CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS

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*Caleb*

(Every Breath you take - The police)

Romão talvez não estivesse entendendo a pressa com que eu subia as escadas de casa. Ele miou duas vezes para mim e lambeu suas patinhas fofas. Me acompanhou om os olhos até eu desaparecer rumo ao meu quarto.

Ajeitei algumas roupas na mochila rapidamente, pois não sabia se Mierra havia me visto. Aconteceu tudo tão rapidamente que eu estava em completo desespero. Era possível policiais cercarem a minha casa e eu ser pego. Algo terrível, pois uma vez preso seria questão de horas até a x-rent contratar alguém para me exec*utar. Eu não deveria ser importante ao ponto da agência disponibilizar qualquer advogado para me defender. E como já sabia de antemão que era o ex-marido de Samantha que estava envolvido com essa parte burocrática, as chances de eu me ferrar eram enormes.

Quando já estava no hall pronto para sair ajeitando a mochila nas costas, Romão miou para mim. Olhei seu pote de ração a cozinha e o dispenser estava vazio.

"Droga" Pensei. Não poderia deixá-lo todos aqueles dias sem ração. Corri até o armário e enchi o dispenser com mais comida para aquele rabugento.

- Pronto, seu velho chato! - Eu disse afagando a cabecinha peluda dele.

Romão me olhou por um tempo e depois ficou lá triturando os grãos de ração com toda a vontade do mundo.

Apanhei o celular e acessei o app de câmeras que monitoravam os cômodos da casa de Samantha. Não só monitoravam como também captavam áudio - um áudio de péssima qualidade- mas captavam. Pude ouvir Mierra dizendo que partiriam para o Rio de Janeiro. Como fui tolo ao ponto de não suspeitar que Mierra era policial? Naquele instante me pareceu tão óbvio que me senti o cara mais burr*o desse mundo.

Consegui escutar o endereço e anotei no bloco de notas. Algo entre floresta da Tijuca e Alto da boa vista no Rio de janeiro. Saí de casa pela porta dos fundos enquanto discava para o Tutor. Toda a missão deveria ser deslocada para o Rio de Janeiro.

- Simplesmente não temos autorização para atuar no Rio de Janeiro, vinte e três. achei que soubesse disso! - Dizia o tutor do outro lado da linha.

- Mas Elas estão indo para lá. Talvez eu possa continuar a missão sozinho. Seria arriscado, porém o alvo sabe muito sobre nós, conhece a identidade de dois agentes. A melhor amiga do alvo é uma corvo - apelido que demos aos policiais - Não tem como simplesmente desistir.

- Bom, isso é por sua conta e risco. Se te pegarem por lá e souberem que você é um agente da x-rent, estará completamente entregue a própria sorte, vinte e três.

Eu já colocava a chave no contato dando partida no meu Cadilac.

- Ao menos tem como a agência disponibilizar um jato fretado até o Rio de Janeiro? Conseguiria isso?

- Sim, é possível. Vá até a base na capital. Cuidarei para que um piloto faça seu transporte. E desejo sorte. Espero que não erre o alvo desta vez, vinte e três!

- Fique tranquilo, tutor, que desta vez o alvo não sairá vivo. Me dê um prazo de quarenta e oito horas e o serviço estará realizado. - Eu pisava com força no acelerador.

- Você é um dos nossos melhores, vinte e três. Seria muito triste termos que abortá-lo.

Era o termo que davam para um agente desligados da agência, fosse por uma demissão corriqueira, fosse por execução. Nunca se sabia.

- Só mais uma coisa: você conhece o Rio de Janeiro? - Indaguei.

- Sim, morei por alguns anos lá.

- Ótimo. Ouvi a corvo dizer que levaria o alvo para um lugar chamado Alto da Boa vista, Ou Floresta da Tijuca. Poderia rastrear o endereço?

- Sim, vinte e três. Essa corvo se acha esperta mas deixa muitos rastros. Ser amiga de um alvo vai custar caro a ela.

- Certo. Chegando ao Rio de Janeiro passo um breve relatório sobre meus passos. Obrigado, tutor.

- Desejo sorte, agente. Até!

Eu nunca havia visto pessoalmente qualquer tutor que fosse. A voz era distorcida, exatamente para não os identificarmos. Tutores eram como chefes, mas as vezes pareciam nossos pais, daí o nome. Eles cuidavam e regiam nossas missões, tendo autoridade para interferir em questões pessoais da vida dos agentes. Contudo, nunca sabíamos se um tutor era sempre o mesmo quando contatávamos um. Podiam trocar a qualquer momento.

- Senhor, em cinquenta minutos pousaremos na cidade do Rio de Janeiro. Peço que afivele o cinto! - Disse o comandante tão logo entrei na aeronave.

Será que ele sabia quem nós éramos? Parecia ser um rapaz completamente inocente e não creio que faria aquele serviço para um bando de assassinos de aluguel.

Enfim, divagações tolas. "Samantha, o Rio de Janeiro não é maior do que o planeta Terra. Então, vou aí encontrá-la" dizia a mim mesmo bebendo uma agua com gás enquanto via o solo ficar distante na decolagem.

*****

"O Rio de Janeiro continua lindo..." tocava no rádio do motorista que me levava até a casa daquela corvo. Mierra se achava tão esperta, tão a frente de seu tempo... Se fosse realmente inteligente jamais teria se casado com um dos bandidos mais procurados do país. "Tá aí: como uma policial se casa com um traficante e fica esse tempo todo sem saber de nada?. Talvez ela esteja mentindo, não sei. Não, não, Mierra parece emotiva demais para ser tão fria assim".

- Senhor, há uma maleta no porta malas que devo te entregar! - O motorista mantinha a direção sem me olhar.

- Certo. Já estamos perto?

- Sim, senhor. Na próxima esquina.

Aquele monte de arvore e barulho de grilo me deixava desanimado. Não que não curtisse a natureza, mas a cidade era meu lugar favorito. A sensação de predador na selva de pedra era muito maior. Era revigorante a sensação de se sentir um predador.

Pedi ao motorista para me deixar a alguns metros da casa, por onde faria um percurso sem chamar a atenção. Troquei de roupa ainda dentro da mata fechada. Segui as coordenadas que meu tutor passou pelo celular e cheguei ao imenso muro que protegia a mansão de Mierra. Não me lembrava de um corvo tão rico antes. Outra cosia suspeita sobre ela.

A mensagem do meu tutor dizia que era seguro escalar o muro, que os alarmes estavam desligados. Ele não me respondeu quando perguntei se havia um agente infiltrado na policia federal. Mas acho que o silêncio já me respondia isso.

Escalei com todo cuidado e logo após um salto estava dentro da propriedade. Uma casa imensa e de muito bom gosto. Devia admitir que Mierra escolheu bem o arquiteto. Precisava de um esconderijo onde pudesse observar os quartos de perto. Uma árvore imensa me serviria perfeitamente para isso.

Subir aquela árvore foi mais complicado que escalar o muro. Encontrei um galho onde me ajeitei confortavelmente. Abri a maleta e peguei um binóculo. "Samantha, você é tão previsível" pensei a avistando de primeira no quarto.

Ao engatilhar a arma, me preparando para o grand finale, saquei o celular e disquei o número.

Tocou duas vezes. Não fui atendido. Na terceira tentativa ela atendeu:

- Alô? - Ouvia sua voz.

Não respondi. Fiquei respirando calmamente observado os movimentos dela dentro daquele quarto.

Era só uma bala para acabar com tudo aquilo e salvar a minha carreira de vez.

Preparar, apontar...

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now