PENÚLTIMO CAPÍTULO- PARTE 2 DE 2

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Era estranho vê-la tão arredia e com raiva, e pior ainda imaginar que as circunstâncias a deixaram daquela maneira, quando na verdade, tudo que Samantha merecia era ser cuidada e amada. Roger, os pais, algumas circunstâncias da vida e até mesmo eu, serviram como um fator transformador daquela linda mulher.

- Não vou pedir para você baixar a arma, não tenho esse direito.

- Não fale comigo! - As duas mãos dela seguravam o revolver, em minha direção, sem vacilar.

- Eu sinto muito, Samantha, mas não serei capaz de atender esse desejo. Não conseguiria ficar em silêncio com tanta coisa que preciso te dizer. A opção de atirar e não me deixar falar é puramente sua, porém enquanto meus pulmões puderem se expandir eu vou continuar falando.

Samantha praticamente não piscava, era perceptível a mágoa em seu olhar. A vida não havia sido justa com e talvez tivera passado coisas piores que eu nunca saberia.

- Posso começar te pedindo perdão. Perdão por tudo que eu fiz. Não posso ser hipócrita ao ponto de me eximir de qualquer culpa. Quando aceitei o trabalho imaginei que seria mais um ser humano que deixaria a face da terra. E para executar o trabalho da melhor maneira, eu pouco procurava saber sobre assuntos pessoais dos meus alvos. Porém seu caso era um pouco diferente. Você havia se tornado uma espécie de testemunha chave. Não era um alvo aleatório, que algum cliente queria eliminar. Samantha, você havia se tornado o alvo número um da X- Rent.

Eu ia falando enquanto Samantha parecia instável e indecisa. A qualquer momento ela poderia tomar coragem e efetuar um disparo.

- Contudo, eu recebi um relatório detalhado a seu respeito. Fotos, credenciais, boletim escolar, alguns relatos da sua vida. Fiquei vários dias te observando, monitorando seu comportamento. E algo diferente começou a bater aqui dentro - apontei para o meu coração - A princípio acreditei que fosse apenas algum tipo de atração física, o que não era a primeira vez que acontecia. Mas com o passar dos dias, eu percebia que ficava cada vez mais envolvido com seus problemas. Eu assistia seu sofrimento com o término do casamento, as noites mal dormidas, o quanto se sentia sozinha. Até mesmo pude acompanhar seu ex-marido dizendo que já estava com outra, que seria pai. Você não sabe o quanto aquilo me deixou irritado, o quanto eu queria esmagar a cabeça dele.

Nesse instante Samantha desviou o olhar para o chão, onde o corpo de Roger estava caído.

Os olhinhos dela estavam marejados e minhas palavras de algum modo pareciam comovê-la. Porem a mágoa em sua expressão era muito evidente e nada garantiria que Samantha não fosse atirar. Eu precisaria terminar o que tinha a dizer, e não para convencê-la a me perdoar ou a não efetuar um disparo, mas para me sentir e alma lavada.

- E então, no dia planejado para ... - eu não queria dizer a palavra "ma*tar" - simplesmente fui incapaz. Não tem por que mentir, eu coloquei dazepam moído nas garrafas de água da sua casa, o que permitiu agir com calma. Eu só não esperava que naquela madrugada você fosse acordar com o barulho do livro caindo no chão. E depois de te imobilizar - Engoli em seco - Usei vapor de alcool para te deixar inconsciente. Eu fiquei olhando pra você, desfalecida, tão frágil, indefesa, inocente. Não era justo, eu não cosneguiria fazer aquilo, apesar de saber o quanto essa falha de missão me custaria. Então ajeitei seu corpo na cama, a cobri para protegê-la do frio e organizei a bagunça do seu quarto. Não fui capaz de ir embora, fiquei um bom tempo ali olhando você dormir, admirando sua beleza. Já nem podia negar mais que eu estava envolvido com você, e em um curto período de tempo.

Eu pude ouvi-la puxar o gatilho ou eram meus ouvidos me traindo?

- Só quero que saiba que tudo o que senti por você foi verdadeiro. Aquela noite em que um tutor e eu inavadimos sua casa, era a mando da X-Rent. Estavam desconfiando de mim e queriam que eu te matasse. Até mesmo expuseram um dos chefes, o que não costuma ser usual para os padrões da organização. Quando eu soube da notícia, meu coração se espremeu. Eu não teria coragem de matá-la. Mas quando finalmente a X-REnt atestasse meus sentimentos pelo alvo - meus sentimentos por você- eu seria morto e outro daria cabo da sua vida. Mas como um raio de esperança, horas antes de irmos até sua casa, chegou uma informação para mim de que Mierra era uma corvo, uma policial. E tudo passou a fazer sentido. A princípio eu pensava que ela fosse uma assassina de aluguel, como eu. Os protocolos da agência funcionam de um modo com que nenhum agente conhece a identidade de outro. Apenas os tutores seniors tem nossas identidades. No máximo desconfiamos, mas nunca temos certeza se estamos lidando com outro agente ou não. Mas pelo visto desconfiei da pessoa errada. Roger sim é um agente, e não mierra. E então, uma hora antes do veredito, mandei uma mensagem anônima para Mierra, dizendo a hora e o local em que a X-Rent iria agir e atacar você e por sorte Mierra apareceu a tempo, abatendo aquele tutor. Contudo eu prcisava agir rápido, seguir você até o Rio de Janeiro, agir como se realmente quisesse matá-la, para despistar a agência.

Samantha, de maneira fria, passou por cima do corpo desacordado de Roger, com olhar de nojo. Ela agora estava praticamente decidida, ou ao menos parecia.

- Muito linda a sua história, Caleb. Mas acho que não vou deixar nenhum homem me iludir de novo. Um dia do caçador... e o outro, da caça! - Sorriu ela.

Bem, ao menos eu havia dito o que podia, não partiria desse plano com um peso na alma.

- Mais que cena inusitada! - A voz rouca de um homem ecoou pelo galpão.

Vinha da esquerda. E quando o velho homem saiu das sombras ,com um charuto aceso entres os dedos, uma enorme quantidade de agentes armados da X-Rent surgiram nos cercando. O velho que parecia ser o líder, usava uma máscara branca.

- Baixe a arma, mocinha. - Disse o mascarado a Samantha.

Ela estava com muita raiva e demorou uns segundos para obedecer a ordem dada.

- Isso, obediência é tudo! E que interessante: um alvo conseguiu praticamente abater dois agentes! Isso é incrível!!! - O líder parecia admirado com a façanha de Samantha.

Nesse momento Roger despertava, erguendo-se do chão. Levou a mão a cabeça e tateou o local da pancada, notando que havia sangue.

- Recomponha-se, vinte e sete. Vergonhoso o trabalho tanto seu quanto do agente vinte e três. De uma incompetência sem tamanho. 

- Desculpe, tutor. Só me dê mais uma chance. Garanto que os dois estarão mortos! - Roger praticamente gaguejava e fazia pausas por conta da provável dor que sentia na cabeça.

- Cale-se, seu inútil. Estou entediado... - O tutor fizera uma pausa - Acho que estou afim de algum tipo de jogo. Quero me distrair - O estranho pensava em algo - Bom, que tal um duelo? Um duelo onde vale quase tudo para ganhar, não importa se houver trapaça, An?- Ele dava pequenos passos em uma e outra direção, planejando algo em sua mente- Deixe-me ver, deixe-me pensar... Vejam o que acham disso: Uma arma com uma única bala será dada ao alvo e outra ao ex-marido, o agente vinte e sete. Ficarão de frente um para o outro. Quando a largada for dada, irão atirar. Quem acertar o oponente primeiro vence! 

Que maluquice e sadismo eram aqueles? Porém, um tutor senior poderia fazer o que bem quisesse e eu estava começando a acreditar que ao final de tudo aquilo todos nós seríamos mortos. 

- Não é empolgante?????????? Um duelo. Alvo versus Agente, ex-marido versus ex-mulher. Quando relatar isso a alta cúpula daremos muitas risadas... 

O tutor ria satisfeito da própria brincadeira sanguinária que havia inventado, parecendo se divertir tal como uma criança com brinquedo em mãos.

- Não que eu não esteja torcendo por você, Samantha, pelo contrário, adoro apostar nos mais fracos. Porém, Roger é um dos nossos há muito tempo. É racional pensar que ele vencerá essa.

Samantha nem piscou, apenas mantinha o olhar fixo no ex-marido, como se estivesse decidida a vencer aquela.

Era uma injustiça sem tamanho, Samantha iria morrer bem na minha frente eu não poderia fazer absolutamente nada outra vez. Que loop desgra*çado! Eu queria salvá-la daquilo por definitivo, porém seria impossível com aquela quantidade toda de agentes apontando armas para nós. Era contar puramente com a sorte, afinal, o tutor sênior estava certo em sua linha de raciocínio. Se Roger de fato era um agente das antigas, sua destreza para atirar e agilidade seriam superiores, sem contar a possibilidade de uma possível trapaça, o que eu já julgava mais que certo. Assassinos de aluguel não são pagos para jogarem de forma justa ou ter piedade, mesmo que o oponente seja uma mulher ou alguém mais fraco que eles. Somos treinados para vencer, custe o que custar.

- E que o melhor vença! - O velho deu dois passos para trás tragando seu charuto.

Um dos agentes entregou uma arma a Samantha e outra a Roger. Após baforar um anel de fumaça no ar, ele disse:

- Valendo! - da maneira mais serena e mais macabra possível.


NOTA: falta só mais um capítulo e você ainda não votou! hahahahaha.

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