Capítulo 2. Aniversário de Amélia

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A brisa do mar beijava os cabelos de Amélia, ela sentia o sabor salgado do vento enquanto observava as ondas com nostalgia, hoje era seu aniversário e para ela não era um dia feliz.

Por algum motivo elas estavam calmas, nas encostas perto de sua casa as ondas sempre batiam violentamente contra as pedras.

Amélia estava sentada em uma pedra, tinha um caderno de couro em seu colo, as crianças que ela ensinava a ler e escrever foram embora mais cedo hoje. Havia muitas nuvens no céu, ultimamente em Navie todo final de tarde e início de noite chovia muito.

— Você está aqui — disse Pedro quando encontrou a jovem de cabelos loiros observando as ondas.

— Os alunos foram embora mais cedo, o tempo fechou e parece que choverá  de novo.

— Sim — Pedro se sentou ao lado da irmã — como você está se sentindo hoje?

— Queria estar mais ocupada — Amélia segurou seu caderno com força, torcendo para nenhuma lágrima rolar pelo seu rosto — é um dia triste.

— É seu aniversário, não pode ser triste.

Pedro abraçou a sua irmã, ele demonstrava o carinho que sentia por Amélia, toda sua família sabia que ela não gostava de seu aniversário.

O dia que para muitos é comemorado para Amélia era um dia de profunda tristeza. Seu nascimento foi o último dia de vida para sua mãe, 19 anos que ela se sentia culpada de tirar sua mãe de seus irmãos e pai.

Amélia não sentia falta de uma mãe, ela nunca teve uma, como sentir falta de algo que nunca teve? Mas seus irmãos tiveram e ela tirou isso deles. A culpa sempre lhe assombrava.

Ela ouvia a histórias de como seus pais desejavam uma menina e quando tiveram foi a causadora da morte Lúcia, sua mãe. Sua família sempre falava das semelhanças de Amélia e Lúcia para tentar a animar, até mesmo em Atrar o vilarejo em que sua família morava em Kaphi.

Amélia foi criada em meio de cinco irmãos homens, não havia uma arte que ela não dominasse, ela cavalgava, corria, sabia lutar com uma espada e havia aprendido a manusear uma iguaria única que eles trouxeram de outra terra, eram armas.

Um dia Pedro, seu irmão mais velho e protetor, ensinou ela a empunhar uma arma e dar um tiro, o estampido e a força da arma a fizeram perder o equilíbrio e cair no chão. Laerte pegou eles fazendo isso e quase morreu do coração.

— Vamos para casa — Pedro se levantou e estendeu a mão que Amélia segurou com carinho — temos uma surpresa.

— Surpresa? Por isso você veio? Não precisa de nada disso — Amélia segurou a mão de seu irmão e se levantou.

— Como iria faltar ao seu aniversário?

Pedro e Amélia entrelaçaram seus braços e caminharam de volta à residência.

Ambos andaram pela campina úmida e conversavam sobre a última viagem de Pedro até voltar para a grande mansão de sua família. Ela foi adquirida por um valor muito baixo devido à necessidade dos donos.

Ao entrar pela porta, Amélia avistou todos os seus irmãos sentados nos sofás e conversando uns com os outros, até mesmo Catarina havia vindo.

Pedro se casou com uma jovem nobre do reino, ela era gentil e bonita, a história deles era digna dos livros mais românticos, Pedro viu ela comprando tecidos em uma loja e se apaixonou imediatamente.

Apesar da família de Catarina se aproveitar da paixão que Pedro tinha pela moça, nenhum deles se importava, se Pedro estivesse feliz, o dinheiro era o de menos para Amélia e sua família.

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