CAPITULO ONZE

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Mierra entrou na loja olhando curiosa ao redor.
- Descobri por amigos próximos que meu ex-marido voltou pra capital por uns dias, então terei folga. - Mierra já se aproximava de algumas prateleiras.
      - Mierra, por acaso você viu um homem de boné e óculos escuro caminhando rápido pelo corredor da galeria agora há pouco? - indaguei olhando para fora.
      - Não. Por quê? - respondeu analisando uma sandália com as mãos.
      Não era possível que só eu havia visto aquele estranho.
      - Por nada. Coisa da minha cabeça. Bobagem.
      Mierra devolveu a sandália a prateleira.
      - Bonita, mas já estou cheia de sapatos. Seria mais uma sandália - riu ela - Estava pensando de vermos filme hoje, o que acha, Samantha? Tem um cinema aqui perto, não?
      - Tem sim. Pode ser - disse de forma vaga, ainda pensando naquele estranho - Quer ir agora?
      - Perfeito. Tô louca pra assistir "a múmia".
      Terror era o que eu menos precisava naqueles dias.

      Após o filme, Mierra me deixou em casa. Papai e mamãe haviam ido embora, graças a Deus.
      Ao entrar em casa chequei a janela da cozinha e um alívio me dominou ao perceber que estavam fechadas . No banheiro do quarto as toalhas também permaneciam da maneira que as havia deixado. Tudo não podia passar de um delírio, realmente.
      Vesti meu pijama de seda para logo deitar na cama e ter um descanso merecido. Sentia todo meu corpo queimar em cansaço e os olhos pesados. Iria dormir rapidamente com toda certeza  após  aquelas noites de sono acumuladas, era merecido. E assim foi.
      Em meio a madrugada meus olhos se abriram após escutar um barulho de algo caindo no chão. Meu quarto estava completamente escuro e a vista embaçada não permitia enxergar muito coisa.
      No assoalho perto da penteadeira, meu livro do morro dos ventos uivantes estava  caído no chão. Antes de me deitar o havia deixado sobre a cômoda, porem meu sono era tanto que o larguei de qualquer forma lá e devia ter despencado sozinho.
      Vesti minhas pantufas confortáveis depois de acender o abajur ao lado da cama. Alguns passos até o livro e o apanhei. Quando me ergui poderia jurar que havia alguém respirando de forma profunda atrás de mim.
  Foi então que uma mão gelada tapou minha boca e um braço envolveu meu corpo por completo na região da cintura, me imobilizando. Eu me debatia numa tentativa de escapar daquela pessoa, mas parecia impossível. Calculei que fosse um homem pela força imensa que dispensava ao me conter. Parecia que era possível sentir os músculos tensos do antebraço dele pressionando meu abdome.
      Mal conseguia respirar enquanto aquele estranho me arrastava para perto da cama. Tentava enxergar seu rosto, porem minha visão periférica não podia alcançar sua face, afinal, apenas meu globo ocular era capaz de se mover. E a cada instante aquele suposto homem aparentava fazer mais força, espremendo meus braços contra meu próprio corpo.
      Eu tentava resistir a todo custo, mas a cada segundo ficávamos mais próximos da cama. A voz abafada pela mão dele tapando minha boca não me permitia gritar e pedir socorro. Tudo que estava ao alcance para minha defesa era me debater na esperança de cansá-lo e ser solta.
      Um perfume peculiar exalava do corpo do invasor. Não sei se era pela situação horripilante em que me encontrava, porém as notas daquela fragrância ser tornavam marcantes. De fato era um aroma bom, contudo o contexto de terror e luta Jamais me permitiriam associar o tal perfume a algo agradável.
      Como se fosse num golpe e sem que eu conseguisse me localizar no espaço, o estranho girou meu corpo e me empurrou para a cama,  me deixando de frente para ele e tombando seu peso sobre mim.
    Dessa vez pude vê-lo, mas não adiantou lá muita coisa, afinal, o homem usava uma mascara preta onde somente seus olhos azuis feito a cor do mar podiam ser vistos.
      Era um olhar frio e horripilante, me fitando e devorando.
      O que seria de mim?

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora