Capítulo XXIX

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(Luiz)

Então era mesmo verdade o garoto estava saindo com um qualquer da sua escola. E o pior de tudo era que seus pais aprovavam totalmente. Ele me viu, eu tinha ido checar com meus próprios olhos para ver se aquilo era mesmo verdade, e para o meu azar realmente era. Eu queria tanto ter uma conversa com o João, procurar saber o porquê de ele ter virado as costas para mim desta forma, de uma maneira tão repentina e curiosa. Eu tinha que falar com ele, tinha que dar um jeito, mas parece que isso era realmente impossível naquele momento.

Me irritava pensar que aquele qualquer iria tocar aquela pele macia que um dia eu toquei, sei foram poucas vezes, mas sinto que aquele corpinho me pertence e eu sempre defendo com afinco o que é meu. Acho que a vida tinha dessas ironias, eu havia largado sua irmã, e ele retribuiu a atitude, com algo que não é do seu feitio. O conheço a pouco tempo, mas sei que ele é uma pessoa doce, incrível, e que se preocupa com as pessoas ao seu redor. Confesso que estou sentindo falta de ouvir sua voz, de conversar com ele sobre coisas aleatórias, em conversas agradáveis e infindáveis. 

                         (João Pedro)

   Era um sábado, um dos meus dias favoritos da semana, porque nessa dia Gabriel costumava me levar a sua casa, e passávamos o dia todo nos divertindo, era tão legal, saíamos, ele me comprava um monte de coisas. Era tão bom ver a cara da Ana Paula de inveja. Nós dois tínhamos uma coisa em comum, concordamos que ela é insuportável. Eles dois brigavam bastante, principalmente porque Gabriel gostava de estudar no seu quarto, e ela sabia é aumentava o volume da TV de propósito, apenas para lhe atrapalhar.

   Mas enfim, eu estava sentado no sofá, só aguardando meu irmão chegar, e conversando com o Victor, ele estava me contando sobre suas impressões sobre o livro que lia, até aquele momento. Eu gostava de ouví-lo falar. Ele era tão elegante e ao mesmo tempo tão humilde. Como uma mistura inexplicável, dois lados de uma mesma moeda que embora divergentes fazem parte do mesmo ser.

   Quando ouço o barulho da porta se abrindo levanto a cabeça e vejo ele chegando. Levanto e vou lhe dar um abraço.

   — Nossa, impressão minha ou você cresceu? —. Questionou me apertando.

   — Queria, mas mamãe disse que vou puxar o lado mais baixo da nossa família —.

  — Vai mesmo, vai continuar sendo o caçula da família —.

  — É por isso que a Ana me odeia tanto —.

  — Ela é uma imbecil, mas não falemos dela agora. Como vai seu namoro? —.
 
  — Que namoro? Eu não estou namorando com ninguém, só estou conhecendo o Victor —.

  — Então porque está tão bravinho assim? —.

  — Que bravo o quê? Voces só sabem implicar comigo —.

  — Isso não é verdade —. Depois de matar um pouco da saudade descemos pelo elevado em direção ao seu carro.

  — Estou pensando em cortar meu cabelo o que acha? —. O questiono.

  — Porque? Está tão bonito assim, papai iria surtar com você —.

  — Ele fica atrapalhando minha visão, e também dá trabalho cuidar dele —.

  — Acho melhor você deixar assim, todos nós já estamos acostumados com você assim —.

   — Vai ter que utilizar argumentos melhores que esse Gabriel — Digo abrindo a porta do banco do passageiro e logo tomo um tremendo susto. Ninguém mais ninguém menos que o Luiz estava sentando naquele que costumava ser o meu lugar.

   — Oi Pedrinho —. Ele disse da maneira mais cínica e odiosa que eu podia imaginar.

  — Oi —. Respondi apenas por Educação e para não levantar suspeita no Gabriel.

  — Pode se sentar lá atrás maninho? —. Gabriel perguntou. Respondi com a cabeça como eu sempre fazia. E depois fui para o banco de trás com o máximo de paciência que tinha. Quando eu pensava que teria um dia de paz, vem esse capeta me infernizar mais uma vez. E o pior de tudo era que ele parece estar ainda mais bonito.

  — Acredita que o João quer cortar o cabelo dele? —.

  — Cortar? Pra quê? Está bem legal assim —. Ele disse. Eu lembro dele falando que meu cabelo era bonito, depois que ele o puxou durante toda uma transa.

  — Viu João? Outra opinião, acho melhor você não cortar —.

  — Foi só uma ideia Gabriel, ainda não decidi —.

  — Já ficou bravo de novo? —. Ele sorriu de maneira bem imbecil.

  Chagando no apartamento do meu irmão, entro e vou direto para o seu quarto. Tento me manter o mais longe possível do Luiz. Mas como eu disse ele me perseguia. Não demorou dez minutos e ele entrou no quarto do meu irmão.

  — Está fugindo de mim? —.

  — Pensei que seu único neurônio fosse demorar menos tempo para saber disso —. Respondo e continuo a olhar meu telefone.

  — Para com isso Pedrinho, eu sei que você não é assim? O que está acontecendo? —.

  — Sai daqui, meu irmão pode entrar a qualquer momento —.

  — Ele foi ao supermercado —.

  — Você planejou isso não foi? Você se aproveitou que eu viria aqui —.

  — Na verdade, foi seu irmão quem me convidou —.

  — Se pensa que vou pra cama com você mais uma vez está muito enganado —.

  — Eu não quero ir para cama com você,  quer dizer, eu quero, mas não com você desse jeito, soltando espinhos. Eu gosto daquele garoto que eu conheci jogando videogame, pulando pela casa feliz, aquele garoto educado e doce —.

 
  — Aquele garoto?! Você acabou comigo, eu não quero mais nem ficar perto de você seu imbecil —.

  — Eu penso em você sabia? O dia todo, todos os dias, eu sinto falta de você —.

  — Sente falta de se divertir comigo? Como era mesmo que você dizia Luiz? Você não corria atrás de ninguém, e sim todo mundo corria atrás de ti. Acho que não é bem isso no final das contas, afinal era você quem estava me vigiando, não era? E olha só você bem aqui, correndo atrás de mim mais uma vez —.

  — Eu não ligo para o que eu disse, deixa isso para lá garoto, eu sei que você gosta de mim —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

 

 

 

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