Capítulo 5. Descendo pela janela

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A rainha deixou os aposentos de Amélia, após isso os pensamentos da moça foram a mil, sentiu o fel em sua garganta, o suor era fruto de seus nervos. O primeiro recipiente vazio que encontrou, ela regurgitou tudo que havia comido.

Os baús de Amélia chegaram pouco tempo depois, ela procurou suas vestes antigas que não a apertavam tanto, ao encontrar colocou um de seus vestidos.

Novamente ela fugiu, descendo pela janela de seus aposentos, não em um sentido literal, haviam guardas para todos os lados, apenas precisava de ar, saber que o céu ainda era azul.

Enquanto ela corria pelo jardim, uma flecha quase a atingiu, o susto foi tão grande que Amélia caiu no chão.

— Me desculpe — um menino correu para pegar a flecha — quem é você? — ele perguntou desconfiado visto a palidez de Amélia, ele pensou que poderia ser um fantasma.

— Amélia — Ela disse tentando respirar — você me viu hoje cedo.

— Parece uma pessoa diferente. Me desculpe, me chamo Olavo.

O jovem príncipe se curvou, ele era o irmão mais novo do futuro rei, suas vestes arrumadas e seu arco mostrou o que o rei estava fazendo de "importante" era treinar com seu irmão.

Amélia se sentou na grama, estava um pouco úmida, mas isso era o que menos importava, agora ela conseguia respirar, ela puxou o ar profundamente.

— Você está bem? — O jovem príncipe perguntou preocupado.

— Estou, esse lugar é tão grande e sufocante.

Amélia tentava acalmar as batidas de seu coração, ela olhou para o céu e gradualmente seu coração foi voltando ao ritmo normal. Passou a mão pelos seus cabelos que estavam bagunçados devido à fuga pela janela.

— Também me sinto assim às vezes.

Uma voz grossa e um pouco rouca surgiu, era Nicolas, ele havia visto a flecha quase atingir Amélia. Parecia tão assustada, fez seu coração doer, ele sabia melhor do que ninguém como aquele lugar poderia ser assustador. Talvez ela não fosse uma interesseira como Dominique havia falado, não parecia uma nobre mimada e caprichosa. O futuro rei estendeu a mão para ajudar a moça a levantar da grama.

Amélia encarou os olhos de Nicolas, o futuro rei tinha belos olhos azuis, pareciam safiras brilhantes, ela nunca havia visto alguém com olhos tão bonitos quanto os dele. Ela ignorou seu gesto gentil e levantou sozinha.

Nicolas colocou as mãos para trás do corpo e observou Amélia se levantar sozinha. Ela batia a sujeira de seu vestido, quando chegou ela estava com vestido bem maior de tecidos caros, agora estava com um vestido azul com desenhos de flores. Ele encarou os pés dela, calçava botas velhas e surradas, ele realmente não esperava nada daquilo.

— Como você saiu? Sei que seu quarto está vigiado. Vi seus irmãos deixando guardas na porta além dos guardas da corte.

Olavo perguntou confuso, a voz do garoto cortou o contato visual de Nicolas e Amélia.

— Meus irmãos sabem que uma porta não vai me impedir de sair. — Nicolas tinha olhos inquisitivos, eles pareciam querer uma justificativa para aquela cena. — Desci pela janela.

— Janela?

Nicolas riu da situação. A moça nada tinha de uma burguesa mimada, parecia estranhamente atrapalhada. A face de Amélia adquiriu um tom de rosa-claro.

— Vai fugir? — Olavo perguntou empolgado como se estivesse vendo uma peça de teatro com cenas de fuga.

— Não, só queria respirar um pouco de ar puro, mas quase fui morta por uma flecha.

Reino de NavieWhere stories live. Discover now