Capítulo IV

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(João)

   Acho que de todos os namorados que a minha irmã insuportável trouxe aqui em casa, esse é o que mais parece ser decente, teve uma vez que ela estava saindo com um ruivo que parecia um orangotango de tão feio, o pior de tudo é que eu nem posso andar pela minha própria casa pois sempre tem alguém abrindo a geladeira comendo minhas coisas e isso é chato. Eu só queria que ela fosse embora para bem longe, acho que seria o melhor para todos nós. Acho que seria bom também para esse namorado tatuado dela, ele parece ser até legal, se ele é amigo do meu irmão eu confio.

   Pior de tudo era que ele era bonito, e sempre torci para que a Ana arrumasse um cara bem feio. Mas a desgraçada tem sorte, mesmo sendo uma completa chata. Tive de aturar durante todo jantar ela com aquele tom alegre tentando fingir que era tão boa quanto o Gabriel, quando na verdade sabíamos que ela uma insuportável.

Teve um momento que ela surpreendeu a todos, ela bateu com o garfo na taça, e disse que faria um comunicado, eu só queria sumir dali o mais rápido possível, mas infelizmente minha mãe fazia questão da minha presença ali.

— Mãe, pai, nesses últimos tempos eu sei que tenho estado muito aquém do que vocês sonharam para mim, sei que não fui uma boa filha, que sempre dei trabalho e que causei muita discursões. Mas agora eu acho que chegou o momento da minha vida em que vou enfim me tornar adulta. E eu vou parar de dar tanto trabalho. Eu conheci um cara legal, muito legal, bem ele está aqui como vocês sabem, espero que tenham gostado dele porque eu gostei demais. Luiz Felipe Spinelli quer namorar comigo? —. Nossa que constrangimento, até o cara ficou surpreso. Meus pais ficaram felizes, acho que eles esperavam realmente que algum dia ela iria mudar, eu apenas queria que ela se mudasse, bom por mim eles se casavam hoje mesmo e ela iria morar debaixo da ponte.

(Luiz Felipe)

Agora deu tudo errado, ela não perdia tempo, acho que era preciso eu ser sincero, dizer não afinal eu não queria nem namorar, muito menos namorar com ela. Mas agora eu estava encurralado, em meio a sua família em sua casa, depois de uma declaração esperançosa aos seus pais. Eu estava em choque devido a rapidez das coisas, eu pensei que seria apenas um jantar normal, mas foi uma armadilha.

O "não'' estava preso em minha garganta, mas depois de olhar no rosto de todos eles esse não sumiu.

Eu disse sim, mesmo com todos os meus sentidos me dizendo que isso era uma roubada, mesmo assim eu disse sim. Seus pais estavam sorrindo, ela estava sorrindo, que garota desgraçada. Eu só queria sumir daquele jantar, mas agora eu estava cada vez mais me afundando nisso tudo.

Pelos menos eles eram pessoas boas, sua mãe era muito gentil, seu pai como sempre apenas dava atenção para o filho. Só percebi que eu precisava dar o fora dali mesmo, quando eu estava com a Ana no seu quarto, ouvindo ela reclamar da família.

— Aquele moleque sempre é mal-educado, mas nunca vi ele pegar uma bronca sequer, enquanto eu não posso fazer nada que sou taxada como uma delinquente. Cara eu odeio isso, eu sou filha deles também, mas eles só se preocupam com o filhinho deles, Joãozinho pra cá, isso me irrita. Se você conhecesse a peste saberia porque tenho tanta raiva dele —.

— Ele me parece ser uma pessoa legal —.

— Mas não é, ele é muito manipulador, chora por qualquer coisa e meus pais fazem tudo o que ele quiser, até o Gabriel faz tudo o que ele quer, acredita que o Gabriel já foi na escola pra ameaçar um moleque só porque começou a chamar o João de Peppa Pig —.

— Por que Peppa Pig? —.

— Porque ele é gordo, além disso quando corre fica rosado que nem um porco —.

— Bem, não sabia desse lado selvagem Gabriel —.

— Ele é outro, mas pelo menos não é tão bajulado assim —.

Pouco a pouco ela foi adormecendo, ainda bem, eu já estava com vontade de suturar a boca dela. Não demorou muito e ela dormiu, a casa estava em silencio, me questionei se eu deveria ir embora ou não, mas pensei em tudo que aconteceu hoje, infelizmente aceitei esse pedido, agora tudo ia bem além da amizade do meu amigo, bem lá no fundo eu tinha honra. Olhei para minha namorada que repousava na minha perna, eu antigamente queria namorar, mas acho que não era bem isso que eu tinha em mente.

Para acabar de completar ela começou a roncar, ela sim parecia uma porca, e uma grande porca insuportável e chata. Mas ainda assim acho que eu não conseguiria dizer não, não sei bem o porquê, mas independentemente de tudo agora eu tinha alguém ao meu lado, isso me deixava um pouco pensativo, acho que eu havia me perdido nesses últimos tempos. Antes eu não era assim, eu não me importava apenas com sexo, mas também com sentimentos. Olhei novamente para Ana acho que ela merecia uma chance, ela era bonita, gostava de mim, tinha uma família legal. Um mês, acho que seria tempo o suficiente para decidir se eu iria continuar ou não com ela.

Adormeci, acordei olhei no relógio era quase uma da manhã. Eu estava com a garganta seca, olhei ao redor, acho que não tinha frigobar, então eu teria de sair e procurar por água. Estava tudo silencioso, caminhei em direção a cozinha, fui na geladeira saciei minha sede, depois quando vou voltando para o quarto vejo o irmão caçula da Ana jogando vídeo game na televisão da sala.

Ele estava jogando Elden Ring, um jogo que eu costumava jogar quando eu estava sem fazer nada. O garoto estava de fones, por isso nem notou minha presença ali, bem quase não notou, pois, depois de uma concluir uma missão ele se levantou e começou a comemorar rodopiando pela sala, ele estava apenas com uma camisa e de cueca, que por sinal era pequena e estava entrando em suas nádegas.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O Dono do Meu Corpo [+18]Where stories live. Discover now