PARTE II - CAPÍTULO 26

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~*~

*Caleb*

Eu ainda não sabia como, mas nosso jato aterrissou no aeroporto do Galeão e não tivemos problema algum. O piloto taxiou pela pista e desembarcamos de maneira tranquila.

Mierra falava ao telefone o tempo todo. As vezes a observava gesticulando, estressada. Parecia dar ordens e explicar coisas. Acho que o "novo emprego" não estava lhe fazendo bem.
Mais cedo ela me dissera que algumas circunstâncias a obrigaram a se tornar dona do morro do Dendê. E eu estava intrigado querendo saber qual o motivo. E o namorado dela?

Para uma pessoa procurada no país todo, até que Mierra caminhava despreocupada pelo
Saguão do aeroporto. As roupas eram simples,
mas o óculos ainda era de grife — um resquício da antiga Mierra.

Na saída do aeroporto um carro preto — e provavelmente blindado — nos aguardava. As portas foram destravadas e os motores ligados quando Mierra deu duas batidas na porta.

Embarcamos e de novo o cheiro de carro novo invadiu meu nariz. Será que eram todos veículos roubados?

— Coloque esse endereço no GPS! — Mierra mostrava a tela do celular ao motorista.

— Recreio, senhora? — Confirmava o homem de meia idade.

— Exatamente. E vá o mais depressa possível!

Mierra e eu nunca nos demos bem. Os dois em algum grau pareciam querer decidir sobre o que  seria melhor para Sam. Claro que havia um jogo de ego. Mas deveria admitir também que as ações dela naquele momento eram louváveis.

Bom, não sabia se poderia atribuir tal adjetivo a uma criminosa, mas seria algo perto disso.

O motorista havia atendido a ordem de Mierra e mantinha uma velocidade alta, correndo pelas pistas da cidade e costurando os carros a frente.

A paisagem aos poucos foi mudando. Primeiro avistei uma faixa de areia e o mar a esquerda e a direita um paredão rochoso imponente surgiu. Aos poucos o carro ia ganhando altitude rumo ao topo da colina onde a suposta mansão do meu irmão se encontrava.

Talvez tia Gertrudes gostasse daquele lugar afastado e aparentemente calmo. Isso, claro, se ela não soubesse sobre o trabalho que Conrado e eu fazíamos para conseguir grana.

Ao chegarmos nos alto, o carro percorreu um
Curto trajeto até adentrarmos uma rua tranquila e arborizada. Havia poucas casas, porém eram mansões enormes, com arquitetura diferenciada que eu não seria capaz de descrever. O motorista se curvava a procura da numeração que o endereço dizia e ao encontrá-la, finalmente parou o carro.

Era o imóvel ao fim da rua, quase perto do penhasco. Um gramado vasto e muito verde contornava a mansão que devia ter dois ou três andares. Conrado sempre teve mania de grandeza e creio que não seria diferente com a casa que escolhera para viver.

— E como vamos entrar? — Perguntei ao notar as paredes altas e os portões de ferro gigantes.

— Como qualquer outra pessoa entraria. — Respondeu Mierra me olhando com sarcasmo.

E então ela desceu e tocou a campainha. A acompanhei sem entender o que ela estava fazendo. Seria pouco provável que nos deixariam entrar.

— Alô — Disse ela ao atenderem o interfone — É da jardinagem.

A desculpa até que era boa.

— Achei que tivesse agendado para as 10 horas. Ainda são oito ! — Advertia a voz rouca de uma senhora.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now