Reino de Navie

Capítulo 39. O dom dado por Hera

Olavo estava acompanhando Nicolas até os aposentos de Amélia para levá-la até o salão da família real.

— Qual o motivo deste banquete, Nic? — Olavo perguntou.

— Amélia anda um pouco triste, queria animá-la

— É um bom motivo. — Olavo fica em silêncio pensando. — A mamãe anda preocupada com você, mandou a gente te vigiar.

— Eu já notei.

Nicolas nos últimos dias estava sendo seguido pelos seus irmãos mais novos, principalmente Olavo. Sabia que sua mãe estava por trás disso, depois que prometeu matar aquele homem sua mãe fez seus irmãos o seguir, ele poderia mandar os guardas embora usando de sua autoridade real, entretanto, a rainha Elizabeth sabia que ele não mandaria seus irmãos embora rudemente. A coisa mais importante para Nicolas era sua família.

Chegando aos aposentos de Amélia, o jovem Olavo bateu na porta. Apesar da aparência ainda cansada, Amélia tinha um sorriso nos lábios, os três foram ao grande salão para um jantar.

Quando adentraram o grande salão as famílias estavam reunidas, menos Catarina. Ela disse que não desejava ir jantar com eles e fez sua refeição em seus aposentos.

O jantar correu sem grandes confusões, Olavo foi o centro das atenções contando a volta que foi dar para conhecer as tropas de Amélia com Marcelo. Todos conseguiram se distrair do completo desastre que aconteceu recentemente, Amélia parecia mais tranquila porém ela ainda carregava um olhar triste.

Nicolas acompanhou Amélia até seus aposentos, antes mandou Olavo para cama. Olavo queria os seguir e Nicolas desejava ficar sozinho com sua noiva.

— Vai entrar? — Amélia perguntou em voz baixa, isso fez o coração dele bater mais rápido.

— Você sabe que não corre mais perigo, quer que eu fique? — Amélia abaixou a cabeça e seu rosto ruborizou — Você quer que eu fique?

Nicolas levantou o rosto de Amélia com seu dedo de forma gentil, eles se olharam e seus lábios se tocaram suavemente e de forma casta.

— Sim — Amélia sussurrou quando os lábios deles se separaram.

— Devo arrumar-me para dormir e volto.

Amélia entrou em seu quarto, ela trocou suas vestes por roupa de dormir, ela não tinha segundas intenções com Nicolas, apenas gostava de dormir com ele e da forma que ele acariciava seus cabelos.

Nicolas voltou rápido aos aposentos de Amélia que já estava com uma camisola e deitada em sua cama. Deitou ao seu lado, Amélia usou o braço dele de travesseiro, os dedos de Nicolas acariciavam os cabelos rebeldes dela desta forma ela adormeceu.

Amélia ainda com os olhos fechados tateou a cama buscando Nicolas, quando notou que ele não estava ali ela abriu os olhos assustada. O futuro rei estava sentado com suas vestes formais de sempre, um casaco vermelho escuro havia um bordado dourado nele, Amélia gostava de ver Nicolas de vermelho.

Ele escrevia algo em um caderno de couro preto, seus cabelos pareciam úmidos quase cobria seus lindos olhos azuis e a sua barba estava rala, Amélia gostava, causava arrepios quando ele a beijava, a jovem sentiu seu rosto ficar quente, uma dama não deveria ter pensamentos tão impuros.

— Gosta do que vê? — Nicolas perguntou sem desviar o olhar do caderno, com apenas um sorriso no canto dos lábios.

— Possivelmente.

Amélia se sentou em sua cama, Nicolas fechou seu caderno e caminhou até ela, o rapaz beijou sua testa e sentou em sua frente.

— Você fica tão bonita quando acorda — ele acariciou a face de Amélia — Como dormiu?

— Desfrutei de um sono tranquilo ao seu lado e você? — Amélia sorriu pra ele, era verdade, ela gostava de dormir ao lado de Nicolas.

— Também

— O que você tanto escreve? — Amélia perguntou curiosa

— Um diário para os nossos filhos, caso eu não esteja aqui na coroação deles. — Nicolas falou isso com tranquilidade mas Amélia se sentiu golpeada, como ele poderia dizer isso.

— Não diga isso, as palavras tem poder e uma vez jogada ao vento elas não voltam.

— Espero que não aconteça, mas tenho sempre uma espada em meu pescoço.

Nicolas sorriu para ela, uma vez ele teve a espada no pescoço por meio de um dos homens de Amélia. Alguém bateu na porta de Amélia rapidamente, Nicolas disse para entrarem. A cavalaria estava completa.

A rainha estava acompanhada dos irmãos de Amélia, havia também guardas de alta patente.

— Vossa Alteza, Eurípedes sumiu da cela.

— Como sumiu? — Nicolas fingiu estar surpreso com aquela notícia.

— Acreditamos que alguém o deixou fugir.

— Isso é um absurdo — Nicolas se levantou da cama — quem o deixou escapar? Quero saber quem fez isso.

Nicolas convenceu a todos que não sabia que o homem estava morto, até mesmo Amélia que sabia o que havia ocorrido, ficou surpresa pela encenação dele.

— Quero saber quem era o responsável pela guarda neste momento! — Ele começa a andar de um lado para o outro.

— Vossa Alteza, soubemos que um dos homens dele que era nosso prisioneiro também fugiu — Felipe informou.

— Quem é esse homem?

— Não sabemos o nome, apenas relatos que eles correram para floresta, mandamos nossos homens de confiança vasculhar tudo — Felipe disse ao Nicolas.

— Precisamos saber quem é, quais ainda estão soltos. — Nicolas respirou fundo — eles iriam de volta ao país de origem, irei mandar homens para o porto.

— A família de Dominique está chegando — a rainha falou.

— Catarina está à espera deles — Felipe disse.

Nicolas se aproximou de Amélia e beijou seus cabelos — eu volto depois, meu amor.

Ela apenas concordou com a cabeça, todos saíram deixando ela sozinha em seu quarto, sozinha com o diário de Nicolas em cima da mesa.

A jovem se levantou da cama e foi até a mesa onde Nicolas fazia seu desjejum, ela deslizou os dedos pelo caderno de couro era tão tentador.

Maldita Deusa que lhe deu o dom da curiosidade. Ela se sentou onde Nicolas estava, abriu o caderno e começou a ler.

"Este caderno pertence ao futuro rei ou rainha de Navie"