Capítulo I

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                                 (João)

 
  Antes de tudo, eu era normal, vivia por mim mesmo, sem me preocupar com nada além da escola ou nas minhas coisas diárias, nas séries que eu maratonava, nas saídas com meus amigos.

    Cresci cercados de familiares e amigos, sempre me considerei uma pessoa muita amada pelas pessoas ao meu redor, principalmente minha família. Minha mãe era bem apegada a mim, assim como meu pai. Eu também era próximo do meu irmão, o Gabriel, mas não muito da minha irmã a Ana Paula.

   Meu nome é João Pedro, mas todo mundo me chama de Joãozinho, tenho 1,74 metros. Tenho cabelos muito pretos,  que amo deixá-lo grande. Sou muito fã do Coldplay e dos Beatles. Meu jogo favorito é minecraft.

  Eu não ligava para nada além desse meu mundo perfeito, em que nada, nem ninguém poderia entrar ou sair. Todos os dias eu ia pra escola bem cedo, era meu último ano nela, eu gostava de usar meu all star azul marinho, que aliás era minha cor favorita. Meus amigos costumam dizer que sou meio desligado com meu visual, mas não dou muito atenção a isso. Prefiro vagar sobre livros ou qualquer coisa que envolva fantasia. Isso sim me envolve.

   Tenho muitos amigos, o Douglas é o que mora no meu prédio, por isso vamos sempre juntos andando já que a escola é perto. Ele era um dos meus amigos mais inteligentes, ou era, pois depois que ele começou a se envolver com uma garota da escola começou a pensar muito em relacionamento e deixou de lado muito do que ele era.

   — Ô João, semana que vem eu e a Hilda fazemos um mês, o que eu dou pra ela? —.

  — Sei lá, e vocês estão namorando? —.

  — Não, é um mês de ficada —.

  — Espera, você vai dar um presente pra uma menina que você tá ficando? —.

  — Tem algum problema? —.

  — Não —. Disse com sarcasmo. Douglas era muito tonto mesmo, mas enfim, eu nem levava para o que ele fazia ou deixava de fazer. As vezes parecia que todo mundo ao meu redor sentia uma necessidade enorme de ficar com alguém. Todo mesmo eu que parecia viver em um mundo alternativo e paralelo a aquele.

   Sinceramente, eu não via nenhuma vantagem em me envolver com alguém, tudo o que eu vejo e ouço sobre relacionamentos são no mínimo traumatizante. Eu não quero ter meu espaço invadido, nem muito menos minha privacidade. Gosto da minha vida como esta e não penso nunca em mudar ela. Certo que acho as vezes umas meninas bonitas, até uns meninos do meu colégio, mas é só uma coisa superficial. Nunca tive o mínimo interesse em ficar com alguém. Mesmo com a insistência exagerada dos meus amigos.

   Tem um menino na escola, que todo mundo acha ele bonito, e que é muito afim de mim, o Victor. Mas eu não tinha vontade. Mas ele era realmente muito bonito, tinha outras meninas na escola também que sempre quiseram ficar comigo, mas eu não queria.

   Acho que esse negócio de paixão não era comigo.

   Já minha irmã, a Ana, sempre tinha uma paixonite louca. De vez em quando ela chegava em casa com alguém novo, era cada peça estranha, alguns meu pai nem deixava subir.

   A Ana era uma chata, não tínhamos uma boa relação, e a culpa sempre era dela, pois ela era muito arrogante, individualista, explosiva. Acho que nem meus pais suportavam ela.

   Certo dia na mesa de jantar, eu já estava quase terminando, ela veio implicar comigo.

   — O João pode ficar o dia inteiro no videogame e vocês não dizem nada, mas eu não posso nem sair um pouco que já começa o escândalo —.

   — Ele não fica fazendo nada demais, suas notas são ótimas, ele nunca chega fora do horário, nem muito menos dá trabalho nem preocupação —. Minha mãe disse.

   — É tão bonito como vocês amam colocá-lo acima de mim, a Ana Paula sempre errada —.

   — Será que não podemos ter ao menos uma refeição civilizada? —. Questionou meu pai impaciente. Eu apenas ficava calado ouvindo a conversa.

   — Amanhã meu namorado vem aqui, espero que o recebam com o mínimo de educação —.

   — A única pessoa má educada aqui é você —. Digo baixinho, mas ela consegue ouvir, e faz uma cara nada boa para mim.

  — Vou fingir que nem ouvi —

  — Espero que pelo menos esse seu namorado minha filha, não tenha sido preso, ou pelo menos não seja um sem futuro. Porque ao que parece você tem um péssimo gosto para relacionamentos —.

   — É só namoro, não é um casamento —.

   — Mas acho que você deveria pelo menos procurar uma pessoa decente para estar ao seu lado, já que muitas coisas na vida são imprevisíveis, e não podemos planejar algumas coisas que acontecerão —.

   — Tipo o João? —. Ela falou com seu humor ácido e idiota.

   — Ana Paula, eu espero que você termine essa sua faculdade o quanto antes, porque é difícil aguentar você com essa vida —. Minha mãe falou. Ana Paula era uma pessoa muito rebelde, ele adorava chegar tarde em casa, já desistiu de três faculdades, vive reprovando, a polícia já entrou aqui em casa devido a drogas. Ela já desapareceu uma vez por dois dias, porque tinha ido a uma festa em outro estado sem ter avisado a ninguém. Além disso ela já fez um aborto clandestino, comprou coisas no cartão de crédito do meu pai, vendeu a televisão e algumas coisas a mais. Ou seja ela era o demônio, mas queria sempre ser tratado como eu, e não entendo o porquê, já que ela faz de tudo para ser o completo oposto do que sou.

  Depois do jantar eu fui jogar um pouco de videogame na sala, a TV era maior e bem melhor de jogar, meu pai ficou me olhando um tempo e disse:

  — Depois eu compro uma maior pra você, pra não precisar jogar na sala —.

  — Pai, como o senhor aguenta a Ana Paula? —.

  —  Joãozinho, ela é sua irmã, acima de tudo, minha filha, é meu dever como pai amá-la e protegê-la apesar dos apesares —.

  — Entendi —.

 

 

  

  

   

O Dono do Meu Corpo [+18]Where stories live. Discover now