CAPÍTULO DEZENOVE

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      O barulho do motor do carro ficava  mais alto conforme Caleb pisava com força no acelerador. Eu olhava angustiada para trás percebendo que não importava o quanto corrêssemos, o carro que nos nos perseguia estava cada vez mais perto.
  Caleb virou o volante todo para a direita e , por inércia, meu corpo tombou na direção contrária. Precisei me segurar no banco. Com a curva brusca, os pneus do carro derraparam no asfalto fazendo um barulho de borracha quase derretendo pela pista.
      Não foi o suficiente para sumir da mira daqueles estranhos perseguidores. Pelo retrovisor lá estavam eles velozmente atrás de nós novamente.
      Olhei para Caleb e ele estava muito concentrado , ora olhando a pista a sua frente ora observando os retrovisores. Eu suava frio, já Caleb parecia brincar de Kart.
      Aos poucos a distância entre nosso carro e o que vinha logo atrás diminuiu. Foi questão de poucos minutos para que aquele automóvel preto estivesse pareado lado a lado com o nosso.
      Os vidros do carro eram fume então não pude ver quem dirigia. Ele tentava nos arrancar da pista jogando o automóvel em cima do carro de Caleb. Ouvi o impacto e gritei levando as mãos ao ouvido. Isso se repetiu duas vezes, porém Caleb mantinha as mãos firmes no volante e o olhar não vacilava. O vizinho parecia muito determinado.
      - Se segura, Samantha. Agora é a nossa vez!
      Cravei as unhas no estofado de couro do banco, notando que Caleb tomava uma distância considerável do carro que nos seguia.          Aproximávamos de uma curva muito fechada e quando pensava que Caleb giraria o volante para fazermos a tal curva, ele pisou subitamente no freio com força e nosso carro parou de maneira muito brusca. Se eu não estivesse com cinto teria voado pelo painel do carro.
      Caleb conseguira frear o carro bem na curva, o que a tornava ainda mais estreita para quem vinha atrás. O carro preto até que tentou diminuir a velocidade, porém era tarde demais.
      O motorista perdeu o controle ao tentar desviar de um hidrante que havia bem na calçada e o carro cambaleou com os pneus no asfalto queimando. Fora o suficiente para a traseira do automóvel se erguer após os freios funcionarem e aquele monte de lata girar pelo ar em piruetas. Duas ou três. Capotou. Meus olhos eram incrédulos no que viam bem a frente.
  Sem hesitar, Caleb pisou outra vez no acelerador e disparamos pelas ruas, sem perder tempo.
      - Acho que agora esses ratos não vão nos seguir mais! - Ele sorria muito satisfeito, como se tivesse vencido uma competição em um videogame - Acho que não posso te deixar sozinha mais, Samantha. Você não sabe se cuidar, garota! Talvez fosse mais seguro você se jogar de um prédio de uma vez...
      Caleb mantinha uma alta velocidade enquanto me dava um sermão que eu fingia não ouvir.
      - Está com fome? - perguntou ele calmamente tentando quebrar o meu silêncio.
      - Não! Como que estaria com fome depois disso?  - respondi desanimada olhando para a paisagem do lado de fora.
      - Bom, vou te levar para comer mesmo assim.
      -Cara, não faz sentido. Eu não vou comer agora! Estômago embrulhado.
  E como se minha opinião nada importasse, Caleb rumou pata o Coffe Breath.
 

      Fiquei sentada na mesinha enquanto Caleb falava algo no balcão. Um atendente simpático sorria e assentia para algo conforme Caleb falava.
      Ele retornou a mesa sem muita pressa, exalando calma. Puxou a cadeira sentando-se de frente para mim. Era como se tivéssemos chegado de um lindo passeio e não que tínhamos acabado de ver um carro capotando três vezes bem na nossa cara.
      O sol da manhã iluminava seu rosto o deixando incrivelmente ainda mais bonito. Inferno!
      - Você parece atrair muito perigo, Samantha. É só te deixar algumas horas sozinhas que todos os bandidos da cidade querem meter uma bala nessa sua testa bonitinha!
     Ele não me olhava. Parecia alerta com algo arredor e talvez fosse resquício da perseguição que ocorrerá há pouco.
     - Acho que você está falando de algo que não sabe.
     - Será que eu não sei mesmo?? - o tom misterioso era seu cartão de visitas.
     Era tudo o que eu precisava: de um cara bonitão pra alimentar minhas paranoias.
     - Seja quem for, quer muito acabar com você - continuou ele - E não acho que vá desistir fácil!
  Peguei um vidrinho de adoçante e fiquei fingindo ler o rotulo. Não gostava da ideia de ser um problema e muito menos atraí-los.
   - Mas... - eu hesitava ao tentar perguntar algo - Deixa, não é nada de mais - me detive colocando o vidrinho de adoçante no lugar novamente.
    - Diga. Começou a dizer agora precisa terminar!
  Suspirei profundamente formulando a frase certa para não parecer deselegante e nem maluca. Queria que minha pergunta fizesse algum sentido.
  - Ok. Como você sabia? Digo, você parece sempre aparecer nos momentos em que tô enrascada. O que é você? Algum tipo de super herói? Afinal, seu eu atraio problemas, você aparenta rastreá-los.
  A prepotência no sorriso sarcástico dele me irritou.
    - Fala , Caleb!!!! Eu te fiz uma pergunta!

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora