ânimo — Quando passamos pelo centro da cidade no dia em que cheguei  fiquei bem interessada.

Rebecca sorriu satisfeita.

— Eu te disse: aqui não tem praia, mas tem história, mulher. — ela abotoou o Jeans da calça — Te espero lá embaixo. Não demore pois os passeios guiados costumam esgotar cedo.

~*~

Eu vestia um vestido de tecido leve e florido. O dia ensolarado persistia nos últimos dias e pedia uma roupa solta e agradável. Acho que também refletia meu estado de espírito, pois eu me sentia razoavelmente bem e  confortável.

Petrópolis era um lugar de ar doce e refrescante. Não aparentava muita movimentação apesar de Rebecca me alertar que a cidade vinha sofrendo com aumento da violência nos últimos anos. Pela manhã o trânsito era calmo e eu era capaz de sorrir com algo bobo, como ver me pela janela do carro uma senhora de idade sorrindo ao comprar pão na pequena padaria. Ou então avistar crianças correndo pela calçada em direção a escola e os demais comércios abrindo.

Começamos nossa visita pela casa que fora de Santos Dummont. Era uma gracinha olhando por fora. Ficava no alto de um pequeno morro, parecia uma casa na árvore, uma arquitetura lúdica.

Subimos a escada estreita e acessamos a pequena sala. Era uma casa minúscula de madeira mas muito elegante por dentro. Havia cartas e algumas pequenas invenções dele expostas pelo cômodo.

— Caramba, isso tudo é incrível ! — Dizia deslumbrada girando 360 graus.

Rebecca já havia estado ali, então não sentia o mesmo impacto de primeira vez que eu sentia.

Tiramos algumas fotos e  em seguida fomos para o hotel Quitandinha, que parecia ser o preferido de Rebecca, tamanha era sua empolgação para a visita .

Antes de entrarmos no carro compramos uma casquinha de sorvete — de creme — o que deixava tudo mais perfeito do que já estava.

Pelo caminho, Rebecca ligou o carro e a rádio tocava a música "Tô nem aí" da Luka, uma canção antiquerrima.

— De mãos atadas... — Começou ela olhando pra mim.

— De pés descalços... — Completei me lembrando da canção.

— ...Com você meu mundo andava de pernas pro ar...

Parecíamos duas adolescentes se divertindo, como se tivéssemos fugido da escola para passear por algum lugar qualquer.

Mas meu riso foi sumindo conforme meus olhos percebiam um carro preto nos seguindo desde que havíamos saído da casa de Santos Dummont rumo ao Hotel Quitandinha.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora