Capítulo 18. Recordações de vidas passadas

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Nicolas e Amélia se sentaram a sós em um banco, longe até das vistas dos criados, Nicolas não queria que todos soubessem que ele seria rejeitado, ele via nos olhos de Amélia uma inquietude.

A jovem mexia em seu vestido de forma nervosa, ela não sabia como contar ao futuro rei sobre o seu passado, ela temeu ele não querer mais, Amélia sentiu vontade de chorar, mas arrumou forças em sua alma para contar o que estava acontecendo.

— Vossa Alteza, eu não desejo de forma nenhuma atrapalhar a sua vida e a de Dominique. Aceitei vir para cá a pedido de minha família e minha cunhada, eu não pensei que realmente poderia me casar.

— Você não quer se casar comigo?

Neste momento Nicolas observava Amélia, a forma que ela mexia suas mãos as pupilas dela estavam dilatadas, Nicolas se sentia tão nervoso que mal podia respirar, a pressão sobre seu peito era algo doloroso que ele nunca havia sentido.

— Eu apenas pensei que você me rejeitaria pelos meus hábitos como caçar e cavalgar. Não estou te rejeitando, não pense nisso.

Quando Amélia disse isso, Nicolas sentiu a tensão de seu corpo se afastar.

— Não iria te rejeitar por isso, Amélia. Acho que faz parte do seu charme.

— Me deixe falar — Nicolas apenas acenou com a cabeça — Eu pensei que seria uma oportunidade apenas de conhecer a corte e agradar meu pai. Mas você precisa entender o motivo que me fez vir pra cá.

Amélia estava escolhendo as palavras, não queria parecer como uma mulher da vida ou que sua família parecesse golpista.

— Minha mãe faleceu após o meu nascimento, um sangramento que não parou. Meu pai sempre quis uma filha mulher e por isso eles ficaram felizes com meu nascimento. Ninguém da minha família nunca me culpou pela morte da minha mãe, eu vivi uma vida calma e feliz, meus irmãos nunca me deixaram triste por nenhum momento.

Amélia fez uma pausa para tomar fôlego, Nicolas acompanhava o que ela dizia era quase pausado visto a ansiedade da moça.

— Quando eu fiz 12 anos, um homem importante de onde morávamos começou a me seguir, pois eu era muito parecida com a minha mãe, ele desejou desposá-la assim como fez comigo. Ele enviava diversos presentes para minha família, dinheiro, jóias, gado e outras coisas. Meu pai se manteve firme na recusa de conceder minha mão. Em algum momento ele se tornou violento e começou a me seguir. Arthur me salvou uma vez disso.

— Eu lamento por isso, Amélia.

— Meu pai e meus irmãos tentaram arrumar ajuda, mas todos ignoravam, alguns diziam que meu pai era ganancioso e só desejava mais dinheiro. Em um dia meu pai e meus irmãos resolveram ir embora. Eles organizaram por semanas suplementos em um barco, para nossa sobrevivência por um tempo, havia apenas a minha família para defender esse barco, mais tripulantes queria dizer mais gastos e menos espaço para comida. Vendo que não teria como continuar fugindo já que havia homens me cercando em todos os lugares e o informando onde eu estava, meu pai concedeu minha mão em casamento para esse homem.

— Como ele teve coragem?

— Não foi de verdade. Felipe pegou o dote que o homem ofereceu para nós, uma noite fugimos com tudo que tínhamos. Meus irmãos colocaram fogo na nossa antiga casa para parecer um acidente, nunca olhamos para trás.

Nicolas ficou em silêncio, os olhos de Amélia encheram de lágrimas ao lembrar do terror que sua família viveu no mar e em terra até chegar ao país de Nicolas, foi como uma corda de salvação.

— Vocês roubaram esse homem?

— Pode pensar assim se quiser, Vossa Alteza — Amélia abaixou a cabeça e limpou suas lágrimas — meu pai estava desesperado, ele é um bom homem. Nós vivemos uma época de terror completo. Viemos para cá em busca de uma nova vida, conseguimos acumular a riqueza que temos. O ouro que Felipe recebeu foi levado por homens de um navio clandestino, eles nos ajudaram chegar aqui, estávamos perdidos em alto mar

Reino de NavieWhere stories live. Discover now