Capítulo 22. Momento ruins

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Pela janela o dia se tornou noite muito rápido. O dia em que Amélia pensou ser o seu dia mais feliz na corte se tornou um completo pesadelo.

O beijo de Nicolas passava pela mente de Amélia e se transformava em imagens de Dominique dizendo que ele apenas se casaria com ela por obrigação e ela jamais seria sua mulher de verdade.

Nicolas tentou falar com Amélia por diversas vezes, mas a moça não abriu a porta do quarto pra ele em nenhum momento, em algum momento desistiu de bater e se sentou na porta, uma hora ela iria sair e ele iria vê-la, abraçá-la, dizer que a amava e que ela era tudo que ele queria.

Nicolas ficou esperando Amélia, se sentou na porta e aguardou ela, temeu que ela fugisse dele então ficou lá. Em algum momento ele pegou no sono.

Quando Amélia resolveu sair do seu quarto já era tarde, ela desejava tomar ar já que ficou o dia todo trancada, também gostaria de ver seu pai, eles nem tiveram muito tempo juntos. Ao abrir a porta, tomou um susto, era Nicolas que acabou de cair para trás, ele tinha dormido em sua porta?

— Amélia. — Nicolas se levantou rapidamente e ajeitou suas vestes — eu acho que peguei no sono.

— Sim, Vossa Alteza.

— Estou tão feliz que abriu a porta — A mente de Nicolas ficou confusa, ele agora parecia um rei maluco que dormia na porta de uma donzela. Ele a envolveu em seus braços e pode sentir seu cheiro — Obrigado, por não me abandonar.

Amélia esperou tanto por estar em seus braços, ela sentiu falta de Nicolas, falta de seus braços em volta dela, os olhos de Amélia se encheram de lágrimas novamente, um misto de felicidade e nervosismo.

Nicolas olhou para Amélia, passou os dedos pelo seu rosto gentilmente.

— Vamos conversar — Ele beijou a bochecha dela, ele desejava tomá-la em seus braços agora, gritar aos quatro ventos que estava apaixonado.

A jovem abriu caminho para o futuro rei, ele entrou nos aposentos de Amélia, a moça encostou a porta e se virou para ele.

— Você está se sentindo bem? — Nicolas mexeu as mãos de forma nervosa, ele era um bobo da corte perto dela, nunca sabia o que fazer.

— Bem — Amélia disse com os olhos marejados.

— Você não parece bem, Amélia. Me perdoe por tudo que aconteceu, por favor, não vá embora. — Nicolas se aproximou dela, segurou suas mãos, encostou sua testa na de Amélia — por favor, não me deixe.

— Ir embora? — Amélia olhou para Nicolas, ela não disse em nenhum momento que iria embora, apenas tinha pensado nesta hipótese.

— Seu pai disse que iria te levar — Ela apenas abaixou a cabeça, Nicolas a abraçou novamente — não vá, por favor — Amélia recostou a cabeça em seu ombro e ambos ficaram em silêncio. Ela não queria se mexer, amava estar nos braços de Nicolas — fique comigo, seja apenas minha.

Nicolas olhou para Amélia, os olhos dela estavam tom de verde escuro, ele sentia seu coração pular, os lábios deles se encontraram lentamente, um beijo suave e doce. Ele deu um passo em sua direção, envolveu os seus braços na cintura dela e apertou suavemente.

Ambos andaram até a cama sem seus lábios se separarem, Nicolas deitou Amélia em sua cama, ele não conseguia soltá-la. Os dedos de Amélia percorriam os cabelos pretos de Nicolas, demorou uns instantes para ele conseguir afastar seus lábios do dela.

— Eu te desejo mais que tudo neste mundo — Nicolas sussurrou no ouvido dela, beijando suavemente seu pescoço. — Meu amor.

Nicolas sentiu seu corpo latejar, ele se afastou dela e se deitou ao seu lado não podia continuar, ele tomaria Amélia em seus braços e faria mulher naquele momento esse era seu maior desejo mas não podia, deveria esperar até o casamento como manda as regras e ele se casaria hoje se pudesse.

O futuro rei sorriu pra moça, a puxou para seus braços, ela deitou a cabeça em seu peito e dormiu, embalada pelo ritmo cardíaco dele.

Nicolas foi acordado pelo frenesi do sonho de Amélia, ela parecia estar fugindo de algo ao tentar se aproximar dela um grito saiu, um grito de terror e desespero, seus olhos ainda estavam fechados mais lágrimas desciam pelo seu rosto — Me solta — Amélia gritava em seu inferno particular

— Amélia, meu amor — Nicolas a chamava da forma mais suave possível, Amélia abriu seus olhos e empurrou o rei — sou eu, Amélia. — Nicolas segurou a mão dela.

Demorou um tempo para Amélia se tocar do que acontecia, ver que era Nicolas que estava deitado em sua cama, o coração de Amélia batia em uma frequência frenética, ela se afastou de Nicolas.

— Você está bem? — Nicolas perguntou preocupado

Antes que Amélia pudesse responder a pergunta, João Lucas entrou em seus aposentos empunhando a espada, ele viu a situação, Amélia em sua cama parecia assustada e o rei ao seu lado, ele colocou espada no pescoço de Nicolas, desejou matá-lo.

— O que está acontecendo, Amélia? — Ele perguntou preocupado.

— Como ousa colocar a espada no pescoço do rei — Nicolas rosnou para o guarda que parecia não se importar — você pode perder sua cabeça por isso.

— Eu não respondo a você — Lucas rosnou para Nicolas ferozmente

— Estou bem — Amélia se sentou na cama — não faça isso. Apenas tive um pesadelo

O rapaz guardou a sua espada, Nicolas e João Lucas se encararam como se estivessem prestes a entrar em um duelo, o ato para Nicolas era pura insubordinação e ciúmes de Amélia. O rapaz saiu do quarto sem falar uma palavra.

— Qual o problema com esses seus guardas? Ele acabou de pôr a espada no pescoço do rei deste Reino.

— Não fique tão ofendido com isso.

— Porque você estava gritando?

— Apenas um sonho que tenho com a minha vida passada.

— Passada?

— Sim, antes de vir para cá — Amélia abaixo a cabeça ela segurou os cobertores e apertou com força — eu lhe contei sobre os transtornos que vivi anteriormente.

— Existe algo nesta história que não me contou? — Em lágrimas a jovem olha para o rosto sincero de Nicolas ele segura sua mão suavemente.

— Eu disse que Arthur me salvou daquele homem asqueroso — Nicolas nada disse, apenas apertou a mão de Amélia suavemente demonstrando compaixão — apesar de Arthur me salvar de um desastre maior aquele homem nojento conseguiu rasgar minhas vestes e — Amélia parou de falar e começou a chorar novamente

— Minha amada — Nicolas foi tentar abraçar Amélia mas ela se afastou

— Por favor, não me toque agora.

Nicolas ficou em choque. Ele queria abraçar Amélia, mas ela não queria ser tocada e Nicolas entendia isso, ele imaginou todo o sofrimento de Amélia e sua família.

Eles ficaram sentados na cama lado a lado em silêncio, não havia o que dizer, nada que Nicolas fizesse seria capaz de mudar ou apagar o que Amélia sentiu quando aquele homem a tocou.

Nicolas sentiu um súbito ódio seria capaz de cortar a cabeça desse sujeito com uma espada, por sorte não estava próximo dele e Amélia também, ela nunca mais iria vê-lo e ele iria protegê-la com sua vida.

Amélia acabou adormecendo depois de um tempo, Nicolas velava seu sono, ele apenas o olhava e sentia uma onda de amor e afeição apenas crescente, ele acabou adormecendo com ela novamente, lado a lado, sem tocar na moça como era seu desejo, ele não queria ser o homem que ela temeria, nunca na sua vida.


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