PARTE II - CAPÍTULO 15

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~*~

— Me solta!!! Me solta!!! — Eu me debatia conforme a pessoa encapuzada colocava a mão pela janela em minha direção.

Eu demorei a compreender que aquele estranho tentava desatar meu cinto de segurança. Ao ouvir o barulho do cinto se soltando, meu impulso foi de empurrar a porta, que abriu-se com facilidade e tentei sair correndo o mais depressa do carro.

Porém, o ferimento no tornozelo me impedia de atingir velocidade e pouco consegui me afastar do carro.

A pessoa estranha e mascarada correu para longe junto comigo, me puxando pelo braço. O cheiro de gasolina era muito intenso. Uma explosão estava prestes a acontecer.

A dor em meu tornozelo era tamanha que tropecei em mim mesma e caí pela areia. A pessoa encapuzada parecia disposta a me tirar dali, querendo me salvar do desfecho ruim.

Apenas tive tempo de sentir meus tímpanos doerem em uma vibração intensa e um calor abrupto aquecer minha pele após a imensa explosão do automóvel. A pressão que a explosão causou se dissipou pelos ares e a pessoa encapuzada também fora arremessada para longe.

Olhei para trás e o veículo estava com chamas altas e que lambiam os céus.

Caleb havia morrido.

A pessoa que me ajudava levantou-se e ficou olhando para o automóvel inflamando e se consumindo em labaredas altas e serpentinosas. Uma fumaça preta de pneu queimando já subia pelos ares e seria questão de tempo até acionarem o corpo de bombeiros para a praia.

— Quem é você? — Perguntei me recompondo como podia, batendo as palmas das mãos para tirar o excesso de areia.

Mesmo de máscara, seja lá quem fosse, parecia muito perplexo com o fim trágico de Caleb. Toda atenção voltada para o carro.

E então o mistério se desfez quando uma mulher surgiu por debaixo do gorro. Eu lembrava daquele rosto de algum lugar. Das Fotos que eu vira nas coisas de Caleb, aquelas do casamento... Era a esposa desaparecida dele, Rebecca.

— Venha, vamos embora daqui. Se alguém aparecer seremos pegas.

— Você não estava morta??? — Perguntei aflita.

Rebecca me olhou no fundo dos olhos. Mesmo sem nos conhecermos ela parecia me entender e eu a ela.

— Acho que depois do que viveu com meu ex-marido creio que você também gostaria de estar morta a voltar para a mansão, não?

Senti um arrepio pela assertividade dela, parecendo que lia meus pensamentos. Ou melhor que isso: Rebecca já havia estado em meu lugar e talvez tenha tentado a mesma coisa.

— Tem razão... Tem razão. Mas Para onde vamos, Rebecca??? — Mancando eu tentava acompanhá-la pela faixa de areia.

Rebecca ia em direção a outra ponta da praia,
Onde mais pedras se empilhavam.

— Petrópolis! — Disse me dando as costas. Ela se apressava em partir dali — E vamos logo. Conrado é muito influente... Se nos pegarem não vão engolir a história de que foi um acidente.

De quem ela falava?

— Quem é Conrado?

Rebecca virou-se para mim.

— Meu ex-marido... Ou... Seu marido.

— Ele não se chama Caleb? — Dizia perplexa.

— Nao. Nunca se chamou assim. Talvez nem seja Conrado o nome dele. Talvez fosse Conrado para mim e Caleb para você! — Ela sorriu com ironia e ajeitou o capuz de seu casaco na cabeça.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now