CAPÍTULO 46

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*Caleb*

Minha arma estava mirando bem a cabeça dela. Em momento algum minha mão tremeu e certamente a bala a acertaria bem na nuca. "Você 'tola de ficar de costas para uma janela, Samantha".

Podia vê-la desesperada no quarto falando "alô". Obviamente eu não diria nada do outro lado da linha. Ela era uma pedra no meu caminho, sempre foi. Por conta de Samantha todo o meu trabalho de anos dentro da agencia, desde de quando fui recrutado aos vinte anos, estava sendo questionado. E tudo por conta daquela maldita garota. Pior decisão ter aceito tal missão.

Seria só um disparo para por um fim a tudo aquilo. Só um tiro e pronto, Caleb! Não vai permitir que uma mulher fraca e indefesa feito ela destrua um homem feito você, vai?

- Eu não consigo, eu não posso!!!!! - Disse  a mim mesmo baixando a arma.

Como eu me sentiria pelo resto dos meus dias com a imagem da mulher que eu amava sangrando naquele quarto? Se já estava difícil aguentar vê-la abatida daquele jeito sem poder consolá-la ou exigir que se alimentasse direito, imagina executá-la?  Não tive coragem de fazer com ela o que  já fiz com vários ao longo dos mais de dez anos que estava a serviço da x-Rent.

Ela era tão linda! Desde a primeira vez que coloquei os olhos nela senti algo estranho dentro do peito, o coração acelerar. E em questão de horas eu passei de um predador prestes a abater sua caça a um cara que desejava proteger Samantha de tudo e de qualquer coisa que pudesse feri-la. E assim foi durante aquelas semanas.

Para que mentir, se meu desejo era abraçá-la? Sentir o cheiro dela? Eu jamais seria capaz de feri-la, mesmo que isso me custasse toda uma carreira. Preferia me ver morto a saber que de algum jeito fui capaz de fazer mal a mulher por quem eu me apaixonei. Eu iria protegê-la. Enquanto tivesse ar nos pulmões e fôlego para respirar eu seria capaz de fazer qualquer coisa para mantê-la segura. 

E como doía saber que naquele exato momento eu era a pessoa de quem Samantha sentia mais nojo, raiva e ódio. Se dependesse de mim eu invadiria aquela casa, a tomaria em meus braços e explicaria tudo a ela, coisa por coisa. Tiraria um fardo das minhas costas. Doía pra caramba aquela impotência. Samantha merecia o melhor e eu não fui capaz de oferecer isso a ela. Talvez eu fosse um Roger dois ponto zero. Que drog*a me comparar aquele imbecil!

Estava tão imerso nesses pensamentos que só voltei ao mundo real quando o barulho dos estilhaços de vidro quebrado chamaram minha atenção. Em seguida minha memoria auditiva recuperou o som de tiro que precedeu o barulho do vidro da janela se espatifando.

- Samantha! - Pensei aflito - Não pode ser, que drog*a!!!!!

Quem havia atirado? O tutor havia sido claro quando disse que não poderia haver missão da X- Rent no Rio de Janeiro e agora existia outro assassino tão à espreita quanto eu naquele jardim.

A adrenalina na minha veia caiu drasticamente quando observei Mierra entrando acompanhada de outras pessoas no quarto de Samantha. Meus músculos todos relaxaram quando a vi correr em direção a amiga para abraçá-la. Samantha esta bem e viva, por ora, mas estava. A minha garganta ficou totalmente seca com a possibilidade de a acertarem.

Sejá lá quem fosse certamente ainda estaria por ali esperando uma outra oportunidade para acertar o alvo. E eu não deixaria que ele tivesse sucesso em sua missão.

 Assim como eu não sabia da sua presença, esse assassino misterioso provavelmente não sabia que outro dele também estava ali. Era minha vantagem.

Desci vagarosamente a árvore evitando qualquer barulho para não alertar quem quer que fosse. Deixei minha maleta ao pé da árvore e só levei comigo a arma que já mantinha em mãos.

Tentei calcular de onde o tiro poderia ter vindo. Era uma das aulas que a agência nos oferecia: balística e trajetos de projéteis de arma de fogo. E nunca agradeci tanto por isso, pois com meus cálculos do trajeto que a bala fez somados a um pouco de sorte, fui capaz de ver um homem camuflado bem atrás de uma fileira de arbustos.

O estranho estava paramentado como mandava a agência: Todo de preto e com um capuz que cobria quase completamente seu rosto, deixando apenas os olhos a mostra. Eu também estava vestido daquela mesma maneira.

O agente estava muito concentrado em acertar seu alvo que não notou eu me aproximar. Estava deitado de barriga apara baixo, feito um soldado ou um sniper, daqueles que com um único tiro seria capaz de abater o inimigo. Com a diferença de que ele errara o primeiro tiro, me deixando entender que o rapaz devia ser um novato inexperiente. Mas haviam colocado um novato em uma missão daquelas?

- Não se mova ou explodo seus miolos! - Rendia aquele agente com a minha arma apontada para ele.

O estranho permaneceu com o seu fuzil engatilhado e apontado par ao alvo. Não me deu atenção.

- Eu disse para você... 

A escuridão traía meus reflexos, e a destreza do outro agente o permitiu me dar uma rasteira. Não sei como não tombei ao chão, mas ao me desequilibrar ele teve tempo suficiente de bater no meu punho e derrubar a arma que eu segurava. O fuzil devia ser pesado demais para que ele pudesse se movimentar com a agilidade e atirar em mim. Ele se arriscaria me vencer na mão. Talvez não fosse tão novato como eu imaginava!

Ele teve tempo de desferir um soco na minha mandíbula e eu estava tão tenso que quase não senti dor. Meu único impulso foi de correr em direção a ele para tentar derrubá-lo no chão.

Outra vez estava enganado pois quando pensei que o meu adversário entraria na briga, ele simplesmente correu em direção ao imenso muro. O estranho até mesmo parecia ter previsto uma situação daquelas já que havia uma corda preparada para que pudesse facilitar sua subida.

Confesso que me senti um amador perto daquele agente. 

Desisti de persegui-lo no meio do caminho. Não era mais vantajoso e nem inteligente, uma vez que não oferecia mais riscos a Samantha. 

Ofegante eu parei um tempo para retomar o ar. Ao olhar para baixo vi algo reluzindo. Era um broche. O apanhei e fiquei examinando por um tempo. Lembrava a uma balança, como no símbolo da justiça. Até onde sabia, aquele símbolo representava advogados. 

Guardei o broche e corri buscar minha maleta. No meio do caminho tive a sorte de encontrar minha pistola. E não haveria outro jeito: somente sairia daquele jardim quando estivesse convicto de que a minha Samantha estaria bem. E não desistiria até que a X- Rent desistisse de executá-la. 

"Caleb, você nunca mais foi o mesmo cara durão depois que adotou aquele gato" pensava comigo sentando perto do tronco daquela árvore. A noite de vigília seria longa.



APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now