PARTE II - CAPÍTULO 2

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~*~

E nisso, de forma astuta, joguei a bolinha de prata para o alto até que ela alcançasse o detector de incêndio. Torcia para que a tivesse aquecido o suficiente na palma da mão para funcionar o mais depressa. Até mesmo fechei os olhos e trinquei os dentes, como quando jogamos uma moeda brincado de cara e coroa e esperamos sair o que havíamos planejado.

E a sorte pareceu me ajudar.

Antes de ouvir o primeiro disparo de uma arma vindo sabe-se lá de qual direção, a esfera de prata se rompeu numa explosão quase silenciosa e gerou uma fumaça imensa pelo saguão, que também serviu para acionar os detectores de incêndio e jorrar água sobre nossas cabeças.

O calor da combustão gerada pela
pequena esfera de prata rompida, fazia a água evaporar no ar e se misturar com a fumaça provocada. Tal vapor potencializava o efeito de cortina e diminuía a visibilidade de todos nós.

Caleb e eu nos jogamos no chão. Foi questão de pouco tempo até ficarmos todos encharcados . Ele me olhou e apontou para a esquerda, onde um homem de preto se rastejava para nos alcançar. Há poucos metros até nos pegar.

Como a fumaça era mais leve que o ar, ela não alcançava o chão. Pelo visto, quem nos perseguia percebeu isso é também se jogou sobre o piso do saguão do hotel.

Aos poucos o alvoroço e a correria dos demais hóspedes que não tinham nada a ver com a situação, fora diminuindo, até podemos ouvir apenas o barulho irritante de pele atritando no chão , com nossos corpos se arrastando  pelas partes de piso que ainda estavam secas.
Se tratava de  uma batalha inusitada.

— Sam! — Caleb segurou meu pulso enquanto me arrastava pelo chão do hotel.

— Fala . — Tentava não perder de vista nossos oponentes.

— Tome cuidado, ok?

Seu olhar era sincero e por um instante quis beijá-lo. Ainda mais após ver  seu corpo molhado e o rosto pingando gotículas de água estarem extremamente sexi*es. Mas só por um instante.

Se morrêssemos ali, gostaria de saber que Caleb partiu desse plano com peso na consciência pelo que me fez. Não daria o gostinho do perdão, se era o que ele queria.

E caso do outro lado da vida ainda nos víssemos, eu pisaria no pé dele com mais força do que pisei antes.

— Tomarei cuidado. Fique tranquilo. Agora vamos nos separar, senão nos tornaremos alvos fáceis.

Após a resposta, rastejei contornando o balcão da recepcionista. Caleb fora em direção ao home que tentava nos alcançar inicialmente.

Parada, eu ouvia o barulho agudo  de pele atritando no piso vindo em minha direção e era óbvio que não seria Caleb. Ele partira no rumo oposto.

Foi aí que percebi um dos caras já muito perto. Ele era enorme e eu não conseguiria vencê-lo na força. Lutar na mão contra ele seria tolo demais, até para mim que estava começando.

Pensa Samantha, pensa...

Mulheres podem não ter a mesma força física de um homem, mas podem ser sagazes e ardilosas. E isso talvez seja uma enorme vantagem.

Abaixo do balcão da atendente havia um extintor de incêndio. O puxei rapidamente e deitei o cilindro logo ao meu lado.

O homem gigante se rastejava e estava perto de mim, com uma arma empunhada, "escalando o chão". Eu não tinha nada além do meu "vasto" treinamento de três meses pela agência, dois chicletes e um extintor.

— Sorte? Oi, sou eu de novo! — Falei para mim mesma pondo o chiclete na boca.

Desativei a válvula de segurança do extintor e apontei a  mangueira de escape na direção oposta a que eu queria que ele fosse. Ao acionar o cilindro, a espuma gerada para conter  o incêndio sairia em grande pressão, disparando em grande velocidade. Ou pelo menos era isso que eu torceria para que ocorresse.

Com meu chiclete já mascado, o usei como cola  e o prendi ao botão de acionar na mesma posição,  ativando fixamente a válvula de escape e permitindo que a espuma não parasse de sair.

Foi mais ou menos como planejei, pois ao soltar o extintor eu levei um susto e a mangueira ricocheteou no piso, batendo na minha mão, o que me fez  ver estrelinhas por conta da dor.

O cilindro chiava devido à espuma jorrando, todo desgovernado. Disparou em alta velocidade,  sob toda pressão possível causada pela espuma que saía pela válvula.

O extintor voava feito um foguete, batendo na lateral de uma pilastra e depois deslocava-se na diagonal bem na direção do homem que me perseguia. Touché!

Não havia sido na mosca, contudo acertara meu oponente de raspão, com grande impacto. Pegou a cabeça?

A pressão e velocidade do extintor havia sido tamanha, Que o corpo desacordado daquele estranho fora arrastado uns dez metros. Pude escutá-lo gritar de dor ao ser deslocado pelo cilindro.

Cerrei os olhos para melhorar a acuidade visual em meio a cortina de fumaça e  ter certeza se havia um ferimento na cabeça dele como eu suspeitava.

E havia. Pude ver sangue... em pequena quantidade, mas pude.

Dei um pequeno soco no ar, expressando toda minha felicidade  por ter dado certo o que planejara. Acho que não era todos os dias que uma aspirante a agente de uma agência de assassinos de aluguel conseguia abater um inimigo. E não querendo me gabar, mas... Sem usar força física.

Realmente eu estava um nojo naquela primeira missão!

Mas por pouco tempo.

Ia me levantar e dar assistência a Caleb. Ainda não havia escutado um tiro sequer além do primeiro. Porém, antes que pudesse ensaiar minha subida, um par de pernas sob saltos altos parou bem ao lado da minha cabeça. Seja lá quem fosse, conseguia enxergar em meio a cortina  de fumaça. E equilibrar-se sob saltos em um piso molhado.

Em seguida uma arma estava apontada bem para o meu rosto. Me lembrei que era uma aspirante. Oh, céus!

Oi, sorte. Então, sou eu de novo! Espero que ainda esteja aí!

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now