Capítulo XXVIII

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                               (João)

   Estávamos a mesa jantando, na mais profunda paz e tranquilidade, confesso que eu gostava quando estávamos apenas em três, pois a Ana deixava um clima pesada na mesa. Sem falar que ela amava ficar implicando comigo, houve uma vez que ela implicou tanto que o Gabriel jogou um copo de água na cara dela. E mandou ela calar a boca. Nem foi preciso dizer o quão surtada ela ficou.

   — João conta a novidade pro seu pai! —. Minha mãe falou, eu quase engasguei, fiquei olhando para ela, acho que deixei passar que eu estava um pouco nervoso em contar aquilo.

   — Contar o que meu filho? —. Olhei para minha mãe, ela estava sorrindo, até que ela acenou com uma cabeça, dando a entender que ela mesmo contaria o que aconteceu.

   — Um garoto da escola do João o convidou para sair —. Foi possível ver o sorriso do meu pai se desfazendo lentamente.

  — Como é? — Ele falou me olhando com uma cara feia — E quem é esse moleque João eu posso saber? —.

  — Ele estuda na minha escola pai, ele é legal —.

   — Eu lá quero saber se ele é legal, quem são os pais desse garoto? —.

  — Eu não sei pai, só nos falamos duas vezes —.

  — E você quer sair com esse moleque sem nem saber quem é ele? Não, não. É o seguinte, diga a esse fedelho, se ele quiser sair com você, ele vai ter que vir aqui pessoalmente e me pedir. Bem capaz de eu deixar meu filho sair por aí com um garoto que eu nem conheço. E se ele for algum doido ou pervertido? —.

   — Não exagera, eles estudam juntos —.

   — Eu não quero saber, é outra coisa João, você deveria estar estudando e não atrás de namoro —.

   — Mas pai, eu não estou atrás de namoro, só estou conversando com u garoto, nada demais, a Ana desde cedo começou a namorar, bem mais nova do que eu, e o senhor sempre permitiu —.

  — É diferente. Meu filho, estou fazendo isso pelo seu bem, eu não sou seu inimigo, alguma vez eu lhe fiz mal? —.

  — Não pai —. Falei e abaixei a cabeça.

  — O que eu mais quero é morrer sabendo que você está bem. Você é muito ingênuo ainda, muito criança, precisa ainda aprender tanta coisa —.

   — Pai eu tenho dezoito anos, não sou mais uma criança —.

   — João Pedro, não importa quantos anos você tem, eu não vou ser um pai desleixado —.

   E foi assim, ele não cedeu, eu fiquei com um pouco de raiva, porque a Ana podia fazer tudo com quinze anos, mas eu com dezoito, não posso sair com um garoto da minha escola. Eu nem sabia como iria contar isso ao Victor, ele com certeza me acharia um otário, por viver como uma criança debaixo das asas dos meus pais.

                                  ●●●

   Quando cheguei na escola no dia seguinte, procurei pelo Victor, ele estava no mesmo lugar, antes da aula começar, ele chegava um pouco cedo.

  — Posso falar com você? —. Questionei.

  — Pode sim claro — Ele percebeu minha expressão e logo perguntou — O que foi? Ah já sei, não quer mais sair comigo, tudo bem, pode me falar, eu não vou ficar magoado —.

  — Não é isso, é o seguinte, eu falei com meu pai, e ele me disse que só deixaria que saíssemos juntos, se você fosse primeiro em nossa casa para que ele pudesse te conhecer. Eu sei é bem constrangedor, pode não ir, não vou ficar magoado, eu entendo. Deve estar me achando um otário, não é? —. Ele deu um sorriso, logo em seguida suspirou.

  — Claro que não. Tudo bem por mim, só marquem o dia e me falem, adorarei conhecer seus pais —. Ele falou. Logo em seguida se levantou e me deu um bom abraço. Meio que inesperado, fiquei estático por um tempo, mas depois fechei os olhos e repousei minha cabeça sobre seu peito. Ele tinha um cheiro muito bom.

   — Desculpa, eu nem sequer perguntei se podia te abraçar —. Ele se afastou, e ficou todo atrapalhado.

  — Não precisa se desculpar, eu gostei do seu abraço —. Falei. Eu gostava da maneira como ele era doce comigo, e todo atrapalhado eu achava fofo. Era bem diferente do Luiz que apenas me tratava como sua propriedade sexual.

   — Não precisa falar isso só pra não fazer eu me sentir mal —

   — Eu não estou falando isso só por isso, falei porque gostei do seu abraço —. Ele sorriu e então me abraçou novamente.

                                 ●●●

   — Sabe, eu estava pensando que poderíamos ir em um festival que vai ter —.

  — Eu nunca fui em um festival —.

  — Bom é só uma ideia, você tem que gostar também —.

   — Pode ser, por mim tudo bem —.

   — Você vai gostar, vai tocar umas bandas bem legais, e sempre tem uma atração surpresa —. Eu gostava de ver o Victor falando dos seus gostos, era tão irônico como uma pessoa grande como ele, malhado conseguia ser tão doce e meigo. Mas ainda assim tinha aquele jeito de machão.
   Eu estava esperando meu pai chegar, ele disse que viria me buscar no colégio, não sei bem porque, mas não quis discutir, fiquei esperando na frente do colégio sentando em um banco com o Victor.
   — Se quiser posso te dar carona, eu cima de carro —.
   — Meu pai vem me buscar e ele é um pouco chato, mas agradeço —.
 
   — Acho que me dei mal em querer sair com o filho preferido —. Disse fazendo graça.
   — Quem me dera ser o filho preferido, o tanto que meu pai pega no meu pé —.
 
   — Qual é o seu carro? —. Questionei.
  — É aquele ali do lado daquele carro prata, quando ele apontou eu tive uma surpresa, eu reconhecia aquele carro, parecia o carro do Luiz, e não apenas parecia era o carro dele. Pois quando fiquei olhando para aquele carro, ele partiu olhei a placa e tive certeza. Que raios ele estava fazendo ali? Questionei a mim mesmo.

   — O que foi? —.

   — Nada, só achei aquele carro legal —.
 
   — Ele é vem legal mesmo —. Disse. Mesmo sabendo que seu carro era bem melhor que aquele.

   — Nossa, seu carro é bem legal hein —. Digo tentando mudar de assunto. Mas eu tive uma certeza, ele sabia que eu estava afim de alguém, e bem provável que o Gabriel tenha falado.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

  

 

 
  

O Dono do Meu Corpo [+18]Where stories live. Discover now