Capítulo LXVI

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Algumas semanas haviam se passado desde aquele dia terrível, eu tentava conviver com isso, mas era tão complicado, eu não estava falando com meus pais, nem com meu irmão e sinceramente naquele momento eu não desejava fazer isso, eu precisava de um tempo para aceitar todas essas informações que caíram como uma bomba nuclear sobre a minha cabeça, eu não falei nem mesmo para Alana, logo quando voltei para a escola.

- Neném, você está bem? -. Questionou depois de passar longos minutos me encarando.

- Não estou, e eu não quero falar sobre isso pois isso me machuca de mais então quando eu estiver pronto, caso um dia eu esteja pronto eu te falo -.

- Você está com o Luiz não está? -.

- Sim estou na casa dele -.

- Então no fim deu tudo certo, fico feliz por você -.

- Eu não acho que deu certo, pelo contrário deu tudo errado, tudo fugiu do controle, na verdade foi uma ilusão acreditar que eu tive controle sobre minha vida pelo menos alguma vez na minha vida -.

- Enigmático, deve estar sendo difícil para você seja lá o que você está passando, mas quero que saiba que eu estou aqui com você e sempre estarei -.

- Obrigado Alana, eu te amo muito -.

Eu no intervalo fugia de todo mundo, me escondia detrás da lanchonete, lá havia uma arvore detrás, eu me sentei ali e fiquei pensando em tudo, dias já haviam se passado e mesmo assim tudo continuava sangrando.

Gabriel disse que quando eu estivesse pronto ele me contaria toda a verdade, como se ele pudesse decidir quando eu deveria saber a verdade sobre a minha própria história, eu já estava cansando das pessoas decidindo minha vida por mim.

A única parte agradável do meu dia era quando eu estava na casa do Luiz com o Felipinho, assim eu o chamava ele era tão pequeno, eu o conhecia a tão pouco tempo, mas eu o amava de uma forma inexplicável.

O Luiz ainda estava tentando se adaptar a vida de pai, mas ele estava se saindo bem, embora fosse bem difícil acordar durante a madrugada para dar comida ao bebê que era muito chorão. Ele durante o dia parecia um zumbi, ficava perambulando pela casa e dormindo em qualquer lugar. Até que ele ficava sexy com aquela aparência de paizão, ele parecia uns dez anos mais velho, mas ainda assim continuava sendo aquele homem perfeito.

- Ah aí está você -.

- O que foi Douglas? -.

- Não te vi mais no prédio, você está na casa do seu irmão? -.

- Olha eu não quero falar sobre isso -.

- Poxa João, por que você nunca confia em mim? Sempre vejo você de segredinho com a Alana, mas você esqueceu que somos amigos desde o primeiro ano do fundamental? -.

- Douglas eu não quero conversar com isso com ninguém, então se puder me dar licença eu te agradeço bastante -.

- Como quiser, mas eu acho que você precisa... -.

- Eu já estou cansado das pessoas dizendo o que precisou ou não fazer -. Minhas palavras embora ditas com o máximo de calma no tom de voz ainda assim foram muito amedrontadoras. Ele apensa se levantou e foi embora, eu não quis voltar para aula então fiquei ali até tudo acabar. Luiz vinha me buscar todos os dias. Ele não se atrasava um minuto sequer, sempre muito pontual.

- Oi, como foi? -. Questionou-me.

- Normal, como sempre -.

- O Felipinho hoje segurou meu dedo com tanta força que achei que iria arrancar -.

- Ele vai ser forte como o pai dele -.

-Tomara que seja bonitão como o Tio dele -. Luiz tentou me beijar, mas eu o impedi, eu não estava legal ainda, mesmo a semanas em sua casa, não estávamos como tanto sonhávamos, mas ainda bem que ele entendia o porquê.

- Desculpa -. Falei.

- Tudo bem, vamos para casa -. Ele falou e ligou o som colocou bem no alto uma música que eu gostava e ele sabia bem que eu gostava. Eu sorri, no semáforo ele beijou minha bochecha.

- Seu pescoço é lindo -. Ele falou, achei um pouquinho aleatório, mas foi muito fofo a forma com ele falou, era engraçado como o Luiz era irônico as vezes, fora de casa ele era todo durão facilmente ele poderia matar qualquer pessoa, mas quando estávamos a sós ele era incrível, com se ele guardasse a melhor parte de si apenas para mim.

- Queria ser como eu era antes, acho que eu preferia nunca ter sabido de toda verdade, acho que agora entendo os meus pais, ele criaram uma imensa bola de neve e tudo fugiu do controle deles, era difícil, pois decidiram esperar o momento certo talvez, mas o tempo certo talvez nunca tenha existido -.

- Então você os perdoa? -.

- Não, isso não, não ainda, ou talvez nunca, tudo depende de mim mesmo, se um dia eu vou conseguir conviver com isso, eles tiveram tantas chances as preferiram que isso tudo chegasse nessa situação, permitiram que a Ana me causasse dor naquela forma, acho que ela deve ter ficado muito feliz com tudo isso, mas pena que ela não esperava que eu estou com você, e sempre estive com você, eu não estou com você por isso, mas confesso que vê-la surtando daquela forma foi impagável, foi uma das cenas que eu vou guardar para sempre -.

- Aquilo também foi bom para mim, finalmente mostrá-la o motivo de eu ter terminado aquela farsa que foi o nosso namoro. Às vezes fico pensando que se eu tivesse te conhecido um pouco antes de toda aquela confusão, aquele jantar teria sido nosso, e tudo não teria saído do controle. Mas acho que eu não me arrependo, pois agora eu tenho o meu filho. Fui capturado pelo dragão naquela noite, e saí com dois príncipes -.

- Quer saber, eu não me arrependo de nada também, e outra deveríamos ter transado mais enquanto você ainda estava com a Ana, ela mereceu uma bela de uma galhada, mas não eu fui sentir vergonha, achando que eu era uma pessoa horrível, quando na verdade eu não era e nem nunca fui -.

- Deveríamos ter sido felizes sem medo de nada, mas perdemos tempo demais -.

- E tudo foi em vão -.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O Dono do Meu Corpo [+18]Where stories live. Discover now