PARTE II - CAPÍTULO 9

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~*~

Luta ou fuga?

A adrenalina percorria minha corrente sangüínea encharcando cada célula do meu corpo. O coração acelerado tentando bombear o máximo de sangue que podia, as pupilas dilatadas ao máximo para  me fazer enxergar melhor, e o suor frio escorrendo pela testa. Era fisiológico e humano.

Eu escolhera a fuga. Apesar de não haver racionalidade nisso.

As árvores e arbustos passavam por mim rapidamente. Eu corria tanto que nem saberia decidir o referencial. O pulmão chegava a arder e a garganta arranhava de tanto ar que inspirava e expirava.

Olhava por cima dos ombros e o encapuzado não estava lá, porém, nada garantia que ele não apareceria de qualquer outra direção para me capturar. Poderia ter tomado um atalho.

Mantive a velocidade de corrida, objetivando sair ilesa da floresta e alcançar o mais depressa a mansão.

Era só olhar um última vez para trás, e meu corpo se chocou com um obstáculo. A força de reação me jogou para trás, caindo por entre as folhas secas no chão.

Certamente havia sido pega.

— O que faz correndo sozinha por aqui? — Caleb me estendia a mão.

Não saberia definir se sua expressão era de mau humor ou incompreensão. Ele vestia roupa social e, logo, não se tratava do meu marido o estranho encapuzado como cheguei a supor.

— Saí para correr. — Respondi me erguendo e batendo a palma da mão na roupa pra tirar as folhas grudadas em mim.

— Fugia de alguém? — Caleb olhava para os lados, procurando pistas.

— Não. — Menti mesmo sabendo que todo contexto me entregava.

— Certeza? Os seguranças ouviram uma mulher pedindo socorro. Me disseram que poderia ser você e vim correndo.

Fiquei calada. Meu marido era perspicaz demais.

— Já disse que não. — Insisti desviando a face.

Caleb me lançou um olhar neutro, de quem tanto poderia acreditar nas minhas palavras quanto duvidar delas.

— Se machucou? — Ele pegou meus pulsos para analisar as palmas das mãos.

— Não. Estou bem. Fique tranquilo.

Após palpar minha pele, ele tomou o caminho de saída do jardim de inverno.

— Não saia mais sozinha pela propriedade. Você sabe que não é seguro. Estamos no alto de uma colina mas ainda continua sendo Rio de Janeiro.

O barulho de nossos pés esmagando folhas secas no chão me distraia.

— Está me ouvindo, Sam?

— Ah, estou. Estou...

Olhei para os lados. Eu não estava vendo coisas, um homem me seguia. Era real. Não admitiria um quadro de amnésia retrógrada associada a demência. Seria demais para mim.

~*~

A prova de que meu marido pouco acreditou no que dissera, foi ver uma pequena tropa de seguranças da propriedade indo em direção ao jardim de inverno. Ele falava ao telefone caminhando logo a minha frente. Devia estar dando ordens  a algum chefe dos tais guardas.

Em frente a entrada da mansão, Cassandra nos esperava, os braços estendidos na frente do corpo, com uma mão sobre a outra. Tão inexpressiva quanto sempre. Mas ao passar por ela pude notar um riso sutil , como se estivesse satisfeita por ter me advertido antes de eu sair para correr.

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now