CAPÍTULO SEIS

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  - Como assim você está em uma delegacia? - A voz de Mierra parecia desesperada do outro lado da linha.
  - Me aconteceu algo horrível hoje. Eu nem sei por onde começar! - Respondi ainda um pouco abalada - Bom, o delegado está me chamando para depor. Não se preocupe, vou ficar bem.
  - Me passe a localização que estou indo para aí.
  Em outra situação provavelmente eu pediria para que ela não viesse. Que eu me viraria sozinha. Só que meu pavor era tanto que eu não conseguiria ficar sozinha. Enviei a localização e entrei na sala do delegado.
  - A senhora foi atacada? - Ele lia uma ficha, a que provavelmente eu havia preenchido.
  - Sim, senhor. Há uns trinta minutos... estou muito abalada. - balançava a perna incessantemente. A boca estava completamente seca.
  O delegado mordeu um pedaço do seu biscoito e tirou os óculos. Esticou os braço e colocou a mão atrás da cabeça, num sinal tipo de exaustão. Massageou os olhos e tossiu.
  - Você é a ex-esposa do Roger, não é? Sou amigo dele.
  Droga! Eu havia me esquecido que Roger era advogado e provavelmente conhecia todo o corpo de polícia da cidade.
  - Sim, sim. - aquela informação não importava apesar de pensar que Roger poderia ter esperado mais um pouco antes de sair gritando aos quatro ventos sobre nosso divorcio.
  - Olha, a senhora tem realmente certeza de que isso aconteceu? É que as vezes o divórcio causa trauma nas mulheres e veem coisa que não existe...- seu tom era de insinuação.
  - Não, senhor delegado. Aqueles dois homens estavam tratando sobre algum serviço criminoso. Ao notarem que eu havia presenciado, tentaram me capturar. Provavelmente para queima de arquivo, apagar testemunha ou coisa do tipo. - Não queria imprimir um tom de revolta pelo fato daquele delegado pensar que eu estava delirando.
  - Então quer dizer que a senhora entrou numa viela sozinha tarde da noite. Aí as luzes dos postes se apagaram misteriosamente e um home ofereceu uma maleta de dinheiro para você. Parece plausível, cabo Moraes? - Perguntou o delegado a um outro policial em pé próximo a porta.
  - Não, senhor. Não parece plausivel - respondeu.
  - Eu não estou mentindo. De fato aconteceu... - começava a me desesperar. Por que eu inventaria uma historia dessas?
  O delegado me olhou um ultima vez, analisando minhas roupas. Pegou a ficha em suas mão e carimbou, depois colou uma etiqueta.
  - Enfim, Samantha. Protocolamos o boletim e caso isso ocorra novamente, nos procure. Ficaremos mais atentos com estranhos em vielas escuras daqui em diante  - falou com uma ironia absurda - podemos ajuda-la em algo mais?
  Era revoltante aquele descaso por parte da policia. Mas quem iria dar credito a uma historia digna de filme? Ainda mais naquela pequena cidade do interior, onde praticamente nada acontecia.
  - Não, obrigada! - Me ergui e ajeitei a bolsa no ombro. Se ficasse mais algum minuto ali cometeria um desacato a autoridade.
 

APAIXONADA PELO MEU ASSASSINO?Where stories live. Discover now