CAPÍTULO QUARENTA

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- Roger? O que faz aqui? - Indaguei trêmula.

Ele sorriu para mim ainda  confuso. Desconfiado.

- Eu que te pergunto... Sou advogado. Há ume escritório da empresa do meu pai aqui.

Cacet**e, ele tinha razão. A deslocada ali era eu. A recepcionista nos observava com cara de interrogação.

- Eu vim visitar uma amiga e errei o endereço. Coincidência termos nos encontrado, Roger!

Roger não estava dando muito crédito ao que eu dizia.

- Não sabia que tinha amigas por aqui. Aliás, eu nem me lembro de você mencionar alguma enquanto éramos casados.

- Pois é. Não faz muito tempo. - Eu era péssima tentando mentir.

- Entendi. Precisa de carona para casa? Posso te levar.

- Não será necessário. Já estava de saída.

- Mas está escurecendo. Talvez não seja seguro... - Seu olhar me causou um arrepio ao pronunciar a palavra "seguro".

- Eu vou chamar um uber. Obrigada pela ajuda. Até mais Roger.

Eu permanecia encolhida em meu casaco, pois o olhar de Roger sobre mim me deixava com mais frio do que estava antes. Era como se toneladas estivessem sobre as minhas costas.

- Até mais, então. E... Não fica dando bobeira por aí... Talvez não seja seguro pra você, Sam! - Roger sorria e era perceptível que ele insinuava algo.

"Pensa, pensa, pensa, cabecinha" dizia a mim mesma. Que m***erda era aquela? De repente Roger e Caleb estavam ligados. Mierra era uma suposta criminosa. Que loucura! Os três estavam mentindo para mim esse tempo todo? Mas sob qual propósito?

********

Talvez eu estivesse parecendo uma maluca de verdade pois desci do uber olhando para todos os lados, alerta e desconfiada.

A luz da casa de Caleb estava acesa após dias. Ele finalmente havia retornado sabe-se lá de onde. Minha vontade era de atravessar aquela rua e perguntar tudo para Caleb até conseguir encaixar uma ideia na outra. Tirar da minha cabeça aquela sensação de teoria da conspiração.

Eu estava tão nervosa que o molho de chaves caiu no chão antes que pudesse abrir a porta. Era um nervosismo intenso que tomava conta de mim.

Entrei em casa e suspirei exausta de tudo aquilo. Em questão de semanas fui de dona de casa em uma pacata cidade do interior para uma perseguida por bandidos e envolvida com três pessoas suspeitas e que poderiam estar mentindo sobre absolutamente tudo.

Um grito espontâneo saiu da minha garganta assim que acendi a luz da sala. Um desconhecido estava sentado em meu sofá brincando com um enfeite da mesinha de centro.

Tentei ser rápida em abrir a porta para fugir.

- Se eu fosse você não faria isso. Melhor que fique bem paradinha, Samantha.

Ele sabia meu nome. E pelo visto, em um dado momento todos sabiam alguma coisa sobre mim. Eu é que era completamente alheia a tudo.

- Quem é você?- Perguntei ofegante e engolindo em seco.

- Ah, mas que menina mais mal-educada! Nem vai me oferecer um chá?- Ele devolveu o enfeite a mesinha de centro. Mantinha um sorriso macabro nos lábios - Pois bem. Vinte e três? Cadê você?

Ele estava chamando por alguém. Meu olhar voltou-se para a escuridão da cozinha de onde surgiu um homem alto. Aos poucos aquela silhueta foi ganhando forma e rosto. As pernas tremeram ao finalmente descobrir que o desconhecido era Caleb.

Ele estava vestido todo de preto, um terno muito bem ajustado ao seu corpo. Com uma arma na mão direita me fitando assustadoramente. Eu tive um flash na memória ao reparar seus olhos azuis feito a cor do mar . Era o mesmo olhar do suposto invasor em meu pesadelo naquela madrugada. Depois minha memória resgatou a lembrança do jantar na casa de Caleb, onde eu vira o estojo de lentes de contato na bancada da cozinha. Ele me dissera que era de uma pessoa que havia estado ali, mas pelo jeito era tudo mentira.

- Oi, Sam! - Caleb sorriu.

- Como pode?- Eu disse chorando.

Já nem sentia medo. A frustração por mais uma vez ter sido enganada tomou conta do meu coração. Era demais para mim.

- Você pensou mesmo que estávamos tendo algo?  - Ria o vizinho - Não, Samantha. Não mesmo!

As palavras dele doíam lá no fundo do meu peito.

- Era tudo... Mentira... - dizia a mim mesma, a voz era só um sopro pela garganta. Lágrimas rolavam pelo eu rosto.

- Mulheres fracas feito você não fazem o meu tipo. Nada pessoal, Sam! - Caleb engatilhou sua arma.

- Bom, estou adorando essa discussão de relação de vocês dois, mas sugiro que termine logo o trabalho, agente vinte e três. - O senhor já se erguia do sofá.

Caleb foi levantando   punho direcionando a arma a mim. Seu olhar era firme e determinado, mais do que das outras vezes que o vi decidido a fazer algo. Eu fechei os olhos e apenas desejava que de fato ele atirasse e não errasse o alvo. Talvez toda aquela agonia acabasse.

Ouvi um disparo e engoli em seco. Seria questão de segundos até a bala estar cravada na minha testa e eu cair ensanguentada naquele carpete da minha sala. Não era a morte que eu esperava para encerrar o ciclo nessa vida, porém se era daquele jeito que o destino havia traçado, só me restava aceitar.

Morrer era daquele jeito? Sem dor? Afinal, após o barulho do tiro se dissipar dar lugar mais uma vez ao silêncio, eu ainda não sentia completamente nada.

- Já pode abrir os olhos, Sam! - Era uma voz feminina.

Mierra estava com sua pistola empunhada na direção daquele velho senhor no meu sofá. O estofado branco estava todo ensanguentado. Mierra havia executado aquele homem. Procurei ao redor e não mais encontrei Caleb.

- Não tenho muito tempo para te explicar nada agora, Samantha. Apenas preciso que você venha comigo! É para o seu bem!

- Mierra, ir para onde??? Eu não sei em quem confiar! - Gritei desesperada olhando o sangue daquele desconhecido pingar no carpete.

Os olhos dele ainda estavam arregalados. Era uma cena de filme de terror.

- Em alguém você precisará acreditar agora. E confie em mim, outros deles virão e você não terá a mesma sorte. Na verdade já estão vindo, pois quando um assassino de aluguel é morto, o chip que há na nuca deles dispara um comando via satélite. Assim que rastreiam o corpo. Eles chamam de efeito abelha.- Ela devolveu a arma para dentro de sua bolsa de mão - Vem comigo ou não? Não temos tempo! - Mierra olhou em seu relógio de pulso.

Sem ter pra onde fugir segui aquela que acreditava ser minha amiga. Entramos em uma van preta parada em frente a minha casa. Antes do automóvel partir reparei que as luzes da casa de Caleb estavam apagadas. Era o fim.


NOTA: Deixa seu voto! Deixa um comentário! São coisas que aquecem o coração dessa autora que tem trabalhado dia e noite nessa obra. Beijos!

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now