Prólogo

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Em uma terra distante e perdida em um tempo e espaço diferente, havia um pequeno reino que, em um passado não muito distante, era reconhecido por sua beleza natural e prosperidade. Muitos navios sempre atracavam em seus portos, o povo era feliz e todos buscavam se instalar no reino.

Um dia, algo mudou. As chuvas pararam de cair sobre Navie, e uma crise atingiu o reino que, um dia, jurou ser uma potência. Durante anos, o reino viveu apenas uma estação: o outono. Tudo caiu com o tempo, inclusive a corte real. Não havia solução, tudo estava seco e sem vida.

O povo estava desesperado e com fome. O rei sentia a dor de todos aqueles que os céus enviaram para ele proteger. Buscando apaziguar ministros e plebeus, após um grande massacre em um dos distritos, o rei não aguentou mais a pressão e sucumbiu. Simplesmente dormiu e não acordou mais.

Toda a responsabilidade sobre o reino caiu sobre os ombros do filho mais velho, Nicolas, que sentiu o peso da coroa. Ele sempre foi um jovem sem muitos direitos, nasceu para ser rei, viveu para ser rei e morreria usando a coroa real. Sua tenra idade fez com que sua mãe, Elizabeth, assumisse o posto de regência, tentando aplacar o peso que Nicolas carregava. Pensava sempre que estava protegendo seus filhos, mas gostava de ser rainha. Lutou para ter esse lugar e não o deixaria tão cedo.

Nicolas batalhou em meio às ordens de sua mãe e às exigências de seus ministros para ajudar o povo que sofria tanto, mas não havia como. Ninguém o ouvia, fazendo o futuro rei se sentir mais impotente.

Em um momento de desespero, Nicolas fugiu, abandonou sua coroa sobre a mesa e correu, fugindo de seus guardas e todos que o cercavam de forma tão sufocante. Correu o mais rápido que pôde para o bosque que cercava sua corte real. O lugar era seco e sem vida, a terra estava rachada. As árvores que outrora eram altas e cheias de vida agora pareciam esqueletos sem folhas ou frutas. O chão era coberto de galhos e folhas secas e sem vida.

Naquele dia, o sol estava forte e impiedoso. Não havia onde Nicolas se escondesse. Tudo o que havia era o silêncio. Os passos de Nicolas no chão duro fizeram levantar uma leve poeira. Nem formigas havia mais ali; até elas desistiram de tudo.

Ele se lembrava com perfeição do que aquele lugar foi um dia. Havia uma pequena nascente de água em algum lugar. Tudo estava perdido, e agora todos deveriam fugir ou apenas esperar a morte. Quem poderia sair dali ia embora. Quem não podia acabar seco e definido devido à pobreza.

Ao chegar à clareira que ficava no centro do bosque, Nicolas tirou sua espada da bainha e fincou-a no solo infértil do reino. Como poderia ser rei? Era o que se perguntava, com os olhos cheios de lágrimas, e pediu ajuda aos céus.

— Alguém está me ouvindo ai? —  suplicou aos céus, tudo que ele desejava é que isso acabasse. — Deus me ajude.

Os céus ouviram o apelo desesperado do futuro rei, e pequenas gotas de água caíram sobre o rosto de Nicolas, misturando-se às suas lágrimas salgadas. Demorou um tempo para que ele entendesse o que estava associado. Então, ele estendeu a mão e sentiu outra gota. O tempo fechado, o sol havia se escondido, e em poucos instantes a chuva começou a cair, forte e intensa.

Talvez aquilo fosse um sonho.

O futuro rei se segurou, pegou sua espada e começou a correr pelo bosque. Todos os lados estavam molhados, a chuva caía por todos os cantos, e as vestes reais de Nicolas estavam completamente encharcadas. Seus cabelos também estavam molhados, mas aquilo era motivo de imensa alegria.

Caminhando de volta à corte real, viu servos rindo para os céus. A chuva havia chegado ao palácio. Havia gritos de felicidade, e eles dançavam e saltavam nas poças que se formavam no chão.

Todos estavam ali, agradecendo aos céus por aquela bênção. Nobres e servos agora eram iguais, felizes pelo milagre que caía sobre eles em forma de água.

Naquele momento, o coração de Nicolas se encheu de alegria. Parecia que os céus estavam ao seu lado, e ele entendia seu destino, sua missão. Nicolas soube naquele momento que foi escolhido pelos céus para o futuro de Navie.

 Nicolas soube naquele momento que foi escolhido pelos céus para o futuro de Navie

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